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Scot Consultoria

Impactos potenciais da COP26 no agro brasileiro


Quarta-feira, 27 de outubro de 2021 - 09h00

Fonte: Envato


A equipe da Scot Consultoria participou do webinar “Impactos da COP26 no agro brasileiro” realizado pelo Insper Agro Global e pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), em 20 de outubro de 2021.


Apresentação está disponível em: https://youtu.be/iHHQl1kqwFY


Resumo

A perspectiva para COP26 dos principais países das Nações Unidas são de estarem dispostos a unir esforços para avançar nas propostas do acordo de Paris e estabelecer novas metas. Apesar do Brasil já ter ganhado destaque devido à redução de desmatamento, recentemente tem sido observada uma maior taxa de desmatamento no país. A pauta principal para a conferência será o uso da terra e a agropecuária estará diretamente ligada com o tema deste ano.


Como pontos positivos podemos destacar o plano ABC+ e os sistemas de produção com plantio direto e a integração lavoura-pecuária-floresta. Entretanto, teremos um desafio devido ao aumento do desmatamento, que será cobrado pelos demais países. Caberá aos representantes apresentar o que temos de melhor no setor.


Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas

Após o adiamento em 2020 devido ao covid-19, a 26ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), será realizada na cidade de Glasgow, na Escócia, entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro de 2021. Essa conferência pretende acelerar as ações para cumprir os objetivos propostos no Acordo de Paris, assinado em 2016, em que os países se propuseram conter o aquecimento global, através da redução de emissões de gases do efeito estufa.


Na COP21, que ocorreu em 2015 em Paris, o Brasil foi destaque por apresentar a redução de 82% no desmatamento em relação a 2005. Neste mesmo ano, comprometeu-se com a redução ainda maior do desmatamento, reflorestamento, recuperação de pastagens e uso de energias renováveis.


O tema das últimas conferências se baseava especialmente no uso e na eficiência de energia e combustíveis fósseis. As edições passadas contavam com pouca participação de empresas privadas. Para este ano, a expectativa é de que haverá maior participação de empresas, como bancos e corretoras, onde o tema principal será o uso da terra, que está diretamente ligado com a agropecuária. Dessa forma, será uma pauta recorrente durante os debates, porém a questão energética e os combustíveis fósseis não ficarão de lado.


As maiores economias estão interessadas nas ações que serão necessárias para uma economia de baixo carbono. As principais discussões devem ficar em torno das metas e compromissos para energia de baixo carbono e para a regulamentação do mercado global de carbono, que poderá movimentar US$100 bilhões até 2030.


COP26 e agropecuária

A agropecuária brasileira possui uma vantagem quando comparada a outros países. Através do investimento em ciência e tecnologia, o país conseguiu desenvolver o plantio direto e a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que são exemplos para uma agricultura sustentável no mundo.


Ainda há incertezas sobre as pautas que o Brasil levará para a COP26, mas é provável que seja apresentado o plano ABC+, que incentiva a recuperação de pastagens degradadas e a intensificação da agricultura nessas áreas, além da substituição de áreas de pastagens com aptidão agrícola para agricultura e a implementação do código florestal. Essas pautas possibilitam a formação de fortes argumentos, pois melhora o uso da terra e possibilita a fixação de carbono no solo.


Para aumentar a produção no Brasil não é necessário aumentar a área através de desmatamento, mas sim aproveitar melhor as áreas que estão subutilizadas. Entretanto, por mais que o Brasil apresente uma agricultura sustentável e projetos para agricultura de baixo carbono, o desmatamento aumentou nos últimos anos, e seremos cobrados pelos demais países, visto que há um movimento global para o desmatamento zero.


O desmatamento não vai estar desconectado da agricultura. Este tema está associado com a pecuária e com a soja, por serem atividades desenvolvidas após o desmatamento. Por mais que a maioria dos produtores esteja cumprindo a legislação, todos acabam pagando a conta. Portanto, os representantes do Brasil terão a tarefa de manter o debate favorável às pautas e aos projetos que estão acontecendo.


Se o Brasil se sair bem, favorecerá o mercado internacional da agropecuária, em que os países compradores irão considerar os produtos sustentáveis. Caso contrário, poderemos perder espaço para quem está disposto a fazer o dever de casa, visto que países europeus estão dispostos a comprar produtos que não prejudicam o meio ambiente, e deverão pagar a mais por isso.


Considerações finais

Os representantes brasileiros na COP26 terão o desafio de concentrar o debate nos projetos conservacionistas que estão em andamento, e nas práticas sustentáveis já adotadas pelos fazendeiros brasileiros. Caso o Brasil obtenha um bom resultado, a expectativa é de que mercados que buscam produtos que preservem o meio ambiente sejam abertos.


Referências:


Marcos Jank, Professor Sênior de Agronegócio do INSPER;
Julia Dias Leite, Diretora-Presidente do CEBRI;
Ana Toni, Diretora-Executiva do Instituto Clima e Sociedade;
André Meloni Nassar, Presidente-Executivo da ABIOVE (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais);
Fernando Camargo, Secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação e Representante do MAPA na COP26;
Marcello Brito, Presidente da ABAG e Co-facilitador da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. 



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