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Scot Consultoria

Mercado nacional – consumo de fertilizantes


Quarta-feira, 25 de abril de 2012 - 16h58

Engenheiro agrônomo formado pela ESALQ-USP 1976. Consultor - Tecfértil - Vinhedo-SP.


O primeiro trimestre do ano fechou com um volume de fertilizantes entregues 6,9% maior comparado com o ano anterior, só perdendo para as entregas realizadas no primeiro trimestre de 2008, ano que se caracterizou por um início alucinado mas, sempre é bom lembrar, terminou com um desempenho trágico.


Mato Grosso lidera as entregas por estados com 1,031 milhões de toneladas e certamente o aumento do plantio de milho de 2ª safra foi um dos fatores que contribuiu para este consumo. Nos outros estados do Sudeste e Centro-Oeste o aumento de consumo foi favorecido pelo plantio da 2ª safra de milho e adubação de cana-de-açúcar. O resultado só não foi melhor porque os estados prejudicados pela seca adquiriram menos fertilizante neste período. O consumo total do país pode ser visto no quadro a seguir conforme os dados da ANDA:


Conforme o IMEA já estima, a área plantada com soja no Mato Grosso será maior e o mesmo pode acontecer em outros estados e isso, juntamente com uma maior demanda esperada para a cultura da cana-de-açúcar apontam para um maior consumo em 2012.


Por outro lado, os preços mais altos dos fertilizantes comparados com o início de 2011 podem se constituir em um desestímulo para maiores investimentos e devem segurar o consumo em outras culturas e em algumas regiões com maiores dificuldades devido às perdas desta safra.


Também podemos esperar por uma redução do consumo de potássio na região sul por conta da baixa produção obtida este ano e com isso poder contar com maior sobra do nutriente no solo.



Importações e mercado internacional


Embora os preços médios dos produtos desembarcados até março continuem na tendência de redução, daqui em diante o movimento esperado deve se inverter, com as aquisições já sendo efetuadas por valores maiores aos praticados anteriormente e em especial para os nitrogenados (ver ureia e sulfato de amônio-SAM no gráfico) que já acumulam uma alta significativa no mercado internacional e a tendência é nítida para o aumento dos preços.


O total de importações, com média mensal de 1,08 milhões de toneladas no período conforme dados do MDIC, ficou ligeiramente inferior ao mesmo período do ano anterior, com 1,19 milhões de toneladas mensais. As importações precisam ganhar impulso e atingir logo o volume de 1,8 milhões de toneladas mensais para garantir o suprimento do mercado e não acumular os recebimentos, ocasionando transtornos e custos nos portos.


Preços no mercado internacional


Nitrogênio


Os nitrogenados continuam em elevação de preços. Um dos principais fatores é a forte demanda para o plantio do milho nos Estados Unidos e que, por conta de uma comercialização antecipada lenta, experimentou uma aceleração muito rápida no consumo e isso é como fósforo em gasolina para os preços.


Com isso, a tendência já apontada de subida de preços se confirma e já alcançam o teto atingido em setembro/2011 como mostra o gráfico a seguir.


Quem precisa comprar fertilizante nitrogenado vai gastar a sola correndo atrás de bons preços que estão mais difíceis com certeza. Quem não precisa comprar agora é melhor esperar para ver o que vai acontecer a partir de maio ou junho quando o cenário poderá se alterar após esfriar a forte demanda verificada no mercado americano.


 Fosfatados


Os preços para o MAP tentam pegar carona na subida dos nitrogenados e certamente o período de melhores preços acabou para esta safra e a tendência é de preços maiores inclusive por conta do maior valor do câmbio que contribuirá para um aumento efetivo nos preços praticados no mercado interno. O quadro a seguir mostra a tendência de preços do mercado internacional.


Potássio


Apesar do preço indicativo de cloreto de potássio no mercado internacional permanecer estável há vários meses como mostra a tabela a seguir, a partir de agora os riscos são de alta.


Um dos fatores de definição de preços já foi superado que é o contrato com os chineses e que se concretizou igual ao final de 2011 de US$470,00 CFR. Os contratos com a Índia já estão sendo feitos no mesmo nível. Lembrando que no auge dos preços do ano anterior, quando estes preços foram acertados com China e Índia, os produtores elevaram o preço para o mercado brasileiro para US$560-580 CFR e neste momento estão de braços abertos aguardando a retomada das compras das empresas brasileiras.


Assim, não será surpresa uma retomada na elevação dos preços quando os brasileiros retornarem as compras com maior intensidade e necessidade, pois as compras até o momento são menores que no ano anterior. Para o consumidor ainda deve ser adicionada a agravante do câmbio e por isso, a temporada de bons preços também acabou!


Relações de troca


Apesar do ganho no valor da soja no último mês, esta vantagem está sendo anulada pelo aumento dos preços dos fertilizantes e a tendência é ter uma piora daqui por diante, pois é mais evidente o aumento dos preços dos fertilizantes do que aumentos maiores para a soja que já atingiu valores em Chicago acima de US$14 por bushel. A relação de troca com os fosfatados se mantém acima dos anos anteriores, sendo menor apenas do "enlouquecido" 2008 e que se propagou até o início de 2009.


Para o cloreto de potássio a relação de troca tem piorado desde 2011 e apesar de estar melhor que em 2010 a tendência daqui em diante deve ser de uma piora na capacidade de compra e que, somente poderá ser salva se aumentos significativos para a soja ainda forem obtidos.


No mercado disponível de fertilizantes, a relação de trocas se manteve graças ao aumento significativo dos preços da oleaginosa. Isso também já demonstra que houve uma transferência dos ganhos obtidos pelo produto agrícola para os preços dos fertilizantes.



Este quadro até favorável para a soja não é o mesmo de outras culturas cujos preços estão até caindo, como o café. Com os fertilizantes alavancados pelo cenário internacional de soja e milho, as outras culturas deverão apresentar maiores perdas nas relações de troca e isso vai dificultar as negociações de compra.


O momento, portanto, é da soja e encontra-se favorável para a compra de fertilizante e isso já permitiu a formação de uma grande carteira de pedidos e que conforme especulações obtidas no mercado deve ultrapassar 6 milhões de toneladas.


Destaque final


O destaque é para a entrada da AGRIUM no mercado brasileiro efetuando a aquisição da Utilfértil de Itapetininga-SP. Esperamos que a retomada do ritmo de produção da unidade contribua para uma competição maior entre as empresas.



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