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Scot Consultoria

O papel do agronegócio brasileiro na cadeia mundial de alimentos


Segunda-feira, 29 de outubro de 2012 - 09h33

O crescimento das exportações agropecuárias do Brasil tem sido, em grande parte, devido a investimentos nacionais e estrangeiros, que permitiram, em todo o sistema de produção agropecuária, que o setor forneça alimentos de alta qualidade a custos mais baixos, tornando os produtos brasileiros mais competitivos no mercado mundial.


Segundo o Banco Central, os investimentos estrangeiros diretos no Brasil, em 2011, atingiram o valor recorde de US$101,7 bilhões. Este montante é 29% maior que o recorde anterior, registrado em 2010, quando US$78,6 bilhões em investimentos entraram no Brasil. Esse foi o maior resultado anual desde 1947.


A utilização de métodos modernos e eficientes, bem como a aplicação da genética, faz com que as carnes brasileiras sejam mundialmente competitivas, estando, assim, entre os principais produtos brasileiros exportados, com importante participação no agronegócio brasileiro.


Agronegócio de carne suína


As medidas sanitárias, predominantemente aquelas relacionadas às doenças como a febre aftosa, impedem o Brasil de exportar para os mercados que remuneram melhor pela carne suína, como  Japão, México e Canadá.


Em maio de 2011, três frigoríficos brasileiros foram autorizados a exportar carne suína para a China, maior produtora e consumidora mundial do produto. Como a China é um mercado importante para carne suína dos Estados Unidos, a abertura deste mercado pelo Brasil aumentou a concorrência entre os dois países.


A abertura de novos mercados, especialmente os que remuneram melhor poderia ser mais um estímulo aos suinocultores que vem se recuperando da crise da alta dos preços dos insumos. Além disso ajuda a diminuir a concentração de clientes do produto brasileiro. Atualmente o produto brasileiro segue para a Rússia, Hong Kong, Ucrânia, Argentina e Angola.


Agronegócio e indústria de aves


A avicultura brasileira é uma das mais desenvolvidas do mundo, com rápida absorção dos avanços tecnológicos, que foram acompanhados por notáveis reestruturações dentro de seu sistema produtivo, sendo a mais relevante àquela representada pela produção integrada, via contratos.


No Brasil, o agronegócio de carnes de aves teve extensa consolidação nos últimos anos. Este fato permitiu colher os benefícios das economias de escala. Os exemplos incluem grandes negócios como a fusão de grandes empresas.


O sistema agroindustrial se desenvolveu como um produto da estratégia industrial da genética animal, de implementação de pesquisas, desenvolvimento da tecnologia e da visão empresarial.


Produção, consumo e mercado da carne de frango


Entre 2006 e 2011, o Brasil foi o maior produtor mundial de carne de frango, respondendo por quase 15% da produção mundial. Estados Unidos e China foram responsáveis, respectivamente, por 22% e 16% da produção mundial. Neste período, a produção brasileira cresceu 38%, ultrapassando tanto o crescimento da China (28%) quanto dos Estados Unidos (5%).


A produção de frangos do Brasil está concentrada nas regiões Sul e Sudeste. O Paraná responde por 24% da produção de frangos de corte do país. A concentração de produção nessas regiões ocorre devido ao clima favorável e à proximidade com os grandes centros consumidores (São Paulo e Rio de Janeiro). Entre 1995 e 2010 a produção nacional aumentou 90%. Essa expansão foi impulsionada pelo incremento do consumo interno e das exportações, que aumentaram respectivamente 152% e 643%, ao longo desse período.


Fatores que afetam a competitividade das indústrias avícola e suinícola


O principal fator que afeta a competitividade da produção de aves e suínos é o custo de produção, pois engloba os gastos com alimentação e compra de animais, além de assistência técnica e transporte até as plantas de processamento.


Em relação aos custos de produção de frangos e suínos, os produtores brasileiros têm passado por momentos difíceis desde que se iniciou a seca nos Estados Unidos. Os efeitos de tal alteração climática afetaram diretamente os preços das principais commodities do setor, milho e soja, base da alimentação dos animais.


O custo de produção aumentou, pois esses insumos ficaram mais caros. Mesmo o Brasil tendo registrado uma safra recorde de milho, com o dólar mais alto, se tornou mais vantajoso ao produtor exportar do que vender no mercado nacional, o que acarretou num menor volume do produto disponível no país.


