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Scot Consultoria

Encontro de Confinamento da Scot Consultoria entrevista o diretor presidente da Mendes e Mendo Engenharia e Projetos, João Luís Chichorro


Sexta-feira, 14 de março de 2014 - 10h01


O confinamento de bovinos não é essencial para o sucesso na pecuária, mas ajuda muito. Sucesso, grana, produtividade e racionalização. Na pecuária de corte tudo isso é possível, mas fica mais possível com o confinamento de bovinos.


O Encontro de Confinamento da Scot Consultoria, que já é tradição no mês de abril entre os confinadores, apresenta a cada ano algo diferente. Em 2014 inovamos o modelo de palestras, para tornar o evento ainda mais dinâmico e interativo.


O Encontro acontecerá nos dias 23 e 24 de abril no Centro de Convenções de Ribeirão Preto-SP. No dia 25 de abril ocorrerá uma visita técnica opcional ao Confinamento Monte Alegre em Barretos-SP.


Para maiores informações acesse www.encontroconfinamento.com.br.


Um dos palestrantes será o engenheiro agrícola pela Universidade Federal de Viçosa - UFV, doutor em construções rurais pela Universidade de Lisboa e diretor presidente da Mendes e Mendo Engenharias e Projetos, João Luís Chichorro.


Sua palestra abordará o tema "Problemas estruturais, o que de ruim pode acontecer?".


Para saber um pouco sobre a palestra, leia a entrevista que ele concedeu à organização do Encontro de Confinamento da Scot Consultoria.


Scot Consultoria: A estrutura do confinamento pode ser uma aliada para facilitar as operações e diminuir os custos operacionais. Qual o problema mais comum em relação à estrutura?


João Luís Chichorro: O planejamento correto das infraestruturas pode, sem dúvida nenhuma, ser o grande aliado dos custos operacionais do confinamento.


Podemos claramente citar situações que podem privilegiar, tanto a minimização desses custos, como a sua maximização, tais como movimentação de máquinas e equipamentos nas estradas de acessos a pontos fundamentais, recepção de matéria prima (balança rodoviária, acesso a fábrica de ração e descarga da matéria prima), produção de ração (fábricas bem equipadas e com logística adequada - recepção, produção e expedição de ração), estradas de acesso aos currais de manejo, piquetes de descanso, pesagem de animais, processamento dos animais em lotes, encaminhamento para os piquetes de confinamento e, por fim, a preocupação do caminho inverso, que seria a saída destes animais dos piquetes do confinamento até ao embarque adequado nas carretas.


Observação: neste ponto devemos nos preocupar com as operações que irão acontecer simultaneamente em curtos períodos de tempo, de chegada e saída de animais - atualmente tenho projetado currais de manejo de entrada e outro de saída, que melhora significativamente o fluxo cruzado. Isso garante uma melhor bioseguridade com relação a possíveis contaminações cruzadas entre os animais que estão chegando e saindo.


Depois, temos os demais fluxos internos relacionados ao manejo do confinamento (caminhos dos cavaleiros, acesso de carros menores, acesso dos veterinários e funcionários).


De nada adianta termos boas infraestruturas (estradas, piquetes, currais de manejo, etc...) se não tivermos bons equipamentos, tais como sistemas hidráulicos e elétricos adequados e máquinas de manejo revisadas e dimensionadas adequadamente (misturadores, moinhos, balança rodoviária, sistemas de controle, etc...). Neste ponto, é muito importante conhecer a região e suas aptidões quanto ao tipo de insumos e estratégias de pré-operações que deverão ser realizadas.


Sustentabilidade das estruturas: sem nenhuma dúvida a falta de um bom planejamento é o ponto principal do fracasso de unidades de confinamento no Brasil. O planejamento deve ser o ponto fundamental para que, junto com as opções de fluxo de caixa e estratégia de mercado, possamos adequar todos os outros quesitos fundamentais, como, por exemplo, nutrição, genética, construções rurais, máquinas e equipamentos, meio ambiente e mão de obra adequada (treinamento).


O fundamental para que este planejamento seja sustentável, é a participação multidisciplinar da equipe.


Scot Consultoria: Quais fatores são levados em conta no dimensionamento do confinamento?


