Foto: Fazenda Cachoeira - Itabera-SP
Foto: Leonardo Souza (Qualitas Melhoramento Genético).
“Desmamar um bezerro por vaca, ao ano, é uma decisão operacional que o pecuarista pode planejar e alcançar se adotar as medidas que apresentaremos no evento”, é assim que Leonardo Souza, médico veterinário pela Universidade Federal de Goiás, e sócio-diretor da Qualitas Melhoramento Genético iniciará sua palestra no Encontro de Criadores da Scot Consultoria, que acontecerá nos dias 2 e 3 outubro, no Centro de Eventos do Ribeirão Shopping, em Ribeirão Preto-SP.
Para mais informações sobre este evento, acesse www.encontros.scotconsultoria.com.br.
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Scot Consultoria: Leonardo, sem “entregar muito o jogo” você poderia comentar um pouco conosco o que abordará em sua palestra no Encontro dos Encontros?
Leonardo Souza: O grande desafio brasileiro é diminuir a ineficiência produtiva dos rebanhos e quando falamos na cria, encontramos índices zootécnicos muito aquém do potencial. Desmamar um bezerro por vaca, ao ano, é uma decisão operacional que o pecuarista pode planejar e alcançar caso adote as medidas que apresentaremos no evento.
Scot Consultoria: As médias brasileiras dos índices zootécnicos reprodutivos ainda são muito baixas (taxa de prenhez de 60%, idade ao primeiro parto superior a 3,5 anos, intervalo entre partos próximo a dois anos etc.) porque você acha que a eficiência reprodutiva das nossas fêmeas ainda é tão indesejável?
Leonardo Souza: Historicamente, a cria foi utilizada para abrir novas fronteiras agrícolas até o momento em que proibiu-se o desmatamento. Sendo assim, a produção de bezerros foi crescendo pelo aumento de fêmeas entrando em reprodução, sem seleção e sem pressão por produtividade. A partir de 2014, houve a valorização do bezerro justamente pela diminuição de sua oferta, uma vez que para expandir as áreas de agricultura, fazendas de cria foram vendidas e arrendadas para soja e cana. Essa valorização não forçou os criadores a melhorarem os índices zootécnicos, mas sim, da mesma maneira, eles simplesmente aumentaram a quantidade de fêmeas em reprodução.
Scot Consultoria: Durante muito tempo nós nos preocupamos somente com o macho, investimos em tecnologias genéticas para aumentar o ganho de peso, o acabamento, rendimento de carcaça etc. E agora, o caminho para melhorar a produtividade brasileira é parar de negligenciar as fêmeas? Qual sua opinião sobre isso?
Leonardo Souza: A melhoria da produtividade da cria ocorrerá por pressão, infelizmente. Somente quando houver a inviabilização financeira das fazendas que não apresentarem bons índices zootécnicos é que realmente ocorrerá a mudança. O alerta que faço é que aqueles que já estiverem fazendo o dever de casa, com certeza se apropriarão dos resultados dos ineficientes. Com certeza, na cria é que encontramos mais oportunidades de melhorias e, portanto, também mais espaço para melhorar a rentabilidade.
Scot Consultoria: Existe a famosa frase “O gargalo da pecuária é a cria”. Para o produtor que deseja reverter esse estereótipo, qual o primeiro passo, Leonardo?
Leonardo Souza: A ação mais importante e também a mais impactante é fazer um estação de monta de 70 dias. E hoje, mais do que nunca, as ferramentas estão disponíveis para viabilizar esta estratégia.
Scot Consultoria: Identificar e selecionar animais superiores são uma excelente estratégia para melhorar os índices da fazenda, em sua opinião, por que o investimento em genética ainda é pouco adotado pelas fazendas brasileiras? Ainda há um grande caminho a ser percorrido nesse mercado?
Leonardo Souza: Sinceramente, acredito que o desconhecimento do potencial produtivo dos animais melhorados geneticamente é a principal barreira. Se os produtores soubessem que é possível emprenhar novilhas nelore aos 14 meses, que se tornarão vacas que desmamarão um bezerro de 250 kg com um intervalo de partos de 365 dias, que esse bezerro se tornará um boi de 20@ aos 20 meses de idade com uma conversão alimentar de menos de 4 kg de Matéria Seca para cada quilo de ganho de peso e que tudo isso se resume em alcançar um resultado financeiro acima de R$1.000,00 por hectare, acredito que é isso que realmente o convenceria da importância da genética.
Portanto, há uma oportunidade enorme para o mercado de genética que realmente se preocupa em resolver os problemas de produtividade da pecuária de corte brasileira. Infelizmente, mais de 34% dos bois brasileiros são abatidos acima de 4 anos de idade e a genética está diretamente ligada a esta péssima realidade.
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