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Scot Consultoria

Campo enfrentará dificuldade para repetir desempenho positivo em 2012


Terça-feira, 29 de novembro de 2011 - 09h30

São cada vez mais nítidos os sinais de que o campo brasileiro terá muitas dificuldades para repetir em 2012 os marcantes resultados positivos deste ano. Na 44ª reunião do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), realizada na manhã de hoje na capital paulista, representantes do setor ouviram do consultor André Pessôa, sócio-diretor da Agroconsult, que a crise financeira irradiada de países desenvolvidos, sobretudo europeus, "começa a contaminar a demanda globalmente", o que tende a tirar sustentação das commodities agrícolas no mercado internacional e, assim, pressionar as margens de lucro dos produtores. No ciclo 2010/11, as margens em culturas como soja, milho e algodão alcançaram níveis recordes no país, embalados pelo firme consumo em países emergentes como a China, quebras provocadas por adversidades climáticas no Hemisfério Norte e grande interesse de fundos de investimentos em atuar nos mercados agrícolas. Agora, lembrou Pessôa, os estoques globais de grãos estão em geral em recomposição e, em virtude de movimentos financeiros derivados da crise no mundo desenvolvido, a posição dos fundos de investimentos estão "quase no fundo do poço". Se de fato a demanda cair, com parte dela represada em virtude de uma tendência de aperto do crédito que ganha força, a conjunção negativa estará completa. Ainda que as estimativas iniciais do governo apontem para uma relativa estabilidade na colheita de verão de grãos em 2011/12, Pessôa observou que no caso do milho, por exemplo, as perspectivas são de aumento da produção. A Agroconsult projeta a colheita de milho em 65 milhões de toneladas, enquanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê entre 58,4 milhões e 59,5 milhões de toneladas, até 3,4% mais do que na temporada passada. No caso da soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro, a Agroconsult elevou seu cálculo para a produção em 2011/12 para 74,8 milhões de toneladas, o que também representaria um incremento. Conforme a Conab, a colheita da oleaginosa ficará entre 71,5 milhões e 73 milhões de toneladas, uma queda de até 5,1% sobre 2010/11. Tanto no milho quanto na soja, a diferença entre as estimativas decorre das incertezas climáticas que ainda pairam sobre o desenvolvimento das lavouras em decorrência do fenômeno La Niña. No mercado de algodão, cujos preços bateram todos os recordes de alta entre o fim do ano passado e início de 2011, Pessôa acredita que haverá problemas. Primeiro porque os preços externos já despencaram nos últimos meses e poderão cair ainda mais. E em segundo lugar porque as fibras sintéticas avançaram no mercado durante a disparada das cotações da pluma, o que pode limitar qualquer reação. Nesse caso, a soja poderá ganhar fôlego na disputa por terras com o algodão. Na safra 2010/11, em algumas regiões do país, como no oeste da Bahia, foi difícil ampliar a área plantada de soja por conta da forte expansão da cotonicultura. Apesar do cenário bem menos positivo do que nesta mesma época do ano passado, quando a safra 2010/11 estava sendo plantada, André Pessôa não acredita que as margens de lucro definharão tanto a ponto de se tornarem negativas. "Ainda será uma safra muito boa", afirmou ele. Como a posição dos fundos nos mercados agrícolas globais está mais baixa, notou, qualquer problema mais sério na oferta ou sinal de que a demanda mundial poderá surpreender positivamente tende a atrai-los de volta, oferecendo suporte extra aos preços. Em outubro, por exemplo, o saldo dos investimentos globais dos fundos em commodities em geral (inclusive não-agrícolas) voltou a ser positivo, após a debandada observada em setembro. Presente ao encontro na Fiesp, a secretária da Agricultura de São Paulo, Mônica Bergamaschi, acrescentou que o horizonte para a cana não é dos melhores na próxima safra (2012/13), pelo menos do ponto de vista da oferta do Estado, maior produtor do país, já que a recuperação dos canaviais é demorada. Diminuíram muito nos últimos dois anos os investimentos das usinas na renovação de suas lavouras, que também sofreram com clima adverso na temporada 2011/12. Em contrapartida, altas de preços de açúcar e etanol, em parte provocadas pela própria quebra no Centro-Sul do Brasil, ajudaram os resultados dos principais grupos sucroalcooleiros que atuam no país. Fonte: Valor Online. Por Luiz Henrique Mendes. 29 de novembro de 2011.
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