Nos dias 14 e 15 de março de 2012 acontecerá o
Encontro de Confinamento da Scot Consultoria, em Ribeirão Preto-SP.
Mais informações em
http://www.scotconsultoria.com.br/encontroconfinamento/
Um dos palestrantes será o engenheiro agrônomo Dante Pazzanese Lanna, professor associado da ESALQ/USP. Atua na área de Nutrição, Bioquímica Nutricional, Regulação do Metabolismo Intermediário e Modelagem de Metabolismo.
Sua palestra abordará a estrutura de custos do confinamento, definição da estratégia de escolha de ingredientes, metas do nutricionista, ferramentas para a otimização de dietas e possíveis mudanças em novas tecnologias.
Para saber um pouco sobre o que será abordado na apresentação do Professor Dante, leia a entrevista que ele concedeu à Pamela Alves, analista júnior da Scot Consultoria.
Entrevista Dante Pazzanese Lanna
Scot Consultoria: Depois da alta de preços dos grãos em 2011, o confinador estará mais bem preparado em 2012 (produção de volumoso e busca de alimentação alternativa e mais barata)?
Professor Dante Pazzanese Lanna: O confinador, quando confrontado com os preços altos do grão, busca alternativas. Utilizar subprodutos mais baratos pode ser a melhor oportunidade. Mas com cuidado, pois subprodutos/resíduos podem ser de composição variável.
A alternativa de aumentar o volumoso só é interessante quando o preço do grão é muito alto. Caso contrário, ainda é melhor usar dietas de alto grão.
Essa estratégia só é possível para alguns confinadores, mas produzir parte do milho e sorgo e principalmente armazená-lo na forma de silagem de grãos é bastante interessante. Pode ser uma tendência crescente no setor.
Scot Consultoria: Do ponto de vista da disponibilidade e preços da dieta, qual estado tem maior potencial de incremento na produção pecuária?
Professor Dante Pazzanese Lanna: O Mato Grosso se mostra como um estado com melhores condições de competir pelo baixo preço do grão. A questão do Mato Grosso é um problema logístico bastante estudado, que traz oportunidades para este estado. Entretanto, há que se levar em conta a relação com o preço do boi, uma vez que o diferencial de base de Mato Grosso e Goiás, onde há grão barato, tem sido muito elevado e variável ao longo dos anos e dentro dos anos ao longo dos meses.
O estado de São Paulo (e.g. polpa de citrus) e as regiões industrializadas de vários estados têm apresentado algumas oportunidades de subprodutos interessantes.
Scot Consultoria: O que se espera para o custo total do confinamento em 2012?
Professor Dante Pazzanese Lanna: É ainda cedo para se ter certeza pois a colheita não começou ainda, há seca nos estados do Sul e ainda há possibilidade de uma quebra maior de safra. Não apenas isto, mas também não sabemos como a safrinha vai se comportar. Para piorar a capacidade da nossa bola de cristal, a questão da crise europeia está longe de ter sido equacionada.
Analisando conjuntamente, ainda temos grande incerteza quanto à disponibilidade de grãos e maior incerteza ainda quanto à demanda deste grão no mundo. Se a Europa não cair, a China continuar crescendo e se a safra e safrinha forem fracas, podemos ter custos elevadíssimos.
Por outro lado, se uma nova crise mundial acontecer e as safras forem boas, os custos podem ser muito baixos. O problema neste último cenário é que o consumo de carne no mundo deve cair.
Scot Consultoria: Recentemente, os preços das
commodities caíram diante do cenário mundial incerto. Uma possível redução dos preços dos grãos e farelos poderia levar a um maior número de animais confinados em 2012?
Professor Dante Pazzanese Lanna: Um cenário de redução dos preços das
commodities pode vir associado a uma redução do consumo e preço da carne. Portanto, estas mudanças teriam duas faces. Com certeza é um ano em que o produtor deve esperar para avaliar o seu custo e o preço que ele pode travar a venda do seu produto.
Num ano como este, com expectativa de uma possível crise mundial de enormes proporções o confinador deverá ser mais cauteloso.
Scot Consultoria: Quais são as novas tendências em nutrição de animais confinados?
Professor Dante Pazzanese Lanna: O custo da associação de ionóforos + virginiamicina, algo que se iniciou com pesquisas desenvolvidas em nosso laboratório na ESALQ deve continuar a ganhar mercado. Os resultados experimentais recentes de outros grupos confirmaram aquilo que propusemos já em 2001 e 2003.
Outra tendência serão as silagens de grãos úmidos. Esta é uma tecnologia fantástica, que associa reduções de custos e do impacto ambiental (redução do uso de óleo diesel para transporte e de outros combustíveis para secagem do grão, menores perdas no processo de conservação) com aumentos da qualidade nutricional pelo aumento da digestibilidade do amido. É realmente o que diz o ditado "mais com menos”.
Finalmente, nossos competidores como Estados Unidos, Canadá, México e África do Sul têm utilizado dois produtos muito interessantes chamados beta-agonistas que melhoram a conversão e o rendimento de carcaça. Os efeitos destas substâncias são fantásticos e elas já estão liberadas nos EUA há cerca de 10 anos (algumas moléculas mais novas foram liberadas há cerca de 5 anos). Os resultados dos beta-agonistas são impressionantes, mas infelizmente eles não estão registrados para uso no Brasil ainda.
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