João Luís Chichorro: Localização geográfica da propriedade; localização com relação à disponibilidade de energia elétrica e captação de água; caracterização geomorfológica da região, incluindo, tipo de solo, precipitação, temperatura média, insolação, etc...; localização quanto ao fornecimento de animais (genética e quantidade); localização quanto ao fornecimento de matérias primas, produção e fabricação própria; localização quanto à quantidade e qualidade de mão de obra disponível na região; localização adequada às normas de meio ambiente em vigor na região, tanto na esfera municipal, estadual e federal.


Após a identificação do perfil da região, são elaborados os projetos. Um bom projeto por si só não resolve tudo! Ele apenas faz parte do inicio de um planejamento que pode levar anos até ser completamente executado.


Um bom projeto deve prever situações desconhecidas que podem acontecer, dependendo da disponibilidade e do custo beneficio. Exemplo: a implantação de um floculador na propriedade.


Faço aqui uma ressalva que muitas unidades no Brasil já nasceram predestinadas ao fracasso, pois a exequibilidade do projeto era muito prematuro, tanto pela dificuldade de se encontrar equipamentos com custo beneficio adequado, ou principalmente pelo fato de alguma etapa fundamental ter sido "queimada", tais como preparação das instalações, treinamento de mão de obra interna e de fornecedores, etc...


Estes erros são causados, principalmente, devido à execução de projetos com verbas abundantes e gastos sem maior rigor prático e técnico. Incompatibilidades no projeto geralmente são realizadas por profissionais com pouca experiência e técnicos muito teóricos.


Scot Consultoria: Qual declividade e tipo de solo são usados para evitar danos com barro nos confinamento?


João Luís Chichorro: A declividade ideal do terreno está relacionada com a morfologia físico química do solo, com a precipitação característica dos últimos 30 anos na região, e, sem dúvida nenhuma, sendo o mais importante, com o período do ano que os animais serão confinados e o tempo que estes animais ficarão em confinamento.


Resumindo, a experiência do técnico neste caso é o fator que irá determinar essa declividade depois que o mesmo analisar todos os pontos citados. De uma forma geral, a melhor declividade é a de 3%, em solo franco arenoso.


Scot Consultoria: Quais problemas ambientais o confinador pode enfrentar? Qual o custo disso? A implantação de um tratamento de dejetos é a solução?


João Luís Chichorro: Crime ambiental - esse é o maior problema que um confinador pode enfrentar, sem duvida. O que é isso? Imaginem um confinamento com capacidade para 5 mil animais estático, uma área aproximadamente de 15 hectares, sofrendo uma chuva de 100 mm, sem contenção de dejetos. Todo o confinamento é lavado por essa chuva e o linguame (água misturada com esterco e urina dos animais) é carreado para o leito do rio, que fica logo abaixo e cuja água é utilizada na estação de tratamento da cidade.


O custo disso é muito variável e deve ser analisado por vários aspectos, mas dois são fundamentais: o primeiro, qual o custo de não se ter a sustentabilidade ambiental tanto do confinamento como da sua propriedade? E qual o custo de se ter essa sustentabilidade?


Hoje em dia, não podemos apenas falar em tratamento de dejetos! Temos que falar em plano de monitoramento ambiental, no mínimo, antes de chegarmos a extremos que seriam estudos mais complexos do tipo EIA E RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Meio Ambiente), que são inclusive apresentados à sociedade sobre a forma de audiências públicas.


Resumidamente, a sustentabilidade ambiental em confinamentos de gado no Brasil é um assunto de estrema relevância, que envolve a responsabilidade integral, técnico e criminal dos envolvidos, que são o proprietário, o técnico responsável e o secretário de meio ambiente que assinou a licença.


A solução - é o conjunto de procedimentos planejados, apresentados à sociedade e assinados pelos órgãos legais e que valerão pelo resto da vida útil do confinamento monitorado, fiscalizado e ajustado, se necessário, para a continuação da sustentabilidade ambiental do empreendimento.


Scot Consultoria: Quais os principais tópicos que serão abordados na sua palestra?


João Luís Chichorro: Tentarei fazer uma abordagem direta e bem prática das situações reais nos confinamento, levando em consideração os principais pontos:


1. Infraestruturas;


2. Maquinas e equipamentos;


3. Meio ambiente.


Além do mais, devo provocar ao máximo a discussão e o debate, por isso apresentarei tanto quanto possível fotos e ilustrações das situações.



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