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Scot Consultoria

Um bom ano, mas não para todos


Sexta-feira, 25 de janeiro de 2008 - 18h04

Engenheiro Agrônomo


Estudo da Scot Consultoria, divulgado em 17 de janeiro, informa que a atividade agropecuária que mais gerou renda, dentre as analisadas no estudo, foi a produção de leite com alta tecnologia – produtividade acima de 25 mil litros por hectare por ano. Com um lucro operacional estimado em R$3,8 mil/ha/ano, a rentabilidade do ano sobre o patrimônio investido foi de 11,9%. Nas estimativas de resultados, a empresa selecionada para o estudo possui 65 hectares para produção leiteira. Nela, aplicou-se índices técnicos e zootécnicos obtidos em empresas analisadas ao longo dos anos, calculando assim os resultados econômicos. Atualizando os preços, calculou-se os resultados da empresa conduzida com baixa tecnologia e com alta tecnologia. Na tabela 1 há um sumário técnico e econômico dos dois casos. NEM TODOS Durante 2007, em diversas ocasiões, especialistas lembravam que os bons preços poderiam “mascarar” ineficiências técnicas. Com preços tão elevados, argumentava-se: - Quem poderia ir mal? Apesar disso, as empresas de baixa tecnologia trabalharam com resultados negativos. Perderam, mais uma vez, parte do patrimônio. Quando não há um controle detalhado de custos é difícil de se perceber na prática, mas o fato é que muitos produtores de leite continuaram empobrecendo em 2007, o que já vinha acontecendo em 2006 e em anos anteriores. Sem um gerenciamento de custos, os preços do leite de 2007 podem ter enganado muita gente. O valor médio nacional foi R$0,155/litro superior ao de 2006, o que equivale a um aumento de 31%. CUSTOS DE PRODUÇÃO Os preços subiram, mas os custos de produção também. Em 2007, os custos para se produzir um litro de leite aumentaram 18%, quando comparados à média de 2006. Em fazendas de baixa tecnologia, que possuem uma composição de custos diferente das de alta tecnologia, os custos podem ter aumentado entre 25% e 30%, dependendo da região e do gerenciamento da dieta. Os custos variáveis diretos, indiretos e despesas, que são os desembolsos, na estimativa de empresa de baixa tecnologia, aumentaram cerca de R$0,07/litro, em relação ao estudo de 2006. Ainda assim, a sensação de lucro do produtor pode atingir R$0,09/litro, dependendo do preço recebido. Se o produtor não contabiliza custos da mão-de-obra familiar e nem da administração, ele pode ter acreditado num lucro de R$0,19/litro, o que na prática não ocorreu. É fato que o leite pagou as contas, possibilitou melhorias, remunerou a família empregada na atividade, enfim, foi bom quando comparado há anos anteriores. Mas mesmo assim, o produtor continuou no prejuízo. O dinheiro recebido não foi suficiente para substituir os bens de produção que precisavam ser substituídos. Para isso, o produtor teve que “entrar” nas economias da família. Na tabela 1 a diferença fica clara. As ineficiências técnicas, em função da baixa produtividade, provocam o aumento das despesas e custos variáveis diretos e indiretos por litro de leite produzido. A inadequação no uso dos insumos e novamente a baixa produtividade também aumentam os custos fixos. Observe que na produção com baixa tecnologia, os custos fixos são o dobro dos com alta tecnologia. Dificilmente o produtor que não realiza esse controle consegue enxergar esses custos. APLICANDO TECNOLOGIA Embora o exemplo considere produção a pasto irrigado nos períodos favoráveis, e em confinamento durante a seca, esse sistema não é necessariamente o único que proporciona resultados satisfatórios. Qualquer sistema de produção, desde que bem administrado e que permita produções elevadas por área, tende a gerar resultados semelhantes. A adequação de cada sistema de produção depende da realidade do produtor, região, aptidão e, principalmente, da escala de produção. Um exemplo! Não é qualquer volume de produção diária que aceita investimentos em sala de ordenha, free stall, etc. O produtor precisa dimensionar os investimentos, caso contrário, o resultado será catastrófico. Enfim, aplicando tecnologia os resultados econômicos da produção leiteira em 2007 foram excelentes. No entanto, para melhorar tecnologicamente, o produtor precisa investir. E investimento, após períodos de crises, não é fácil de se concretizar. INVESTIMENTOS DEMANDADOS Outro indicador, que mostra a maior dificuldade do produtor de baixa tecnologia, é o total de capital investido por litro de leite que produz ao dia. Observe na figura 1 as comparações, considerando e não considerando o valor da terra, entre o total investido por litro produzido. Por isso, o custo de capital do produtor de baixa tecnologia é bem mais caro fazendo com que o custo econômico de produção atinja os R$0,89/litro. Na produção de alta tecnologia, o capital investido é bem superior para empresas de mesma área, mas o volume de produção dilui o total por litro de leite. Na figura 2 está exposto o total que deve ser investido por litro de leite que se deseja aumentar na produção. Observe que, em baixa tecnologia, o produtor tem que investir quase R$500,00 para cada litro de aumento de produção, enquanto em alta tecnologia, são necessários R$190,00/litro. Sob qualquer ponto de vista as condições favorecem a produção tecnificada. Como não é fácil levantar capital para investimento, os produtores devem planejar, estabelecer metas e conduzir o projeto ao longo do tempo. Devem aproveitar oportunidades, como possibilidades de arrendamento de parte da área, e evitar investimentos desnecessários. Uma atividade de margem curtíssima não permite erros no uso do capital. Não é de hoje que se prega a necessidade de se agregar tecnologia. Alguns acreditaram e a implementaram ao longo dos anos, gradativamente. Outros simplesmente acharam que fosse impossível. Duvidar das possibilidades é um dos erros gerenciais graves. Daí o axioma: “O Sol existe para todos, mas a sombra é só para quem planta.”
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