Detalhes e curiosidades do segundo dia de visita (23/10)
O dia 23/10 nos reservava grande aprendizado, visto que conheceríamos o campus na ARDEC e assistiríamos o Simpósio Nutron Beef Training.
Saímos do hotel em Fort Collins às 7 horas, a temperatura estava em torno de 7ºC. Fomos para a Universidade do Colorado para participarmos do Simpósio. Foram três palestras:
- Palestra com Jason Ahola, professor de sistemas de produção de carne bovina no Departamento de Ciências animais da Universidade do Colorado e especialista nos processos da cadeia produtiva, bem como em sistema de cria e produção de animais melhoradores;
- Palestra com Keith Belk, professor no Centro de Segurança e Qualidade da Carne na Universidade de Colorado. Especialista em qualidade da carne, desenvolvimento de animais, marketing internacional de carne bovina, sistemas de gestão de qualidade. A palestra foi sobre a Cargill, frigoríficos, qualidade de carne, produção e comercialização;
- Palestra com Temple Grandin, PhD, professora no Departamento de Ciência Animal na Universidade do Colorado em Fort Collins e portadora da síndrome de Savant, na qual, torna pessoas geniais em seres indecifráveis.
Temple ficou famosa pelas suas pesquisas com bem estar animal em fazendas e frigoríficos. Em 2010 foi eleita pela revista Time uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Sua palestra dispensa comentários.
Informações obtidas no Simpósio:
Em torno de 98% dos animais abatidos nos EUA são terminados em confinamento. A recria a pasto e a recria com dieta a base de forragem no cocho tem aumentado muito nos últimos anos em função do aumento do preço do milho, que saiu de US$2,38 em 2006 para US$7,6/bushel em 2012 (40 a 50% do milho norte-americano são destinados para a produção de etanol).
Por volta de 90% da cobertura das fêmeas é feita por touros, logo 10% por inseminação artificial.
O rebanho de cria está diminuindo, em 1976 eram 45 milhões de vacas e hoje praticamente 30 milhões, entretanto, a produção de carne quase dobrou, mérito do melhoramento genético e da nutrição animal (na média as carcaças ganharam 4Kg/ano no período). Nos últimos 10 anos a rentabilidade da cria ficou em torno de US$100,0/vaca/ano sendo que o número total de produtores caiu de 1 milhão para 750 mil. Aproximadamente 80% dos produtores tem menos de 50 vacas e produzem 28% dos bezerros, 4% tem mais de 200 vacas e produzem 37% dos bezerros.
Além da redução na cria de gado de corte, as vacas de leite também estão em redução, porém, a produção não é afetada em função do aumento na produção de leite/vaca. A cria está pulverizada e os frigoríficos e confinamentos concentrados no centro/ sul do país.
Existe uma grande concentração tanto de frigoríficos quanto de confinamentos, sendo que os quatro maiores frigoríficos abatem cerca de 80% dos animais. JBS, Tayson, Cargill e National Beef respectivamente. Os frigoríficos estão abatendo novilhos e novilhas e estão situados nas regiões de maior concentração de confinamento e consequentemente de produção de grãos.
Os EUA exportam hoje 15% da produção. A expectativa é de que esse número diminuía em 2013.
O abate total americano gira em torno de 23 milhões de animais. A classificação da carcaça é voluntária para o pecuarista, porém, o frigorífico faz 100% devido à exigência do consumidor. Essa classificação é feita atribuindo notas de 1 a 5, sendo que 1 é muito músculo e pouca gordura e 5 pouco músculo e muita gordura. Para avaliação, o corte é feito na décima terceira costela e somente 2% dos bovinos são classificados como Prime (nota máxima).
Temple Grandin discorreu magicamente sobre os aspectos do bem estar animal na pecuária de corte Falando sobre o ponto de equilíbrio dos animais, manejo calmo e racional, uso de bandeiras, emprego de cães treinados para condução do gado, treinamento de laçadores, transporte adequado e respeitando taxa de lotação. Segundo Grandin os bovinos possuem memória em relação aos tratos utilizados, dessa forma, a produção pode ser influenciada. O gado responde muito a estímulos visuais, logo o manejo, por exemplo, em um curral com uma entrada estreita e escura pode representar um ponto crítico e de estresse.
Por fim, saímos da Universidade ao 12h15min e fomos para o Rock Montain National Park. Um passeio maravilhoso. Saímos por volta das 17 h e chegamos às 19h. Ainda no dia 23/10 tivemos uma palestra sobre mercado de bovinos e um jantar com o grupo, mas esse relato ficará para amanhã!
Próxima parada Fort Morgan, visita ao Frigorífico da Cargill!
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