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Scot Consultoria

Após 6 meses de crise, somente frango reage


Terça-feira, 10 de março de 2009 - 17h35

Seis meses após a crise financeira tornar-se mais aguda, o cenário é desolador para o setor produtor de carnes. A forte oscilação do câmbio trouxe prejuízos em operações de derivativos, o juros (e também o dólar) mais altos elevaram o endividamento e o enxugamento do crédito estancou exportações e possibilidade de rolar dívidas. O resultado foi o fechamento de diversas indústrias, entrada do setor em margens negativas e queda na produção. Com exceção da carne de frango, que teve alta de 5% desde o começo do ano no atacado, as carnes continuam registrando queda de preço. A bovina recuou 3,6% e a suína 16% desde janeiro, segundo dados das consultorias Scot e JOX. O mês de março indica ainda tendência de baixa. Pelo menos na primeira semana do mês o pecuarista recebeu 1,6% menos pela arroba (R$79,35 para R$78,09 em São Paulo) e o suinocultor, 2,4% (de R$2,03 para R$1,98), de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). Somente a remuneração pelo frango subiu, de R$2,64 para R$2,67 o quilo (resfriado no estado de São Paulo), alta de 1,1%. Ainda assim, o setor produtor de frango está com margem negativa, segundo Érico Pozzer, diretor da União Brasileira de Avicultura (Uba). “O preço tem que subir 15% ao produtor para superar um pouco o custo de produção. Esperamos que isso vá acontecer agora em março e em abril, quando o setor vai concluir a redução de 20% nos alojamentos de pintinhos e recuperar as exportações”, acredita Pozzer. Em fevereiro, o preço do quilo do frango abatido foi de R$2,50, leve alta em relação aos R$2,40 de janeiro, mas ainda abaixo do custo de produção de R$2,80, segundo o consultor José Carlos Teixeira. “A partir do dia 10, quando os salários do mês voltam a irrigar a economia, é provável que haja uma reação nos preços”, afirma Teixeira. Bois Na bovinocultura, também houve redução de abates de animais, mas diferentemente do que vem ocorrendo com o frango, o preço não está reagindo e continua caindo. Em janeiro foram abatidas 1,6 milhão de cabeças de boi, 21% menos que os 2 milhões registrados em janeiro de 2008, segundo dados do Ministério da Agricultura referentes aos abates com inspeção federal. O número de janeiro é o menor desde o mesmo mês de 2004 quando foram abatidos 1,5 milhão de bovinos. Mas os preços no atacado recuaram 3,6% este ano. Com o fechamento de frigoríficos, ou seja, com o encolhimento da demanda por boi, a oferta de animais, que até então era muito pequena, tornou-se maior que a procura e os preços caem forte em todo o Brasil. Desde outubro, o recuo varia de 13% a 19%, dependendo do estado. Sendo que a queda mais acentuada se deu de janeiro para cá (em torno de 5% a 6%), mês em que houve retração recorde nas exportações (45% em receita e 34% em volume). Em Mato Grosso do Sul, onde era mais forte a atuação do frigorífico Independência (que fechou dez unidades em Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais) houve queda mais acentuada no preço da arroba que, de R$88,87 em outubro, caiu para R$72,17 em março, segundo a Scot Consultoria. “A queda do preço do boi, de alguma forma, indica que o mercado está mais ofertado do que a demanda está suportando neste momento”, explica Fabiano Tito Rosa, analista da Scot Consultoria. Mas para Péricles Salazar, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), ainda há falta de boi, as indústrias que estão operando estão com dificuldades de firmar escalas de abate por mais de sete dias, e a queda no preço da arroba do boi é mais reflexo do pânico que tomou conta do mercado com a saída do frigorífico Independência que até o final da tarde de ontem não tinha ainda previsão de retomada de abates em suas unidades de Rondônia e Mato Grosso, segundo informou a assessoria da empresa. No caso da carne suína, a retração é mais acentuada que em outras carnes. Rubens Valentini, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) conta que os preços vêm caindo desde outubro ao criador, pela falta de condições de reduzir produção, como ocorreu com a produção de frango. O quilo do suíno vivo vale hoje R$1,70 em Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, valor muito abaixo do custo de produção nesses estados que é de R$2,40 por quilo. “O que vamos fazer? Sacrificar leitões e matrizes prenhas? Não temos condições de reduzir produção, como fazem os avicultores. O que precisa ocorrer é essa queda no atacado se estender até o consumidor final para estimular o consumo”, pondera Valentini. De acordo com a Scot Consultoria, o quilo da carcaça suína no atacado recuou 16,2% desde janeiro, de R$3,94 para R$3,30. Fonte: Gazeta Mercantil. Finanças & Mercados. Por Fabiana Batista. 10 de março de 2009.
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