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Scot Consultoria

Oferta de boiada reduzida mantém firme arroba do boi gordo


Sexta-feira, 27 de julho de 2018 - 09h00

Fonte: Scot Consultoria


Sidnei Maschio: Hyberville, o que é que está pesando mais nessa queda do consumo que tem acontecido agora? É a falta de dinheiro que sempre acontece no final do mês ou é a falta de confiança do consumidor na economia do país?


Hyberville Neto: Sidnei, nós temos atualmente uma associação desses fatores. No que diz respeito a economia, sob uma ótica um pouca mais ampla, saindo da sazonalidade do mês, nós temos uma situação pior do que nós vínhamos observando nos últimos meses devido aos dobramentos diretos e indiretos de greve e ações para remedia-las, entre outros. Mas por outro lado, na comparação anual, nós diversos indicadores que mostram que a situação está melhor do que em 2017 considerando comparações de períodos semelhantes. E, no que diz respeito a sazonalidade do mês, tipicamente a segunda quinzena é de consumo mais fraco, e agora nós devemos ficar de olho para o varejo vir a se estocar a medida que a virada de mês se aproxima à espera do pagamento de salário.


Sidnei Maschio: Hyberville, historicamente o consumo de carne sempre melhora no segundo semestre do ano né? Da para acreditar que isso vai acontecer de novo agora em 2018?


Hyberville Neto: Nós acreditamos sim que nos próximos meses nós devemos ter um consumo crescente, devido a esse cenário de melhoria em relação ao primeiro semestre e também de melhoria na comparação anual, com as ressalvas de que nós esperávamos no início do ano um cenário mais positivo. Mas, ainda sim na comparação com o que nós tínhamos com o mesmo período de 2017, a situação está um pouco melhor.


Sidnei Maschio: Agora, mesmo com a demanda raquítica e desmilinguida, o preço do boi gordo continua subindo Hyberville. Isso quer dizer que a oferta de gado confinado é o que continua, ou a falta dela no caso, é o que continua mandando no mercado?


Hyberville Neto: Isso, nós temos atualmente um cenário de consumo relativamente lento que não faz com que a indústria tenha muita necessidade de aquisição de boiadas, muita emergência para comprar as boiadas, não há um fluxo tão forte do outro lado. Mas, quem tem ditado o ritmo do mercado em boa parte das regiões realmente é a oferta curta, que mesmo sem uma demanda ávida, sem que os frigoríficos precisem comprar volumes maiores de boiadas, eles precisam pagar um pouquinho mais geralmente, salvo as indústrias que possuem programações um pouco mais confortáveis, mas no geral os preços têm aparecido acima da referência ao longo do Brasil Central de maneira geral.


Sidnei Maschio: Hyberville, com esse tanto de aperto na oferta de animais para abate, por que então porque o preço não sobe desembestado?


Hyberville Neto: Nós temos uma oferta restrita de boiadas que faz que os frigoríficos paguem gradativamente mais pela arroba, mas eles não têm um fluxo de vendas que exija que eles façam isso de maneira muito impetuosa. Então, nós temos a indústria conseguindo segurar um pouco essas valorizações, uma vez que a demanda do varejo vindo comprar no atacado, vindo se estocar, ainda está relativamente calma. Agora, com a virada de mês e se a demanda animar um pouco como nós esperamos, é possível que dê um pouco mais de força para o mercado.


Sidnei Maschio: Hyberville, agora, se o valor da arroba não está com força suficiente para subir com mais substância né, quer dizer que existe, por acaso, algum risco de ele cair?


Hyberville Neto: O pecuarista não tem nunca que confiar numa direção única de mercado, ele tem que estar sempre considerando todas as possibilidades, mas nós acreditamos que daqui até meados do segundo semestre, até um pouco mais, dependendo do que o segundo giro do confinamento apresente, nós acreditamos num mercado sustentado, mais com um viés de alta do que de desvalorizações. Na verdade, a expectativa é de valorizações nos próximos meses sim. Claro que o pecuarista não deve contar com isso, ele deve sempre estar aberto a possibilidades de que expectativas mais otimistas sejam frustradas.    


