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Scot Consultoria

Quanto vale um touro com foco na produtividade de um rebanho comercial?


Terça-feira, 5 de maio de 2009 - 17h46

Zootecnista, doutor pela Fzea/USP e colaborador da Scot Consultoria.


É fato que nenhum pecuarista deve investir na seleção do rebanho se não esperar algum benefício econômico a partir deste investimento. Esse retorno, tendo em vista a produtividade do rebanho comercial, pode ser obtido pela expectativa de maior retorno proporcionado quando da venda dos animais do rebanho comercial, bem como na economia dos custos de produção. As características de habilidade de permanência e eficiência alimentar são bons exemplos de características melhor associadas aos custos de produção, enquanto as características de ganho de peso, precocidade sexual, rendimento e qualidade de carne estão mais relacionadas às receitas. O importante é destacar que o melhoramento genético animal é uma ferramenta que contribui não apenas para o aumento de receitas, mas também para a diminuição dos custos em conseqüência da maior eficiência produtiva do rebanho. O animal melhorado tem maior potencial de ganho de peso, velocidade de terminação, fertilidade, ou mesmo maior rendimento de carcaça, entre outras qualidades. São inúmeras as características passíveis de seleção e que impactam positivamente na produtividade do rebanho. Claro, devemos avaliar o potencial de ganho genético a ser proporcionado para cada característica conforme seus parâmetros genéticos e o valor genético do animal utilizado como reprodutor, conforme temos discutido ao longo dos artigos deste Painel. O importe é lembrar que tudo deve ser avaliado de acordo com a ênfase de seleção, conforme os objetivos propostos pelo pecuarista que decide por investir no melhoramento genético animal. Um pecuarista pode, por exemplo, direcionar seus esforços de seleção para melhorar a fertilidade média das matrizes, enquanto outros têm por objetivo privilegiar o potencial de ganho de peso do rebanho. Tudo depende do segmento do mercado em que o pecuarista atua, o nível médio atual de produtividade do rebanho a ser melhorado e do cenário de custos e preços relacionados a cada propriedade. Ou seja, a ênfase de seleção é conseqüência de uma análise que deve considerar as circunstancias de produção de cada sistema de produção em particular. O motivador de toda essa conversa é que os ganhos de produtividade podem ser pré-ditos. Os avanços do melhoramento genético animal, tanto por meio das DEPs (Diferença Esperada na Progênie) como por meio dos marcadores moleculares, fornecem ao pecuarista dados que permitem estimar o desempenho esperado do rebanho a partir do uso de animais geneticamente superiores. O desafio do melhoramento genético animal é incorporar novas características sob seleção e progressivamente aumentar a acurácia das estimativas de predição. Um segundo desafio é aliar a predição do mérito genético do animal com o valor econômico de cada característica para o qual o animal está sendo avaliado. Avaliando o potencial genético e o lucro esperado a partir da seleção para cada unidade das características é possível estimar o lucro a ser proporcionado pelo uso de um dado animal e, principalmente, o quanto ele provavelmente vale no mercado. Lembrando que estamos focando o mercado comercial. Os preços dos animais de elite envolvem outro segmento de mercado e cenário de receitas, uma vez que, dentre outros fatores, a disseminação desta genética não é realizada a campo. Com isso, vamos ao exemplo empírico considerando um reprodutor avaliado para as características de peso a desmama e peso ao sobreano. Neste caso, estamos, por simplicidade, desconsiderando as características de precocidade sexual e habilidade de permanência, rendimento e peso de carcaça, bem como características de qualidade de carne, temperamento etc., que igualmente apresentam valor econômico. Nesse caso, estamos considerando um animal melhorador a ser utilizado em regime de monta natural. Iremos, para efeito de análise, desconsiderar seu potencial como reprodutor em coleta de sêmen, conforme exemplo proposta na tabela 1. Pelo exemplo apresentado na tabela1 , podemos dizer que o animal avaliado apenas para as características de peso a desmama e peso ao sobreano apresenta um valor adicional de mercado. Esse valor varia conforme seu potencial genético (expresso por meio das DEPs), as características a serem inclusas no objetivo de seleção do pecuarista (comprador) e o respectivo valor econômico de cada característica sob seleção. É uma matemática que ganha complexidade à medida que incluímos outras características no objetivo de seleção, como fertilidade, rendimento de carcaça etc. O fato é que buscar aliar a análise econômica às análises genéticas é decisivo para a estratégia de investimento no melhoramento genético animal.
Ivan B. Formigoni é zootecnista, doutor pela Fzea/USP e colaborador da Scot Consultoria.
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