Encontro de Confinamento da Scot Consultoria entrevista Gustavo Aguiar

Nos dias 14 e 15 de março de 2012 acontecerá o Encontro de Confinamento da Scot Consultoria, em Ribeirão Preto-SP. Mais informações em http://www.scotconsultoria.com.br/encontroconfinamento/ Um dos palestrantes será o zootecnista Gustavo Aguiar, diretor da Scot Consultoria. Sua palestra abordará as conquistas do Brasil no mercado externo na última década, evolução dos indicadores e expectativas para os principais concorrentes e o que esperar para o futuro com base nas recentes mudanças. Para saber um pouco sobre o que será abordado na apresentação do Gustavo, leia a entrevista que ele concedeu à Pamela Alves, analista júnior da Scot Consultoria. Entrevista Gustavo Aguiar Scot Consultoria: De que forma a crise econômica poderá afetar a produção de carne dos concorrentes do Brasil? Gustavo Aguiar: Não acredito em profundas alterações no quesito produção, mas sim na própria dinâmica do mercado da carne. O ano passado foi uma prova disso, com o Brasil perdendo uma fatia do mercado russo para a carne norte-americana, por exemplo. A partir do momento em que os alguns mercados sinalizam redução de demanda, naturalmente os participantes procuram alocar seus produtos em outros. Em um cenário de instabilidade econômica, com a moeda brasileira valorizada frente ao dólar, por exemplo, temos uma situação de redução de competitividade no exterior, o que nos prejudica. Então é importante ficarmos atentos a todos os aspectos que podem alterar esta dinâmica, até mesmo abrindo oportunidades de novos mercados para nossa produção. Frente à crise, o mercado como conhecemos se transforma de maneira muito rápida. Scot Consultoria: Qual foi o impacto do clima na produção de carne dos principais concorrentes no hemisfério norte? Gustavo Aguiar: O principal impacto se deu sobre o maior produtor mundial, os Estados Unidos. A seca forçou uma maior entrada de animais no confinamento em 2011, em relação à média dos últimos anos no país, mas também prejudicou a produção de grãos. Com forte dependência do produto, o resultado final foi o aumento dos custos, que, por sinal, vem sendo um dos grandes desafios enfrentados pela pecuária norte-americana em sua história recente. O rebanho do país vem encolhendo, ano após ano nos últimos seis anos, em virtude disso. Deveremos ver alguma alteração nesse cenário em breve frente às alterações no mercado do país. O mais provável será a recomposição do rebanho frente ao aumento do preço da carne e, consequentemente, dos animais terminados, em curto ou médio prazo. Scot Consultoria: De que modo as incertezas com relação à economia mundial podem afetar os investimentos na pecuária brasileira? Já estão afetando? Em que segmentos ou setores dentro da cadeia da carne você tem observado isto? Gustavo Aguiar: Falando em estrutura de cadeia, já temos um setor varejista concentrado. O que estamos assistindo é um processo de concentração com maior força na indústria frigorífica, o que também não é exatamente recente. Mas essas alterações têm um tempo de maturação para efetivamente se estruturarem. É o que estamos acompanhando nesse momento, uma fase de adequação logística, após uma forte fase de crescimento. Certamente desafios virão. Para o futuro, pela sequência lógica, teremos maior concentração também no campo, o que deve ser um processo mais lento, mas de certa forma, inevitável. Scot Consultoria: Qual o cenário para a pecuária mundial? Gustavo Aguiar: Analisando a produção de carne bovina, do lado da oferta temos uma situação de redução ano a ano desde 2007. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), neste período, contando com a projeção para 2012, a redução anual média foi de 0,6%. Deverão ser produzidas 56,8 milhões de toneladas equivalente carcaça. Ainda segundo o USDA, o Brasil deverá ter uma participação de 16,2% neste montante. Com a produção nacional em recuperação nos últimos anos, o que deverá continuar para os próximos em razão do momento do ciclo que vivemos, certamente haverá espaço para a carne brasileira no mercado externo. Isso, pois a demanda por proteína animal, incluindo a bovina, é crescente. Em uma visão de médio e longo prazo, a produção mundial deverá aumentar frente à crescente demanda. Sobre isso não há dúvida.
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