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Morreu o Professor Accorsi da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Esalq-USP


Sexta-feira, 7 de abril de 2006 - 12h34

Texto retirado do endereço da Esalq na Internet: Devo a esta cidade (Piracicaba) e a esta Escola o que sou. Devo e falo isso em toda parte”. Foi com esta emoção que o professor Walter Radamés Accorsi se expressou ao se referir à cidade que o acolheu e à ESALQ, quando instigado a falar sobre sua vida. “Piracicaba me deu oportunidade de ser o que dizem que sou e a Escola complementou, então eu faço tudo por esta cidade e tudo por esta Escola”. Filho de imigrantes italianos, Walter Radamés Accorsi nasceu em 9 de outubro de 1912, em Taquaritinga. Com 15 anos de idade, em 5 de fevereiro de 1928, numa quinta-feira, como bem gostava de lembrar, mudou-se de Dobrado para Piracicaba. Três dias depois, já instalado na pensão da família Berne, veio a conhecer sua mulher, Judith Moretti Accorsi, com quem se casaria cinco anos depois. “Eu ainda tinha que fazer o curso preparatório para depois cursar a Escola Agrícola. Naquele tempo, quem tinha o ginásio entrava diretamente”, recorda. O gosto pela profissão foi herdado do pai que era produtor de café. “Ele me levava toda semana para a fazenda e um dia me disse – Você quer estudar agronomia? E eu disse que sim!”. Assim, em 1930, Accorsi ingressou na Escola Agrícola Prática de Piracicaba, onde se formou em 1933, período em que a instituição ainda pertencia à Secretaria de Agricultura do Estado. Vale lembrar que em 1931 a Escola passou a designar-se Escola superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’. “Somos a primeira Escola a fazer parte da Universidade de São Paulo, tanto assim que o diploma da minha turma, embora ainda não estivesse criada a Universidade, foi emitido pela USP”, afirmou. Enquanto estudante participou da Revolução Constitucionalista 1932, época em que todas as Escolas fecharam e grande parte da indústria, do comércio e da lavoura perdeu sua mão-de-obra para que a cidade se erguesse e formasse um batalhão piracicabano, conforme lembrou. Sua trajetória acadêmica teve início em 1934, como assistente da 3a. Cadeira de Botânica Geral e Descritiva. Em 1942 tornou-se professor catedrático, lecionando até 1982, por todo o tempo que a lei permitiu. Aposentou-se compulsoriamente em 10 de outubro de 1982, mas como o anúncio da aposentadoria foi publicado 20 dias antes no Diário Oficial, em 24 de setembro de 1982, Accorsi gostava de brincar dizendo que foi aposentado pela ‘expulsória’. Como pesquisador, sempre defendeu a fitoterapia, por reconhecer que as plantas usadas pelo povo realmente possuem funções terapêuticas. “A natureza é o laboratório natural mais perfeito que existe no planeta”, afirmou. Um bom exemplo é o ipê-roxo, planta comprovada cientificamente como muito boa no combate ao câncer. Na Bahia é conhecida como pau-d´arco. Foi de lá que o professor Accorsi recebeu a primeira partida de casca com a qual estudou sua ação terapêutica. Hoje, essa planta é encontrada no mundo inteiro. Além de ter ocupado posições de destaque, tais como diretor e vice-diretora da ESALQ, no período de 1951 a 1954, outras honras sensibilizaram o professor Accorsi em sua vida pessoal e acadêmica. Os títulos de professor emérito, conferido pela Congregação em 1982, e o de Cidadão Piracicabano, outorgado pela Câmara Municipal, através de projeto da vereadora Adeli Bacchi, em 1º de agosto em 1986. Porém, a maior gloria de sua vida ocorreu logo após sua aposentadoria, quando lhe foi oferecido o Setor de Plantas Medicinais para que pudesse continuar vinculado à Escola desenvolvendo e disseminando o seu saber. “Eu ainda fico emocionado quando me lembro dessa homenagem extraordinária. Eu sou muito emotivo” declarou entre lágrimas. A derradeira homenagem recebida em vida, pela ESALQ, ocorreu no último dia 12 de janeiro, durante a sessão solene de Colação de Grau e Formatura das classes graduadas em 2005, quando foi o Paraninfo das cinco turmas de formandos. O professor Emérito Walter Radamés Accorsi faleceu na manhã de 5 de abril, às 7h10. O corpo foi velado no Salão Nobre - Edifício Central da ESALQ. O sepultamento aconteceu no Cemitério do Parque da Ressurreição. "Deus fala ao homem através das leis que regem os fenômenos do universo. E fala ao coração do homem através do evangelho, que é a lei divina e universal que levará o homem à perfeição".
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