Gripe das aves castiga o mercado de carne bovina

O consumo de carne de bovina está fraco. O brasileiro, tentado pelos preços baixos, migra para a carne de frango, que graças aos temores relacionados à gripe aviária enfrenta dificuldades de escoamento para o mercado externo, e cai “de balde” no mercado interno. Como reflexo tem-se que, ontem, as cotações da carne bovina com osso no atacado paulista recuaram 5,4% para o traseiro avulso, 4,8% para o dianteiro avulso, 3% para a ponta de agulha e 7,7% para a vaca casada. Ao longo do mês as retrações já alcançaram 8,6%, 12,5%, 11,1% e 7,7% respectivamente. Além da concorrência com o frango, é preciso considerar que, em final de mês, o poder de compra do consumidor, que já não é bom, fica ainda mais capenga. Sem contar a Quaresma e os embargos internacionais, que acabam por contribuir para o aumento de oferta de carne vermelha. A defasagem do equivalente físico (índice de preço da carne bovina com osso no atacado) para a cotação da arroba do boi, em São Paulo, já chegou a 18,8%. No início do mês estava em 12%. Isso significa que a margem dos frigoríficos de mercado interno, caso ainda exista, estreitou bem. É de se esperar, portanto, que as pressões baixistas no mercado físico do boi gordo se intensifiquem. Detalhe: já tem frigorífico paulista apregoando R$48,00/@, a prazo, para descontar o funrural, pelo macho castrado e rastreado. Caso realmente o mercado caia de forma maciça até esse patamar, ter-se-ia a pior cotação, com base em valores corrigidos pelo IGP-DI, dos últimos 36 anos. Pode até ser a pior da história, mas a série histórica da Scot tem início justamente em janeiro de 1970. Em síntese, seria, no mínimo, a pior cotação da nossa série. Até então, o “fundo do poço” havia ficado com janeiro deste ano, quando o preço médio fechou em R$50,60/@, com mínima de R$49,00/@. Será que esse poço tem fundo? (FTR)
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