• Quarta-feira, 24 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Mais um pouco do que foi debatido no II Fórum Zebu de Ponta a Ponta


Quarta-feira, 29 de maio de 2013 - 10h40

Confira mais um pouco do que foi debatido no II Fórum Zebu de Ponta a Ponta, em Uberaba - MG:


O Nelore Natural, case de sucesso - Carlos Viacava (economista, selecionador de gado e ex-ministro)


Segundo o senhor Carlos Viacava, antigamente não se falava em Nelore precoce. Só se falava em gado Europeu precoce. Um dos responsáveis por essa quebra de paradigma foi o senhor Duda Biagi, presidente da ABCZ.


O início do programa foi marcado com a publicação de um livro - Nelore: o boi ecológico que está conquistando o mundo. Na realidade tudo começou como uma marca de carne e só depois evoluiu para um programa.


Carlos Viacava conta que eles substituíram o ecológico por natural por acharem mais apropriado. Foi daí que surgiu a marca.


O Nelore natural, boi de capim, a carne saudável.


No início os responsáveis pela marca fizeram visitas à Embrapa Campo Grande para aprender sobre o boi de capim e sua excelente produção de carne de qualidade. Perceberam que o Nelore poderia ser abatido a pasto com 36 meses. Em seguida, eles entraram em contato com o Professor Pedro de Felício e com o Eduardo Pedroso para aprofundar e fomentar a marca.


Começaram a realizar um trabalho na gôndola do varejo com o Nelore Natural. Contaram com a ajuda de pecuaristas no incentivo aos produtores.


O sistema básico de criação do Programa é a alimentação com capim e sal mineral. A suplementação pode até ser feita, porém, apenas com produtos de origem vegetal. Além disso, os animais podem ter no máximo 25% de sangue de outros zebuínos. Não há a necessidade de gado P.O.


Carlos Viacava também mostrou o score de acabamento destes animais. Segundo ele, a velocidade do resfriamento da carne no tratamento após o abate muitas vezes influencia mais a maciez da carne do que a idade do boi.


Foram apresentadas inúmeras campanhas publicitárias do Nelore Natural. Grandes nomes da mídia participaram destas campanhas como o nadador Fernando Scherer (Xuxa) e Ana Maria Braga.


Atualmente, devido à alguns problemas, eles acabaram reduzindo o investimento em promoção da marca. A marca atualmente é exclusiva da Marfrig e está sendo vendida com a marca Seara Natural.


Carlos Viacava, também deu exemplos de marcas como a Certified Angus Beef e encerrou sua apresentação dizendo que o que precisa ser feito é a produção de marcas com carnes uniformes, ou seja, carcaças com o mesmo padrão.


Mercado interno, quase 90% da produção brasileira - Alcides Torres (diretor da Scot Consultoria)


Alcides iniciou sua apresentação mostrando o gráfico de preços do boi gordo. Segundo ele, de nada adianta viver todo dia a pecuária se eu não tomar nenhuma decisão em cima dos ciclos de preços da pecuária que são repetitivos. Existem momentos de preços atraentes e momentos de preços desestimulantes.


Quando o mercado está em baixa, é preciso fazer investimentos, e quando está em alta, é preciso colher os frutos.


Alcides mencionou que de 84 a 94 o boi era o "dólar branco".  O boi era usado como "poupança".


Na década de 70, o Brasil foi "aberto". O boi se pagava. Foram abertos o estado de Rondônia, Norte de MT, etc. Foram construídas cidades, pontes, com dinheiro da pecuária.


Alcides abordou sobre a oferta de fêmeas. Ele disse que quem manda no preço do boi é a vaca, ou seja, a oferta de fêmeas que alimenta ou desalimenta o mercado. Se o preço do bezerro está baixo, vende-se a vacada pra fazer dinheiro. Caso o preço da arroba está baixo, também abate-se as fêmeas. Isso resulta em uma maior oferta e queda de preços.


Quando há o aumento dos abates de fêmeas, o preço do boi cai. E vice-versa. Esse indicador permite dizer que as fêmeas determinam a dinâmica do mercado do boi gordo.


Segundo Alcides, em 2006 houve o pior momento de preços da história da pecuária. Foi uma grande oportunidade para entrar no negócio. Os preços reagiram por falta de bezerro devido ao abate de vacas. Os preços reagiram até a crise de 2008, então houve novamente uma queda.


Alcides também abordou sobre o mercado atual. Ano passado houve queda nos preços. Este ano tivemos preços sustentados até o momento, porém, agora está caindo. As chuvas se foram, o clima adverso faz com que os pecuaristas tenham de vender o seu gado aumentando a oferta de animais no mercado.


Ele também falou sobre a demanda. No mercado externo a situação brasileira é positiva. A exportação de bovino vivo também vai bem. Isso é muito bom para o pecuarista, porque agrega valor ao seu produto.


Em 2013, houve uma alavancagem nas exportações no primeiro trimestre. O volume aumentou 33,9%, em relação à 2012. É o maior volume desde 2008.


Porém, o que realmente define a demanda é o mercado interno. As gerações passadas propiciaram um mercado sólido para as gerações atuais. Isso precisa ser mantido. Os envolvidos na cadeia pecuária têm que ser extremamente cuidadosos com aqueles que são contra a carne bovina. Isso virou moda e é pura bobagem.


Em 2012, estima-se que o Brasil tenha produzido 10,0 milhões de toneladas equivalente de carcaça (tec). Destas, 85% foram para o mercado interno. Além disso, houve um incremento de 14,5% na produção de carne bovina no primeiro trimestre de 2013, na comparação com igual período de 2012.


O mercado interno absorveu mais de 80,0% da produção da carne produzida este ano. Este consumo sempre ficou entre 80,0% e 90,0%.


Outro indicador importante que Alcides mencionou, foi a queda da margem dos frigoríficos. Isso mostra que o cenário vai mudar futuramente.


Alcides questionou sobre o consumo de carne. Que este consumo melhorou nossa dieta, introduzindo mais proteína nela e aumentando nossa capacidade de pensar. Ele disse também que uma vez que a população atinja certo nível de renda, a demanda não ocorre mais por quantidade e sim por qualidade. É daí que surge a oportunidade de agregar valor.


Mesmo se os ágios obtidos nos programas de qualidade não resultarem em lucro, eles melhoram a gestão da propriedade.


Quanto à expectativa futura, Alcides comenta que os preços devem ficar contidos nos atuais patamares, com leve queda em curto prazo. Se houver disponibilidade de capital, agora é a hora de investimento. Aumentar a produção.


Alcides encerrou sua palestra chamando a atenção para o consumo interno, já que, houve aumento do salário mínimo. Isso é ótimo para o consumo, porém ruim para os custos de produção.


 



<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>

Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja