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Scot Consultoria

Entressafra e laticínios em crise elevam preço do leit


Quinta-feira, 28 de maio de 2009 - 11h07

O começo da entressafra do leite no Centro-Sul e o ajuste na oferta do produto por conta da redução do processamento em alguns laticínios do País fizeram os preços do longa vida atingirem recordes no atacado e no varejo em maio. O produtor também recebeu mais neste mês pelo leite entregue em abril. De acordo com levantamento da Scot Consultoria, o leite longa vida no atacado paulista alcançou a média de R$2,14 o litro em maio, o maior valor, em termos nominais, desde julho de 2007, quando o mercado de leite vivia um superaquecimento por causa da demanda externa. Naquele mês, a cotação foi a R$2,04/l. Só entre abril e maio deste ano, a alta foi de 24,4%. No varejo paulista, o longa vida fechou maio com preço médio de R$2,28 o litro, a maior cotação desde agosto de 2007, quando ficou em R$2,14/l, sempre conforme a Scot. Em ambos os casos os valores são recordes considerando séries históricas desde 1999 para o atacado e desde 2002 para o varejo. Nesse quadro em que as empresas disputaram leite, o produtor recebeu 4,26% a mais entre abril e maio. Na média nacional, o preço do produto entregue em abril ficou em R$0,627 por litro, ainda bem abaixo do recorde de R$0,768/l de agosto de 2007. Além de a seca ter afetado as pastagens no Sul do País, os preços baixos em 2008 desestimularam o investimento em alimentação por parte dos criadores, o que impacta a oferta da matéria-prima, diz Rafael Ribeiro, analista da Scot. O Índice de Captação de Leite do Cepea confirma o recuo na oferta. Desde setembro de 2008, o indicador mostra queda. Em março, dado mais recente disponível, a captação recuou 5,3% em relação ao mesmo mês de 2008. A demanda estável por leite no varejo num momento em que algumas empresas com dificuldades financeiras reduziram o processamento também explica a alta das cotações do longa vida. A Parmalat, por exemplo, já fechou unidades e opera com ociosidade nas plantas que mantêm. A Nilza, em recuperação judicial, também está operando abaixo da capacidade. Além disso, três fábricas do laticínio Bom Gosto, duas em São Paulo e uma no Mato Grosso do Sul, estão sem comercializar leite temporariamente depois que a fiscalização do Ministério da Agricultura apreendeu produto das unidades. Segundo o ministério, que está analisando amostras de leite dentro de seu programa de combate a fraudes, há indícios de adição de água ao produto. Procurada, a empresa não se pronunciou. Rafael Ribeiro observa que a alta dos preços do longa vida já eleva a procura por leite pasteurizado. Para Nilson Muniz, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV), o que contribuiu para o atual cenário foi o período de 13 meses (de outubro de 2007 a novembro de 2008) em que o setor trabalhou com perdas. Isso ocorreu depois da descoberta de fraude no leite em cooperativas em Minas Gerais, que afetaram a imagem da indústria de longa vida. “Mais de um ano de resultado negativo da indústria depreciou o preço ao produtor e desestimulou o investimento na produção”, observa Muniz. Na avaliação do executivo, os atuais preços do longa vida permitem uma “rentabilidade adequada” para o setor. A expectativa de Laércio Barbosa, vice-presidente do Sindileite-SP, é que os preços sigam firmes até julho, quando a produção do Sul do País começa a aumentar. Ele observa que o quadro hoje é bem diverso do que gerou as altas em 2007. Naquele ano, havia forte demanda externa por lácteos e as exportações brasileiras cresciam. Atualmente, elas recuam. Em abril, segundo a Secretaria de Comércio Exterior, as exportações de lácteos e derivados somaram US$20,752 milhões, bem abaixo das US$67,768 milhões de igual mês de 2008. Fonte: Valor Econômico. Agronegócios. Por Alda do Amaral Rocha. 28 de maio de 2009.
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