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Clube da Terra

Construtora aposta na demanda por armazéns


Terça-feira, 30 de abril de 2013 - 14h58


O caos logístico enfrentado pelas empresas de agronegócios este ano para escoamento de grãos começou a gerar para as construtoras brasileiras uma oportunidade de negócio: a construção de armazéns. Nessa perspectiva, empresas que antes não atuavam neste mercado começam a fazer planos de investimento, enquanto empresas que já atuam planejam aportes, de olho no crescimento da demanda para os próximos anos. 


A perspectiva de especialistas em engenharia e construção é que seriam necessários cerca de R$ 12 bilhões em investimentos em novos armazéns para atingir 100% da produção de grãos no Brasil. "O valor destoa, e muito, dos R$ 133 bilhões anunciados pelo governo federal para investimentos em rodovias e ferrovias, o que agilizaria também a chegada dos materiais aos portos", disse José Euclides Maranhão, professor de engenharia agrônoma da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 


Atualmente, a capacidade dos armazéns brasileiros é suficiente apenas para menos de 60% da safra produzida e, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), esse número representa um déficit de 33% na quantidade de espaço de estocagem no Brasil, segundo o recomendado pela organização. "Quando não há armazéns o bastante, o agricultor é obrigado a transferir rapidamente os grãos para o caminhão em direção aos portos do Sul e Sudeste ", completou o professor, explicando que em alguns estados a capacidade dos armazéns não chega à metade da produção. 


Esse ano, o Brasil deverá bater recorde na produção e na produtividade de grãos. Segundo estimativa recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de grãos deve atingir 185 milhões de toneladas, 11,3% maior do que a registrada na safra anterior, podendo chegar a 200 milhões de toneladas em 2014. 


"Dentro desse cenário, positivo para o empresário e para o agronegócio brasileiro, se faz urgente a discussão sobre como o governo pode ajudar o empresário a construir locais adequados para armazenagem desses produtos", disse o advogado Eduardo Castanho, da Marino Associados, que trabalha com empresários do setor que estão pleiteando custeio do governo. 


De olho nesse mercado, a construtora baiana Solarium já começou a fazer pesquisas de tecnologia e infraestrutura para a construção desse tipo de empreendimento, contanto com a alta da demanda para os próximos anos. "Nós já atuamos com galpões industriais há mais de 20 anos e agora percebemos mais uma oportunidade de negócio, já que há pleitos dos agricultores de incentivo do governo federal para construção de espaços pala alocar grãos", disse Otávio Pitto, presidente da empresa, que prevê entrar nesse mercado em 2014. 


"Ainda não podemos mensurar os investimentos que serão feitos a longo prazo, até agora, investimos pouco mais de R$ 3 milhões", disse. 


Financiamento 


De acordo com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, a expectativa é que o governo crie, em breve, novas linhas de crédito para aumentar também a capacidade de armazenamento de grãos. 


Em entrevista coletiva, o secretário afirmou que ainda estão sendo discutidos pontos estratégicos para novos armazéns nos Estados de Santa Catarina, Bahia e outros estados do Nordeste. "Pretendemos incentivar a iniciativa privada com financiamentos e taxas de juros", disse ele. 


Para abocanhar uma fatia desse mercado a paranaense Lupar também estuda ampliação de seus negócios para o Nordeste. "Já pensávamos em abrir um filial no nordeste, para construção de obras voltadas para infraestrutura, através de licitações públicas, e do setor privado voltada para construção de pátios fábris, com essa nova linha de crédito pretendemos entrar agora com qualificação para construção de armazéns, área que atuamos em Santa Catarina", diz José Salomão, diretor de novos negócios do grupo. 


Segundo o executivo, a linha de financiamento por parte da União seria parecida com o incremento apresentado em países como Estados Unidos. "Hoje os armazéns estão mais concentrados nas grandes capitais, ou locais mais perto dos portos, nas fazendas e campos, ainda não há muito esse tipo de iniciativa", disse ele, explicando que muito se deve ao fato de que as linhas do governo antes incentivava mais a ampliação e capacitação de mão de obra, e aumento da plantação. 


Na opinião do professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, com a alta da quantidade de armazéns, o produtor poderá negociar melhor os preços do grãos. "Sem precisar desovar com pressa os grãos, o produtor escolherá melhor a forma de comercializar o produto", disse.


FONTE: DCI


 


 



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