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Utilização de ionóforos na produção de bovinos em confinamento


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Quinta-feira, 18 de maio de 2006 - 18h40


  • São considerados aditivos os ingredientes fornecidos na dieta dos bovinos, mas que não têm natureza nutritiva (energética, protéica ou que não sejam fontes de minerais e vitaminas). Os aditivos são usados para melhorar a eficiência dos alimentos, estimular o crescimento, engorda ou beneficiar, de alguma forma, a saúde e o metabolismo dos animais, principalmente em condições onde o desempenho dos animais é mais exigido, como é o caso do confinamento. Os aditivos a serem discutidos no presente artigo referem-se basicamente aos ionóforos.
  • Os ionóforos são antibióticos que, seletivamente, deprimem ou inibem o crescimento de algumas espécies de microrganismos do rúmen. Eles são produzidos por diversas linhagens de bactérias e foram inicialmente utilizados como coccidiostáticos para aves, mas, a partir da década de 1970, começaram a ser utilizados na dieta de ruminantes, com resultados bastante satisfatórios.
  • Os principais ionóforos comercializados no Brasil são a Monensina Sódica e a Lasalocida Sódica, embora uma séria de outros aditivos, como a Salinomicina, Virginiamicina, entre outros, possam ser utilizados com o mesmo propósito. A Monensina é distribuído comercialmente com o nome de Rumensin (10% de Monensina Sódica) e é produzida por uma cepa de Streptomyces cinnamonensis. Já a Lasalocida Sódica é produzida por uma cepa de Streptomyces lasaliensis.
  • Os ionóforos Monensina e a Lasalocida podem ser utilizados em suplementos protéico-energéticos, em rações concentradas, misturas minerais e, principalmente, em dietas de confinamento. De maneira geral, observa-se na literatura nacional e internacional uma série de trabalhos de pesquisa que comprovaram os benefícios na utilização dos ionóforos na produção de bovinos de corte, com melhoria no desempenho, conversão alimentar, prevenção de laminite e acidose metabólica, entre outros. RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS
  • Quanto às dosagens recomendadas para utilização da Monensina, estas se situam entre 50 mg a 100 mg do principio ativo/cabeça/dia (0,5 g a 1,0 do produto comercial/animal/dia), nos primeiros cinco ou sete dias (fase de adaptação), passando, a seguir, a fornecer até 400 mg/cabeça/dia (4,0 gramas do produto comercial/animal/dia), dependendo da categoria e do sistema de produção nos quais os animais estarão sendo explorados.
  • A Lasalocida Sódica é comercializada no Brasil com o nome de Taurotec (15% de Lasalocida Sódica) e, nos Estados Unidos, esse produto é comercializado pelo nome de Bovitec. A Lasalocida é utilizada na dosagem inicial recomendada de 50 mg a 100mg do principio ativo/animal/dia (0,33 g a 0,66 gramas do produto comercial/animal/dia) na primeira semana, chegando-se a 300 mg/cabeça/dia (2,0 gramas do produto comercial/animal/dia) após o período de adaptação dos animais. BENEFÍCIOS
  • Muitos trabalhos de pesquisa têm demonstrado que os ionóforos atuam selecionando determinadas cepas de bactérias, podendo levar a mudanças no processo de fermentação ruminal.
  • As diferenças entre bactérias gram-positivas e gram-negativas, quanto à estrutura celular, estão envolvidas no processo de seleção. O envelope celular presente em bactérias gram-negativas age como uma barreira à ação dos ionóforos, tornando-as mais resistentes. Além disso, diferenças em seu complexo enzimático conferem uma maior sobrevivência, dessas bactérias, na presença dos ionóforos.
  • A alteração na população microbiana no rúmen leva à mudança no processo de fermentação ruminal, uma vez que bactérias gram-negativas têm o succinato como produto final de fermentação. Dessa forma, os ionóforos selecionam uma comunidade bacteriana que produz mais propionato e menos lactato, acetato e butirato e, indiretamente, menos metano, o que implica em menor perda energética e, consequentemente, maior aproveitamento pelo animal.
  • Reduções na desaminação ruminal também têm sido reportadas, assim como menores taxas de renovação ruminal. Em resposta às mudanças no padrão de fermentação, o fornecimento de ionóforos tem levado ao melhor desempenho e conversão alimentar dos animais destinados à produção de carne. EFEITOS
  • As ações dos ionóforos sobre o desempenho animal parecem resultar de uma série de efeitos sobre o metabolismo:
  • Os ionóforos melhoram a eficiência do metabolismo de energia, alterando os tipos de ácidos graxos voláteis produzidos no rúmen (aumento de propionato, redução de acetato e butirato) e diminuindo a energia perdida durante a fermentação do alimento. O melhor desempenho animal é resultante de maior retenção de energia durante a fermentação ruminal;
  • Os ionóforos reduzem a degradação de proteínas do alimento e podem diminuir a síntese de proteína microbiana, aumentando a quantidade de proteína de origem alimentar que chega ao intestino delgado. O mecanismo pelo quais os ionóforos inibem a degradação de proteínas ainda não está claro;
  • Os ionóforos podem reduzir a incidência de acidose (por meio de aumento no pH ruminal e inibição de bactérias produtoras de ácido lático), timpanismo e coccidiose. A redução dessas patologias melhora o desempenho animal. CONSIDERAÇÕES FINAIS
  • Diante dessa abordagem simplista, pode-se observar que os aditivos ionóforos apresentam-se como uma ferramenta nutricional que deve ser utilizada nos confinamentos, principalmente do ponto de vista da melhoria da eficiência alimentar e do status sanitário dos animais. Vale ressaltar, no entanto, que a adequação e recomendação desta tecnologia deve ser embasada em critérios técnicos e econômicos, devendo ser acompanhada por um nutricionista animal.
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