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Scot Consultoria

Milho - junho


Terça-feira, 17 de julho de 2012 - 10h00

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) é parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (DEAS) da Esalq/USP.


Os preços externos do milho subiram com força em junho, impulsionados por preocupações sobre clima nos Estados Unidos. Com isso, as cotações nos portos brasileiros também tiveram forte alta, ampliando as diferenças frente aos valores no interior do país.

Na Bolsa de Chicago (CME/CBOT), o contrato jul/12 subiu fortes 21,1%, passando para US$6,7250/bushel (US$264,75/t) no dia 29. O vencimento set/12 reagiu expressivos 19,6%, indo para US$6,2850/bushel (US$247,43/t) no último dia do mês. A estiagem em boa parte das áreas de produção de milho e soja nos Estados Unidos foi o principal foco de preocupação de agentes quanto ao desenvolvimento das culturas.

Esse cenário fez com que os preços do milho posto armazéns no porto de Paranaguá (PR) registrassem forte alta, de 8,7% em junho, indo para R$27,36/sc de 60 kg no dia 29. Por outro lado, a expectativa de produção recorde na segunda safra do Brasil pressionou as cotações no interior do país nos últimos meses. Na parcial do ano, por exemplo, enquanto os preços médios de cerca de 30 diferentes regiões do Brasil cederam quase 13%, em Paranaguá, as cotações registram certa estabilidade nesse período.

Estas oscilações distintas fizeram com que as diferenças entre os preços no porto e no interior chegassem a patamares quase históricos. Entre agosto de 2004 e março de 2012, os preços em Paranaguá foram, em média, de 1,71 real/saca de 60 kg inferiores aos observados em Campinas (SP), em termos nominais. Já em junho, os valores no porto ficaram em cerca de 3,50 reais/sc acima dos de Campinas.

Esse cenário, por sua vez, atraiu vendedores para novos negócios no porto de Paranaguá, visto que a paridade de exportação sinalizou maior remuneração que a venda no Brasil. Apesar de as vendas antecipadas para exportação já serem expressivas, ainda há grande excedente a ser negociado e a única solução parece ser realmente a venda externa, especialmente se o Brasil conseguir negociar e embarcar antes que os lotes do hemisfério norte comecem a ser disponibilizados, a partir de setembro deste ano. Apesar do ritmo lento que a colheita mostrou em junho, vendedores conseguiram negociar e levar o produto ao porto de forma rápida.

Segundo pesquisas do Cepea, os trabalhos de campo tiveram pouco avanço na segunda quinzena de junho nos estados do Sul, do Sudeste e parte do Centro-Oeste do Brasil, devido às chuvas, que atrapalharam a entrada de máquinas no campo. Assim, máquinas ficaram paradas nestas regiões, aguardando dias de sol forte para que as lavouras já prontas para colheita ficassem com a umidade adequada, para que os descontos não sejam expressivos na entrega do produto nos armazéns.

Já em Mato Grosso e em parte de Goiás, as lavouras maduras foram colhidas normalmente, por conta do clima seco e quente, o que contribuiu para melhora da liquidez, com interesse de compradores domésticos e internacionais. As lavouras nestes estados continuam mostrando qualidade extremamente boa, o que deve resultar em recorde de produtividade e de produção agregada.

Apesar de em junho os trabalhos de campo terem seguido em ritmo lento, ainda estiveram acima do observado em anos anteriores. A antecipação do cultivo favoreceu esta situação. No Paraná, a colheita esteve mais adiantada no oeste do estado, seguido pelo norte. Em Mato Grosso, a colheita também seguiu adiantada frente à do ano anterior, mas a oferta ainda caminhou apenas para suprir a necessidade de abastecimento do mercado interno e de contratos de exportação. Em Mato Grosso do Sul, o clima seguiu favorável ao cereal semeado. Segundo colaboradores do Cepea, entre 10% e 15% da área de milho havia sido colhida até a última semana de junho.

Em São Paulo, de acordo com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, o estado deve colher cerca de 1,3 milhão de toneladas, contribuindo para que, no agregado, a oferta total chegue a 4,6 milhões de toneladas, com aumento de 13,5% sobre a temporada anterior. Já o consumo do estado de São Paulo deve chegar a 8,6 milhões de toneladas (+1,5%), contribuindo para a necessidade de compra de pouco mais de 4 milhões de toneladas (-9,9%) de milho de outros estados. Entre os setores consumidores, há expectativa de que a avicultura de postura tenha acréscimo de 5%, para 1,18 milhão de toneladas, enquanto a avicultura de corte tenha demanda estável, em 3 milhões de toneladas.

No mês de junho, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas - SP) caiu 2,2%, fechando a R$24,07/saca de 60 kg no dia 29. Se considerada a taxa de desconto NPR, também na região de Campinas, o preço médio à vista foi de R$23,55/sc de 60 kg no último dia do mês, recuo de 2,6% em junho.

Quanto à média das regiões acompanhadas pelo Cepea, houve queda de 0,1% no mercado de balcão (ao produtor) e de 0,5% no de lotes (negociação entre empresas).

Na BM&FBovespa, os contratos futuros se sustentaram no mês. O contrato jul/12 subiu 2,7%, fechando a R$24,50/sc de 60 kg no último dia do mês. O contrato set/12 teve alta de 4,3%, para a R$24,57/sc. Os vencimentos nov/12 e jan/13 também valorizaram, 4,9% e 4,3% respectivamente, fechando a R$25,30/sc e R$26,600/sc de 60 kg.


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