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Clube da Terra

Preço de terras valorizam mais de 1.000% no sul do Piauí


Segunda-feira, 3 de dezembro de 2012 - 13h07

Com o desenvolvimento agrícola do cerrado, as terras ao sul do Piauí - uma das mais recentes fronteiras agrícolas do Brasil - valorizaram-se acima de 1.000% nos últimos quinze anos. O hectare chegou a preços entre R$ 4 mil e R$ 9 mil nos Municípios de Bom Jesus e de Uruçuí (PI), de acordo com proprietários, gaúchos e paranaenses que migraram no final dos anos 1980. 


Localizadas nessas duas cidades, as comunidades rurais de Serra do Quilombo e Nova Santa Rosa ocupam, numa mesma chapada, cerca de 170 mil hectares de área produtiva. Seus produtores lideram o avanço da soja no estado - no ano passado, a sojicultura piauiense registrou a segunda maior expansão territorial do País, de 16,7%, com 450 mil hectares plantados.


Há treze anos, Wilson Marcolin e a gaúcha Geisa Schröder, sua esposa, participaram da fundação de Nova Santa Rosa, cujas lavouras devem ultrapassar 60 mil hectares na safra atual. O produtor conta que investiu dez sacas por hectare na aquisição de terras e mais 70 ao longo dos anos, na produção do cerrado. Hoje, afirma, as mesmas valem 180 sacas por unidade - valorização de 1.700% do preço inicial.


"Tivemos a felicidade de vir onde a natureza é generosa, com chuvas bem definidas, planícies fáceis de mecanizar e um povo nativo que nos recebeu bem", disse Marcolin, explicando que o nível de produtividade cresce a cada safra, à medida que se reduz a acidez do solo. Numa propriedade de 950 hectares, dos quais 630 são destinados à soja, ele espera que cada hectare cultivado com a oleaginosa renda, nesta temporada, 55 sacas (60 quilos) ou 10% a mais do que na safra anterior.


O produtor está investindo na abertura de 500 hectares para a próxima temporada, e ele não é o único. A cerca de 250 quilômetros de Uruçuí, em Bom Jesus, o fundador da comunidade agrícola da Serra do Quilombo, o gaúcho Leivandro Fritzen também prepara meio milhar de hectares para explorar na safra 2013/2014. Enquanto isso, neste ano, cultiva 12.500 hectares de grãos.


Fritzen chegou à região em 2002, quando comprou 480 hectares, a R$ 300 cada. Desde então, ampliou a área continuamente até sua propriedade chegar à extensão atual, com valor, segundo ele, de R$ 4.000 por unidade - valorização de 1.230%. "O custo pra tornar o cerrado bruto em terra agricultável é de R$ 2.000, mais R$ 1.500 contando o gasto com as máquinas, por hectare" acrescentou à conta o agricultor. A Serra do Quilombo deve plantar 110.000 hectares na safra 2012/2013.


Sem asfalto


A falta de logística é um empecilho à consolidação do agronegócio na região sul do Piauí, principalmente em se tratando de estradas, que são de terra batida e repletas de atoleiros e trechos intransponíveis, quando chove, para os caminhões. A reportagem pôde ver o atolamento de quinze caminhões na Transcerrado, principal via de escoamento local, com mais de 300 quilômetros que perpassam os Municípios de Bom Jesus e de Uruçuí.


"Quando não atola na lama, é na poaca mesmo. Para onde vão os impostos das fazendas?", questionou um caminhoneiro na última sexta-feira, enquanto tentava retirar seu veículo, com 26 mil toneladas de sementes, de buracos que o prenderam por dez horas. Segundo os produtores, nunca houve contrapartida pública, em forma de construção ou manutenção de estradas, para os impostos gerados pela soja (por exemplo, 12% de ICMS).


"A dificuldade que temos é estrutural: a logística para tirar a produção e trazer adubo, energia elétrica e comunicação. Essa questão é o que falta para consolidarmos a nova fronteira agrícola", afirmou Marcolin ao DCI. "Sem o tapete preto, os insumos atrasam e nós perdemos o timing de plantio; caminhões tombam na estrada, como um tombou, na lama da Transcerrado, na tarde de sábado; e, às vezes, também perdemos oportunidades de negócios", disse Fritzen.


Fonte: DCI



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