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Scot Consultoria

Uso de inoculante em silagem de capim


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Quarta-feira, 30 de julho de 2008 - 15h30


A intensificação do sistema de produção de bovinos leiteiros tornou-se uma necessidade para os produtores que buscam permanecer na atividade. Tal medida tem proporcionado boa rentabilidade e competitividade para o setor, alcançando em alguns casos rentabilidades superiores a sistemas de produção agrícolas intensivos. O sistema de exploração extensiva, de baixo nível tecnológico, e a alimentação exclusivamente a pasto têm sido apontados como os principais responsáveis pela baixa produtividade do rebanho leiteiro brasileiro. A UTILIZAÇÃO DA FORRAGEM A sazonalidade da produção de forragem, caracterizada pela alta produção de massa de forragem e por desempenho animal razoável no período chuvoso, são contrapostos por um período frio e seco, em que a deficiência alimentar decorrente da menor disponibilidade e qualidade da forragem resulta em baixos índices produtivos e diminuição da eficiência de produção. A utilização de forragem conservada, principalmente na forma de silagem, durante o período da seca, seria uma alternativa viável para os sistemas de exploração de bovinos leiteiros que trabalham com altas taxas de lotação em sistema de produção a pasto. A ensilagem de capim tem sido uma prática bastante utilizada, devido à principal vantagem de apresentar alta produtividade por área, podendo atingir uma produção anual de 30 a 60 toneladas de matéria verde por hectare. As principais desvantagens da ensilagem de gramíneas tropicais seriam o seu alto teor de umidade, podendo provocar perdas consideráveis de nutrientes na forma de efluentes, além do alto poder tampão e do baixo teor de carboidratos solúveis, dificultando o processo adequado de fermentação. Neste sentido, fica evidente a necessidade de utilização de aditivos que promovam uma melhor qualidade do processo fermentativo. ADITIVOS Entre os aditivos destacam-se aqueles que promovem redução da umidade da massa ensilada (polpa cítrica peletizada, farelo de trigo, fubá de milho, entre outros) e também os aditivos bacterianos, que possuem em sua formulação bactérias que promovem melhor qualidade e rapidez no processo fermentativo, diminuindo, inclusive, as perdas de matéria seca da massa ensilada. Vale ressaltar, no entanto, que antes de serem analisadas as vantagens da utilização de inoculantes bacterianos, outros fatores do processo de ensilagem devem estar devidamente adequados, como: manejo de colheita, idade e maturidade do capim, regulagem do maquinário, tempo de enchimento do silo, tamanho de partícula, taxa de compactação, forma de enchimento do silo, desensilagem, entre outros. Após a “checagem” do processo de ensilagem, o uso de inoculantes bacterianos seria uma alternativa para otimizar o processo de fermentação do material ensilado, sendo que, caso algum dos processos de manejo da ensilagem apresente falhas ou seja negligenciado, o uso de inoculante não vai proporcionar os resultados esperados. De maneira geral, a utilização deste tipo de aditivo apresenta-se como uma ferramenta complementar, de forma a melhorar e garantir a qualidade do material, e não corretivo da falta de critérios técnicos no processo. O principal objetivo do processo de ensilagem é propiciar a fermentação lática, tornando o ambiente dentro do silo anaeróbico, ou seja, sem a presença de oxigênio. Para tanto, é necessário promover durante o processo de ensilagem uma compactação adequada. O teor de umidade do material que será ensilado está diretamente relacionado à facilidade de compactação. Sendo assim, quanto maior for o teor de umidade do material, melhor será a compactação. No entanto, o excesso de umidade, ocasionará maior produção de efluentes, ocorrendo perdas de nutrientes e dificultando o abaixamento do pH, além do risco de ocorrência de fermentações indesejáveis. Outro fator limitante seria a menor quantidade de carboidratos solúveis presentes nas gramíneas tropicais, que são de extrema importância para a produção e multiplicação de bactérias desejáveis (Lactobacillus), produtoras de ácido lático, responsável pela estabilização do pH do silo e inibição de microorganismos indesejáveis. A utilização de inoculantes bacterianos irá fornecer cepas de bactérias homofermentativas acidoláticas (Lactobacillus plantarum, Pediococcus, Enterococcus), cuja finalidade é estimular rapidamente a fermentação lática, reduzindo o pH do silo, diminuindo a ação de bactérias indesejáveis e promovendo a desnaturação de enzimas proteolíticas (formadoras de N-amoniacal), favorecendo a aceleração da estabilidade do silo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Resultados de pesquisas ainda são bastante contraditórios quanto ao uso de inoculantes bacterianos, pois em muitos casos pode-se observar visualmente uma silagem de melhor coloração, no entanto quando se avalia a resposta do animal quanto ao consumo de silagem, produção de leite ou conversão alimentar, muitas vezes os resultados não são atingidos, o que pode inviabilizar o uso desta tecnologia. Por outro lado, o uso de inoculante pode proporcionar menores perdas de matéria seca no processo de ensilagem, porém estes resultados são de difícil mensuração na prática. Desta forma, são necessárias novas pesquisas, no sentido de identificar e difundir cepas bacterianas que apresentem melhores respostas econômicas. Por fim, é importante lembrar que o uso de inoculantes bacterianos não irá substituir nenhuma das práticas tradicionalmente recomendadas ao bom manejo da ensilagem.
rogério m. coan é zootecnista - doutor em produção animal - diretor da coan consultoria e coordenador da divisão técnica da scot consultoria
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