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Scot Consultoria

Insensatez


por Otaliz

Quarta-feira, 28 de janeiro de 2009 - 12h07

É médico veterinário e instrutor do Senar – RS.


É, decididamente o ano 2009 chegou carrancudo, com cara de poucos amigos e trazendo na bagagem notícias trágicas e perspectivas sombrias. Terminamos o ano anterior mergulhados em tragédias climáticas que se abateram em Santa Catarina e depois em outros Estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Quanta destruição e sofrimento! Excesso de chuvas, deslizamento de morros, destruição de casas, enchentes e centenas de mortes. Enquanto isso, o Rio Grande do Sul, vizinho próximo de Santa Catarina, amarga uma estiagem que já dura meses. Neste momento temos 72 municípios em situação de emergência por falta de chuvas, 80% da lavoura de milho foi seriamente comprometida, com imensos prejuízos aos agricultores, e a lavoura de soja ainda no campo apresenta sinais evidentes de deficiência hídrica. Estranho, dois fenômenos climáticos opostos ocorrendo no mesmo período e praticamente na mesma região! Seria isto um simples capricho da natureza? Claro que não. Concomitantemente, os EUA mergulham numa profunda crise econômica. Depois de passar alguns anos ignorando os mais lógicos conceitos da ciência econômica e vivendo uma espécie de economia virtual, a bolha estourou e the americam way of life literalmente “foi pro saco”. A questão é que este problema não se restringe apenas aos norte-americanos. Numa espécie de efeito dominó, a crise se espalhou pelo mundo provocando recessão econômica em um grande número de países. Conseqüências: falências e desemprego. O Brasil não ficou imune. A crise está retratada nas demissões em massa. Milhares de trabalhadores iniciam o ano desempregados. Obviamente que o agronegócio brasileiro também sofreu um forte impacto, que prejudicou de forma acentuada o nosso desempenho no mercado de commodities. Essa crise econômica seria conseqüência de turbulências imprevisíveis que eventualmente afetam a dinâmica da economia mundial? Claro que não. Os dois fenômenos têm nas suas origens a insensatez, a irresponsabilidade social e o desrespeito à natureza e à humanidade, particularmente com as gerações futuras. O desmatamento desmesurado, irresponsável e impune da floresta amazônica, da mata atlântica e de outras florestas naturais, aliado à poluição e assoreamento dos rios e ao crescente aquecimento global são as causas primárias desses fenômenos climáticos. É lamentável que a mídia eletrônica dê ênfase especial às conseqüências das tragédias e omita o debate e o esclarecimento correto das verdadeiras causas. Tudo isso sob o olhar complacente das nossas autoridades políticas que deveriam voltar-se com mais atenção e responsabilidade para as questões de preservação do meio ambiente. Quanto à crise econômica, as causas também são semelhantes. Irresponsabilidade de autoridades, ganância e descaso com os reais interesses da comunidade mundial. Sim, o mundo está globalizado, para o bem e para o mal. Interessante... nenhum dos nossos “competentes” analistas econômicos que diariamente, via mídia eletrônica, nos enchem de explicações e conselhos foi capaz de prever a recessão econômica mundial. Mas, tudo bem. Iniciou uma nova novela das oito (que começa às nove horas) e mais uma edição do Big Brother Brasil. Pelo menos teremos mais ou menos 3 horas diárias de anestesia mental. Ou seria anestesia global? Ahhh... e em poucos dias teremos o carnaval. Poderemos cantar, pular, sorrir, beber e festejar. Festejar o quê?!. Não sei.
Otaliz de Vargas Montardo é médico veterinário e instrutor do Senar – RS
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