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Scot Consultoria

Manejo sanitário em intensificação de pastagens

Entrevista com o professor de Clínica Médica da FMVZ-USP, Enrico Lippi Ortolani

Quinta-feira, 6 de outubro de 2022 - 06h00
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Enrico possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade de São Paulo (1977), mestrado em Patologia Clínica pela Universidade Federal de Minas Gerais (1980), doutorado em Parasitologia pela Universidade de São Paulo (1988) e livre-docência pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) em 1997. Realizou pós-doutorado no Moredun Research Institute em Edimburgo na Escócia, nos anos de 1991 e 1992.

Foto: Scot Consultoria


Scot Consultoria: Qual o tema abordado na sua palestra do nosso Encontro de Intensificação de Pastagem e qual a importância de um evento como esse para a pecuária intensiva nacional?

Enrico Lippi: O tema que abordei no evento é a sanidade em sistemas de pastagens intensivas, que foi muito bem lembrado por vocês, pois é um assunto pouco discutido entre os pecuaristas.

Quando você começa a intensificar e concentrar um número maior de animais por área, aumenta o risco de enfermidades, contaminação das pastagens e contaminação dos próximos animais. Nosso foco na palestra esteve em abordar os problemas com carrapatos e verminoses, que aumentam o risco de incidência quando temos uma intensificação de produção.

O evento é sensacional, a tendência é aumentar a produtividade dos rebanhos sem avançar sobre novas áreas. Hoje a pecuária está sendo muito cobrada por isso e, portanto, é fundamental oferecer ferramentas para pecuaristas e gerentes visando aumentar a produtividade.

Scot Consultoria: Qual o maior desafio sanitário que o produtor encontra em sistemas intensivos?

Enrico Lippi: Os principais desafios são detectar as doenças e ter a percepção de estar perdendo dinheiro. Esses são os pontos chave que você tem que mostrar para o pecuarista para que ele faça investimentos no manejo sanitário para diminuir os riscos de contaminações.

Basicamente, o que se sabe agora é que, em sistemas rotacionados intensivos, você tem mais risco de ter carrapatos principalmente em animais cruzados, meio-sangue, taurinos 5/8 ou praticamente puros. Embora o risco seja maior nesses animais, a raça Nelore também está passível de apresentar o problema. O importante é o produtor conhecer o ciclo do carrapato e saber que, em uma pastagem limpa e livre de carrapatos, após 60 dias, o bovino pode ser infectado novamente. O que se sugere é a implementação de um protocolo em que você escolha o melhor carrapaticida para sua fazenda (visto que a maioria dos carrapaticidas estão ficando resistentes) e usá-lo de maneira estratégia durante a cria. O mesmo ocorre em relação às verminoses: animais em sistemas intensivos não muito bem manejados correm maiores riscos, principalmente animais mais jovens.

Scot Consultoria: Fora a utilização de produtos químicos, qual o método mais eficiente que reduz o risco de infestação dos animais?

Enrico Lippi: Esse é um ponto importantíssimo. O que percebemos é que no manejo sanitário não é feita a aplicação correta dos carrapaticidas ou dos vermífugos. Muitas vezes o pecuarista troca de marca, que vai ter o mesmo princípio ativo, e se o princípio ativo não está funcionado bem ele vai continuar com o mesmo problema. É importante observar qual princípio ativo o seu rebanho está menos resistente com uma coleta de carrapatos para uma análise em laboratório.

Scot ConsultoriaQual a sua opinião sobre o fim da vacinação contra a febre aftosa em boa parte do Brasil?

Enrico Lippi: Eu acredito que determinados estados fizeram uma boa preparação, treinamento de reconhecimento de uma possível febre aftosa, controle sanitário de suas fronteiras, alto índice de vacinação e bom preparo financeiro para indenizar possíveis focos. Particularmente, sou a favor, mas em alguns estados isso deveria ser revisto.

Scot Consultoria: Quais as estimativas de perdas financeiras que o pecuarista tem com carrapato e verminoses?

Enrico Lippi: É muito difícil mensurar essa perda. Em um experimento feito em São Paulo, comparando o sistema rotacionado e o sistema de pastejo contínuo, começaram com uma quantidade pequena de carrapatos e ao término do experimento, com cerca de cem dias, foi necessário introduzir um módulo de tratamento preventivo nos animais que vieram do pastejo rotacionado, pois o número de carrapatos nesses animais era maior e eles perderam cerca de 16kg comparado com os animais em pastejo contínuo. Visto a importância deste assunto, iremos abordá-lo na palestra como ocorre esse ciclo, quais são os gargalos e como podemos atuar para diminuir a infestação de carrapato.


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