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Embrapa tenta evitar extinção de raça de boi pantaneiro


Terça-feira, 5 de outubro de 2010 - 09h26

Pesquisadores do Pantanal estão tentando salvar da extinção o tucura, uma das raças de gado mais antigas da região e mais adaptadas a ela. Atualmente, restam apenas cerca de 500 exemplares entre as quase 3 milhões de cabeças de gado da área. Um quinto das plantas do planeta corre risco de extinção, alerta estudo Localizadas duas rãs e uma salamandra que se acreditava extintas; veja fotos Também conhecido como bovino pantaneiro, tucura já foi dominante entre os rebanhos locais, mas foi deixado de lado "Muitos produtores pantaneiros começaram a achar que o tucura simbolizava a pecuária atrasada", afirma Sandra Santos, pesquisadora da Embrapa Pantanal. "Afinal, as raças importadas passaram por um intenso processo de melhoramento genético, enquanto o boi do pantanal se adaptou principalmente devido à seleção natural", diz. O tucura chegou à região há mais de 300 anos, junto com os colonizadores ibéricos. Durante esse tempo, a raça foi se adaptando ao complexo ambiente pantaneiro -que tem longos períodos de seca e de cheia. Um dos principais diferenciais do tucura é justamente este: quando outras raças já não conseguem mais pastar na vegetação inundada, ele ainda consegue resistir na região por certo tempo. Isso acontece porque suas patas e seus cascos são mais resistentes à água. Uma ajuda e tanto no Pantanal, onde fazendas podem ficar submersas por até seis meses. Apesar dessas características, o tucura parecia se encaminhar inevitavelmente para a extinção. Afinal, o porte compacto que lhe garante maior sobrevivência ante as intempéries pantaneiras é também seu maior "defeito" para os produtores: menos carne para vender. VOLTA POR CIMA Para evitar o desaparecimento da raça, que é um dos símbolos do Pantanal, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) iniciou um processo de conservação e de investigação de novos usos comerciais. Os dados finais só ficam prontos no ano que vem, mas análises preliminares mostram que a carne da raça é de muito boa qualidade. Por ter mais gordura entremeando suas fibras, a carne do tucura é bem mais macia do que a do gado da região. Isso, segundo a Embrapa, pode possibilitar cruzamentos que inserissem essa característica em outras raças. Além disso, há margem para cortes especiais e, talvez, certificados para produção sustentável no Pantanal. Seria o "bife pantaneiro". A coordenadora do projeto, Raquel Soares Juliano, diz que a resistência dos produtores já está diminuindo. Ela lembra que boa parte do sucesso do trabalho depende também deles. "Se o produtor identificar um potencial de viabilidade econômica em um dos usos do tucura, ele será um parceiro na conservação e expansão da raça", afirma. Por isso, é importante buscar novas características. Testes feitos na fazenda modelo da entidade, na sub-região de Nhecolândia, em Corumbá (MS), mostram que o tucura também tem um bom potencial leiteiro. Além disso, a maturidade sexual precoce --ao menos seis meses antes do nelore-- também seria um atrativo. Fonte: Folha de São Paulo. Por Giuliana Miranda. 4 de outubro de 2010.
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