• Sábado, 18 de outubro de 2025
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Scot Consultoria

Mais do que gado e pasto: como a gestão estratégica faz a diferença

O empresário e empreendedor, Daniel Junqueira, compartilha os segredos de uma gestão que conecta pessoas e resultados.


Fonte: Adobe Stock

Com base na experiência prática em quatro fazendas no Norte e Sul de Minas Gerais, Daniel Junqueira compartilha em entrevista exclusiva à Scot Consultoria estratégias para aumentar a eficiência da pecuária e da produção agrícola, destacando a importância da coleta de dados, do planejamento estratégico e do manejo intensivo das pastagens. Ele enfatiza o papel da gestão de pessoas, mostrando como motivação, autonomia e bem-estar da equipe refletem diretamente nos resultados operacionais e financeiros.

Scot Consultoria: Quais foram os ajustes que você precisou fazer na fazenda para melhorar o desempenho – não só financeiro, mas na manutenção da equipe também –, e que resultados você observou, tanto no operacional quanto no financeiro?

Daniel Junqueira: Na gestão, acredito que o foco principal está nas pessoas. Quando alguém quer fazer um serviço bem-feito e caprichado, leva o mesmo tempo que para fazer um mal-feito. Então, quando conseguimos mostrar isso e a pessoa entende, ela faz na hora, faz bem-feito e faz uma vez só.

Quando queremos ganhar velocidade, não é questão de fazer mais rápido, e sim de fazer melhor. Conseguimos dar autonomia para que cada um pensasse dessa forma, e isso tem refletido em ganhos financeiros tanto para a fazenda quanto para eles, pois premiamos o desempenho. A pessoa tem que participar, e acredito que isso faça parte.

Quando falamos de qualquer negócio, o Brasil já é um país empreendedor. Mas, se a pessoa não participa dos ganhos, talvez seja mais interessante para ela trabalhar sozinha. Ela não se enxerga como parte do negócio propriamente dito, e você não consegue instalar ali uma cultura de crescimento profissional. Nós falamos que o funcionário tem que trabalhar como se o negócio fosse dele.

Acho o salário mínimo muito baixo. Por isso, ninguém na fazenda recebe esse valor — pagamos um pouco a mais e fazemos questão de pagar hora extra, e não compensar hora. Mesmo em dias de chuva, nós redirecionamos as tarefas do colaborador, seja para o almoxarifado, seja para a limpeza de áreas cobertas. Nós não queremos que ele compense esse dia, pois isso acaba os desmotivando.

Gosto de fazer, às vezes, as mesmas tarefas que eles, para entender melhor o trabalho. Quando falamos em mecanização, muitos pensam que é para tirar mão de obra, mas não é isso. Quem já colheu café ou carregou sal para o pasto sabe o quanto é pesado. Pensar nessas condições e repensar os processos também faz parte da gestão.

Eu, por exemplo, não moraria em uma casa sem internet. Então, por que meu funcionário deveria morar? Hoje tudo depende de conexão — banco, comunicação, WhatsApp. Negar acesso à internet é como, antigamente, dizer que alguém viveria sem telefone. A pessoa fica incomunicável. Por isso, buscamos oferecer conforto também nesse sentido.

Quando se pensa no custo de evitar perder uma cabeça de boi, muitas vezes é o valor que poderia ser revertido em um bônus ou benefício para o funcionário no fim do ano. E quando ele trabalha bem, evita essas perdas.

Quando falamos na parte de nutrição, cuidar do gado é como cuidar de um pet: com atenção e na medida certa, sem desperdício. O bom colaborador trata o rebanho dessa forma — e isso se percebe no comportamento dos animais. Quando ele chega com o sal, o gado vem. Esse cuidado e dedicação fazem toda a diferença.

Por exemplo, o nosso Nelore é manso. Apesar de a raça ter fama de brava, criada no pasto, o nosso rebanho é diferente. Isso acontece porque o vaqueiro, ao chegar, não grita nem age com pressa — ele trata bem os animais. E isso reflete em ganho de arroba e até na satisfação da equipe.

Afinal, se o colaborador está de mau humor, ele não trabalha bem. Por isso, o bem-estar das pessoas e dos animais andam juntos, e os resultados aparecem nos números desde que adotamos essas mudanças.

Scot Consultoria: Para a gente finalizar, Daniel, que mensagem você deixaria para o pessoal que está em casa e, quem sabe, possa estar conosco em um dos Encontros da Scot Consultoria no ano que vem?

Daniel Junqueira: Com certeza estarei aqui, porque o evento é espetacular. Falamos muito do ponto de vista estratégico, e o dono da fazenda precisa estar presente para construir esse pensamento. Ele não pode ficar apenas tocando o dia a dia; precisa entender, conhecer e conversar de igual para igual com quem tem conhecimento técnico, para saber onde investir e planejar.

Todo mês, toda semana, é necessário revisitar os planos. Na segunda-feira fecho o planejamento da semana e na sexta-feira chamo a equipe e verificamos: o que foi programado, deu certo? Não deu? Vai terminar? Vai trabalhar sábado? Não vai? Vai trabalhar domingo? A gente tem uma dificuldade de mão-de-obra. O pessoal não quer trabalhar de sábado, imagina de domingo. Então, a gente tem conseguido conciliar isso.

O pessoal trabalha de forma diferente, alguns mais, outros menos, mas conseguimos conciliar. Se a meta está sendo cumprida, não há necessidade de trabalhar no sábado; basta cumprir o que foi programado.

Isso ajuda a conciliar horários e organizar tudo. Para melhorar o engajamento, o foco é fazer o hoje. Se você só vai realizar uma coisa na vida, faça hoje, não deixe para amanhã, porque, senão, não acontece.

Você pode planejar o amanhã, mas se não agir hoje, nada vai acontecer. O amanhã não nos pertence. Confio em Deus e entrego a Ele, mas não é sorte: estamos fazendo a nossa parte.

Para finalizar, para quem não pôde vir esse ano, é importante lembrar: o essencial é fazer hoje. Se perdeu desta vez, ano que vem haverá uma nova oportunidade. Fique atento!

Em 2026, o próximo evento será o Encontro de Confinamento e Recriadores, que já tem data marcada, de 7 a 10 de abril em Ribeirão Preto/SP. Em breve será divulgada a data para a próxima edição do Encontro de Intensificação de Pastagens. Fique atento ao nosso site e às mídias sociais para acompanhar as novidades e garantir sua vaga.

Daniel Magalhães Junqueira

Formado pela PUC Minas, com ênfase em empreendedorismo. É sócio e Diretor Geral da Codaiba Agroindustrial e sócio investidor da Migview Tecnologia. Atua no Conselho de Administração da Credifiemg desde 2013 e é Presidente do Sindicato da Indústria Mecânica de Minas Gerais desde 2019. Ocupa também o cargo de Diretor Geral do Instituto Estrada Real desde 2018.

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