Consumo fraco de carne bovina prejudica mercado

O período não é favorável, diante da soma de fatores que leva a população a destinar parte do salário a gastos como IPVA, IPTU, matrícula e material escolar, dívidas do fim de ano, carnaval... Como resultado, o consumo de carne bovina se manteve enfraquecido ao longo de janeiro e nesta primeira quinzena de fevereiro. Mesmo logo após o pagamento dos salários, quando o consumo se aquece e ocorrem ajustes positivos no mercado de carnes, esse efeito foi pouco sentido. Com o feriado de carnaval, a expectativa não é das melhores. Apesar dos inúmeros churrascos de confraternização, como a grande maioria da população sai da rotina diária de refeições em horários certos, o consumo tende a cair. Outros fatores agravam essa situação. As viagens para aproveitar a folia em todos os cantos do País demandam investimentos, em alguns casos, vultosos. Para aqueles que preferem o desfile do Anhembi ou da Sapucaí, uns devem gastar dinheiro com a fantasia e outros com os preparativos para acompanhar a festa, como os comes e bebes tradicionais, que pouco (ou nada) se relacionam com a carne bovina. A recuperação deve ocorrer somente a partir dos salários de março, mas neste ponto outros fatores devem ajudar. Ainda que a carne bovina esteja com preço firme, resultado da oferta de animais para abate restrita, as outras opções de proteína animal reagiram acima da carne bovina (veja figura 1). Destaque para a carne de frango, que reagiu 46,7% no último ano. Isso se deve pela recuperação do mercado após a influência negativa da gripe aviária, que derrubou a demanda internacional e, conseqüentemente, as exportações brasileiras. Como o consumidor brasileiro é guiado por preço, mas tem preferência pela carne bovina na maioria dos casos, a alta da carne de frango deve deslocar consumidores para a carne bovina. Atualmente, estima-se que o consumo per capita de carne de frango seja maior que o de carne bovina. Dificilmente essa situação vai se reverter, sobretudo pelo preço “atraente” da carne de frango, mas a cultura do churrasco deve sustentar o consumo de carne bovina nos patamares elevados de hoje, com consumo ao redor de 38 kg por habitante/ano. (LMA)
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