Em meados de 2011, o Brasil e os Estados Unidos tiveram um custo de produção semelhante, devido aos custos de alimentação comparáveis (US$0,69 por quilo de ave viva para os Estados Unidos frente a US$0,68 para o Brasil), ambos abaixo das médias internacionais.


Agronegócio e indústria de carne bovina


O rebanho bovino brasileiro é o segundo maior do mundo, ficando atrás apenas da Índia. É também o segundo maior produtor de carne bovina, depois dos Estados Unidos, e é o maior exportador do produto.


Em relação ao rebanho dos Estados Unidos, segundo previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) o rebanho pode atingir, em 2012, a marca de 90,7 milhões de cabeças, uma queda de 2% na comparação com 2011.


Desde 2006, vários mercados orientais estão demandando carne bovina brasileira, em particular o Irã, que em 2010 ultrapassou a União Europeia se tornando o segundo principal mercado brasileiro, com 18% das exportações brasileiras.


O tamanho do rebanho brasileiro, juntamente com esforços para melhorar a genética, pastagens e práticas de gestão sugerem que o Brasil tem potencial para aumentar significativamente sua produção de carne.


A maior parte da produção brasileira de carne bovina é consumida no mercado interno. O consumo doméstico cresceu 11% de 2006 a 2011. Em 2011 o consumo per capita no Brasil chegou a 38,1kg. Em contrapartida nos Estados Unidos o consumo interno caiu 6% no período de 2006 a 2010, e por sua vez o consumo per capita caiu 10%, ficando em 37,9kg.


Principais fatores que afetam a competitividade da pecuária de corte


O tempo necessário para um animal chegar ao peso de abate é maior no Brasil do que nos Estados Unidos. Normalmente, no Brasil, demora-se de 25 a 36 meses e nos Estados Unidos, varia entre 18 a 22 meses.


A produção de carne por carcaça no Brasil, quando comparada aos Estados Unidos, também é menor devido ao menor peso vivo e rendimento de carcaça. No Brasil esse rendimento é de, em média, 52%, enquanto o peso médio da carcaça chega a 229 quilos.


Animais a pasto, normalmente, tem uma porcentagem menor de gordura intramuscular (marmoreio) do que a carne de bovinos alimentada com grãos, em confinamentos. Marmoreio também é uma característica que varia em função da raça do animal. As raças de gado predominantes no Brasil têm menor marmoreio em relação à maioria das raças utilizadas nos Estados Unidos.


Mercados como os Estados Unidos, Japão e Coréia do Sul estão fechados à carne bovina fresca, refrigerada e congelada do Brasil devido ao status da febre aftosa.


A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, sigla em inglês) considera o Acre, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, e Sergipe, e o Distrito Federal e partes dos estados do Amazonas, Bahia, Mato Grosso do Sul, Pará, e Tocantins como livres de aftosa com vacinação. Reconhece Santa Catarina como livre de aftosa sem vacinação.


Principais mercados de exportação


Entre 2006 e 2011, a carne bovina representou 8% das exportações agropecuárias brasileiras. Em 2007, o Brasil ultrapassou a Austrália e se tornou o maior país exportador de carne bovina do mundo. Em 2011 ficou atrás dos Estados Unidos e da Austrália. No mesmo período, a União Europeia e a Rússia foram os principais mercados para a carne brasileira. No entanto, os volumes caíram cerca de 32% em 2011 em relação a 2006.


Em 2011 as exportações de carne bovina para a Rússia representaram 22% em volume e 20% em faturamento. O Brasil é o maior exportador de carne bovina para este país.


Em 2008 a União Europeia, um dos principais clientes da carne bovina brasileira, suspendeu brevemente os embarques do produto devido às divergências sobre rastreabilidade do gado e a capacidade das autoridades brasileiras para certificar que o gado que atendesse aos requisitos de rastreabilidade.


Em 2011, as exportações para Hong Kong representaram 14% do volume total de carne bovina embarcada e 11% em receita.


Conclusão


As exportações de carnes de aves e suínos vêm crescendo nos últimos anos. Com a abertura de novos mercados o Brasil imprimiu um novo cenário para as exportações destes produtos.


Com relação ao setor bovino o país ainda mantém a maior parte da produção para consumo interno. Apesar de o país possuir um dos maiores rebanhos do mundo, o fator sanidade ainda é visto como um dos principais gargalos para maior expansão das exportações, principalmente com relação à febra aftosa.


Tradução, adaptação e comentários do Relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês).


Colaboraram Paola Grígolli, Maísa Vicentin, Marcela Morelli e Priscila Montanheri, estagiárias da Scot Consultoria.



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