Sidnei Maschio: Hyberville, com o consumo de carne e a oferta de gado pronto caindo, como é que está hoje a margem de comercialização da indústria?


Hyberville Neto: Nós tínhamos a um mês, um pouco mais um mês, uma margem consistentemente acima da média histórica, considerando todos os produtos vendidos pela indústria, considerando carne sem osso, couro, sebo, miúdos e derivados, nós tínhamos algo em torno de 29% acima do valor pago pela arroba, ou seja, a margem de comercialização, claro que aí nós temos todos os custos que o frigorífico tem que embutir nesse intervalo mas nós tínhamos algo em torno de 29%. Hoje temos algo em torno de 23 a 24%, ainda próximo, um pouco superior da média histórica mas houve uma redução, só que com o cenário de oferta restrita, caso haja fluxo, o patamar de margens não é um limitante para pagamentos maiores pela arroba, pelo menos não sob uma perspectiva histórica.


Sidnei Maschio: Com esse aumento menor do que era esperado pelo preço da arroba, o que é que vai acontecer com a boiada que vai ser confinada na parte derradeira da atual temporada?


Hyberville Neto: A viabilidade no primeiro giro do confinamento, que o que a gente didaticamente considera até a metade do segundo semestre mais ou menos, ela foi afetada pelos preços do mercado futuro que não estavam atrativos, custos com alimentação e o próprio custo com o boi magro também, a composição dos custos não geravam resultados positivos. Quando a gente começa a analisar do meio do ano para frente outubro, novembro e dezembro, nós temos valores no mercado futuro que já geram próximos de um lucro ali, dependendo dos índices zootécnicos da região, a situação já começa a gerar viabilidade mas entre viabilidade e atratividade para um crescimento forte para o confinamento, há uma certa distância. Então nós acreditamos que isso possa afetar negativamente o volume de gado confinado mesmo no segundo giro, mas ainda é algo que está se desenhando.


Sidnei Maschio: Agora, diferente do confinado, invernista está um pouco mais animado para comprar gado de reposição do que estava antes? Por que?


Hyberville Neto: No mercado de reposição houve uma melhoria da movimentação, à medida que aumentou a oferta de gado com diminuição da qualidade das pastagens houve esse aumento de oferta, mas nós não tínhamos uma demanda. Com as variações do mercado futuro, e a viabilidade aparecendo para algumas situações no confinamento, o próprio confinador buscou um pouco mais de gado e o invernista também, dependendo das condições as pastagens, acabou buscando essa reposição, essa compra de gado, uma vez que muitas vezes o vendedor não tem como reter as boiadas. E, isso, acabou aumentando a movimentação de maneira geral, no mercado de categorias mais eradas, o confinador no primeiro momento e depois, o confinador agora está um pouco mais ressabiado no que diz respeito ao mercado futuro e as cotações projetadas para o segundo semestre.


Sidnei Maschio: Considerando o forte abate de fêmeas que tem acontecido nos últimos anos, qual a previsão de vocês da Scot a respeito da oferta de boi magro no ano que vem?


Hyberville Neto: Nós acreditamos que o próximo ano já seja um ano de transição, provavelmente para cenários de preços mais firmes. Então é possível que nós tenhamos uma valorização do estoque de arrobas, as arrobas de reposição compradas atualmente, dependendo da era dessa reposição, elas tem uma probabilidade interessante de que no momento das vendas elas tenham uma valorização também desse estoque de arrobas, além de toda a produção que deve ser feita com eficiência em cima dessas cabeças compradas mas, o próprio estoque comprado hoje, tem uma probabilidade interessante de ter uma valorização no momento da venda seja em 2019 ou em 2020, dependendo do sistema e da era.       



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