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  • Segunda-feira, 1 de setembro de 2025
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Scot Consultoria

Pastagem como ativo financeiro: o que está comprometendo seus lucros?

Adilson Aguiar explica como a degradação das pastagens, o manejo do solo e o controle de plantas daninhas podem estar afetando os resultados financeiros da sua propriedade.


Fonte: Freepik

Scot Consultoria: Sabemos que a maior parte das pastagens no Brasil possui algum nível de degradação. Quais são os passos essenciais que o produtor deve avaliar sobre o principal ativo financeiro (pastagem), para entender a condição de sua propriedade?

Adilson Aguiar: De fato, 62,0% da área de pastagens cultivadas do Brasil se encontra em alguma fase do processo de degradação. Em grande medida, essa alta proporção explica os baixos indicadores de produção, da ordem de 1,27 cabeça/ha, 0,80UA/ha, ganho médio diário (GMD) de 0,23kg/cabeça/dia e produtividade da pastagem de 3,7@/ha/ano.

Para um diagnóstico da condição da pastagem e classificação de fases do processo de degradação, avaliam-se as reduções progressivas na produção de forragem e, consequentemente, na capacidade de suporte da pastagem e no desempenho individual (GMD, produção de leite/cabeça/dia).

A capacidade de suporte passa por reduções de 20,0% a 40,0% do primeiro para o segundo ano, de 60,0% a 70,0% do primeiro para o terceiro, e de 80,0% a 85,0% do primeiro para o quarto ano. Em consequência dessas reduções, ocorre diminuição na produtividade da pastagem (kg ou @ ou litros/ha/ano); ao mesmo tempo, ocorre aumento da infestação de plantas daninhas e aumento dos danos causados por insetos-praga. Nesse processo, podem aparecer áreas com solo exposto, sem cobertura e sinais de erosão.

Scot Consultoria: Quais as contribuições da adubação nitrogenada para o aumento da taxa de lotação em pastagens?

Adilson Aguiar: O nitrogênio (N) é um nutriente essencial às plantas, compõe aminoácidos, enzimas, proteínas, hormônios e material estrutural. É componente da clorofila, portanto, está diretamente relacionado com a atividade fotossintética.

Em pastagens de gramíneas, promove um efeito significante no número e no peso de perfilho, e na expansão foliar, aumentando o acúmulo de forragem e, consequentemente, a massa de forragem disponível, aumentando a capacidade de suporte da pastagem. Na parte subterrânea, estimula o crescimento radicular em diâmetro, comprimento, volume e peso.

Em adubações equilibradas, o N aumenta a tolerância da planta a estresse abiótico, provocado por extremos de umidade e temperatura. Em gramíneas forrageiras, tem aumentado a eficiência de uso de água entre 1,5 a 3,3 vezes. Em adubações com maiores doses de N, há aumento do seu teor na planta, resultando em aumento de proteína bruta, já que essa é calculada multiplicando a % de N por 6,25.  

A eficiência de uso do N pelas gramíneas forrageiras tropicais varia entre 15,0 a 50,0kg de matéria seca (MS) por kg de N, sendo que essa amplitude de variação depende de fatores controláveis e não controláveis, mas, ainda bem, que a maioria é controlável. Considerando eficiências de colheita da forragem acumulada entre 40,0% a 80,0% e o consumo de 10,0kg de MS/UA/dia, a adubação com 1,0kg de N pode resultar em aumentos na capacidade de suporte da pastagem entre 0,60 a 4,0UA/ha.

Scot Consultoria: Pensando além da adubação no manejo de pastagem e considerando um cenário de custos elevados: quais estratégias de intensificação têm melhor custo-benefício para o produtor, na sua opinião?

Adilson Aguiar: Independente do cenário econômico, das relações de troca entre o produto comercializado e os insumos comprados, o pecuarista deve sempre manejar um sistema em pastagem, adotando as tecnologias de processos e de baixo insumo.

As de processos são técnicas de manejo que não demandam investimentos e nem custos, tais como: planejamento e execução do planejado; escolha das espécies que serão plantadas com base em parâmetros técnicos; procedimentos para o estabelecimento de pastagens; dimensionamento da infraestrutura das pastagens; manejo correto do pastoreio; e manejo racional dos animais nos currais e nas pastagens.

Por outro lado, as tecnologias de baixo insumo são aquelas em que se faz necessário investir e custear, mas cujos valores representam, proporcionalmente, pouco no custo de produção. Na pastagem, as de tecnologias de baixo insumo são os manejos e controles de insetos-praga e plantas daninhas; e, no animal, a suplementação mineral, proteica e proteico-energética de baixo e médio consumo; os protocolos reprodutivos; as prevenções e curas de doenças, o controle de parasitos, ...

Já as de alto insumo são aquelas tecnologias que têm impacto significativo na saída de dinheiro do caixa e, proporcionalmente, impactam bastante no custo de produção. Na pastagem, são a correção, a adubação e a irrigação do solo; e, no animal, a suplementação volumosa e concentrada. São essas que, em cenários desfavoráveis, tal como de custos elevados, devem ter suas estratégias avaliadas criteriosamente para a continuidade do seu uso.

E o pecuarista deve sempre ter em perspectiva que, no final das contas, é o custo do ganho que deve nortear as tomadas de decisões, e não o custo diário, ou mensal ou anual. E nem deve ser absorvido pela atmosfera pessimista quando há aumentos de custos e diminuição de preços. Sempre, o custo do ganho e a margem de lucro deverão nortear as tomadas de decisões. E o pecuarista deve saber que têm inúmeras estratégias, planos além do A, o B, o C etc., para que ele continue adotando tecnologias de intensificação da produção.

Scot Consultoria: O Encontro de Intensificação de Pastagens está se aproximando. O que o público pode esperar da sua palestra durante o evento?

Adilson Aguiar: Em síntese, a minha palestra estará baseada na equação para o cálculo da produtividade da pastagem. A saber: a produtividade da pastagem (kg ou litros/ha/ano) = desempenho individual (kg ou litros/cabeça/dia) x taxa de lotação (cabeças/ha).

Mesmo entre os especialistas da área, há décadas essa relação é objeto de estudo, com inúmeros experimentos, análises e debates sobre qual fator tem maior peso na produtividade da pastagem e no retorno econômico: o desempenho individual ou a taxa de lotação. E, principalmente, qual seria o ponto de equilíbrio ideal — se é que ele realmente existe.

E, por décadas, se aceitou — e ainda se aceita — que é natural e compreensível haver diminuição no desempenho individual à medida que se aumenta a taxa de lotação, e que há diminuição na produtividade por área quando se diminui a taxa de lotação para aumentar o desempenho individual.

Então, apresentarei as técnicas e as tecnologias que condicionam os aumentos no desempenho individual e na taxa de lotação... Vou parar por aqui e deixar para o dia da minha palestra no Encontro de Intensificação de Pastagens — até lá.

A entrevista completa com Adilson Aguiar está disponível no site da Scot Consultoria. Na conversa, ele dá mais detalhes sobre como mensurar a produtividade da pastagem, estratégias de manejo, controle de plantas daninhas e aplicação de defensivos em diferentes períodos.

Adilson Aguiar

Zootecnista, professor de Forragicultura e Nutrição Animal no curso de Agronomia e de Forragicultura e de Pastagens e Plantas Forrageiras no curso de Zootecnia das Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda, investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.

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