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Scot Consultoria

Embargo à carne deve reduzir preços, afirmam analistas


Sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008 - 09h27

Previsão é que produto fique até 10% mais barato para o consumidor e contenha inflação Expectativa é que, no curto prazo, carne que deixará de ser exportada para a Europa seja direcionada ao consumo doméstico A suspensão das importações da UE (União Européia) da carne bovina brasileira "in natura" tende a colaborar com os índices de inflação. O mercado interno deve receber parte do volume que iria para a Europa. Com isso, a oferta ensaia crescer, e o preço ao consumidor, diminuir. O recuo, em fevereiro e março, pode chegar a 10% em relação aos valores praticados em janeiro, disseram analistas consultados pela Folha. Segundo a indústria, os contêineres previstos para a UE podem ser remanejados a outros destinos. Mas essa negociação demanda algum tempo. Ainda que seja para enviar volumes maiores para outros compradores agora tradicionais da carne brasileira, como a Rússia e países do Oriente Médio. Por isso, no curto prazo, esse produto deve ser direcionado ao consumo doméstico mesmo. "O mercado deve levar até o segundo semestre para se organizar de novo", diz José Vicente Ferraz, diretor técnico da consultoria AgraFNP. Desde anteontem, quando a UE anunciou a suspensão das importações, o mercado pecuário praticamente travou. Os frigoríficos, puxados pelos exportadores -que prevêem amargar perdas de US$180 milhões pela decisão européia-, passaram a oferecer menos pela arroba do boi, diz a AgraFNP. Em São Paulo, o preço passou de R$74 a R$73,50. Em Mato Grosso e no Triângulo Mineiro, de R$68 a R$65. No Paraná, de R$72 a R$70. No Pará, de R$62 a R$60. Em Mato Grosso do Sul, as ofertas foram de R$70 a R$62. Será possível traçar tendência mais firme para as cotações apenas depois do Carnaval, diz Ferraz, da AgraFNP. A incerteza bateu no mercado futuro, diz Mario Friuli, diretor de commodities da Link Investimentos. Outubro, contrato que capta a expectativa para a entressafra, começou 2008 em R$71,42 a arroba. Chegou à máxima de R$74,77 no dia 16. Mas, com o embargo europeu, recuou no fechamento do mês, para R$70,52. Cautela As indústrias temem comprar boi num preço elevado pelo valor da carne que vai vender adiante, diz Péricles Salazar, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos. Segundo ele, mesmo que o Brasil restabeleça o comércio com a União Européia, o volume para o bloco econômico não será igual ao do último ano, da ordem de meio milhão de toneladas. "Existe otimismo em achar que o assunto se resolve em pouco tempo", afirma Octavio Mello Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura. Revisson Bonfim, diretor para a América Latina da Fitch Ratings (agência de classificação de risco), diz que nos últimos anos a indústria brasileira se diversificou, justamente para evitar dependência da UE. Atacado O movimento de baixa, acentuado pelo embargo europeu, potencializa o desempenho mais "bem comportado" que a carne bovina mostrava neste começo de ano, diz Márcio Nakane, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe. "Do ponto de vista do consumidor brasileiro, a situação tende a melhorar, pelo menos enquanto durar o embargo", afirma Salomão Quadros, coordenador do IGP-M, da Fundação Getulio Vargas. Nos 12 meses encerrados em janeiro, a carne bovina subiu 23,29% no atacado e 21,86% no varejo. Contando apenas o mês passado, no atacado houve recuo de 1,25% em relação a dezembro e alta de 1,85% no varejo. Na Grande São Paulo, o preço médio da carne desossada no atacado recuou 5% nesta semana, na comparação à anterior, diz o analista Leonardo Alencar, da Scot Consultoria. Os cortes nobres apresentaram os maiores recuos. O preço do filé mignon baixou 8,5%, para R$14,50 o quilo. O da picanha cedeu 17%, para R$17,88. Fonte: Folha de S. Paulo. Dinheiro. Por Gitânio Fortes. 1 de fevereiro de 2008.
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