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Scot Consultoria

Henrique Balbino - ASPRANOR


Quarta-feira, 1 de agosto de 2012 - 11h30

É formado em Cooperativismo pela Universidade Federal de Viçosa-MG. É presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Animais Orgânicos (ASPRANOR).


Scot Consultoria: A pecuária de corte orgânica tem aumentado nos últimos anos? Quais as regiões mais favoráveis para esta prática? Quais os estados que despontam neste tipo de criação?


Henrique Balbino: Não, ela permanece estável nos últimos três anos. As regiões mais favoráveis são as de terras férteis, com calor e condições ambientais propícias à criação e engorda, como as encontradas no Centro-Oeste, no caso o Pantanal, principal polo de pecuária de corte orgânica, e na região Norte do Brasil. Atualmente, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul são os principais estados em pecuária de corte orgânica.


 


Scot Consultoria: Quais os principais incentivos ao pecuarista para o ingresso na pecuária orgânica?


Henrique Balbino: Basicamente, o premio pago pelo frigorífico e a satisfação de ser um produtor que contribui para a sustentabilidade, garantindo para as gerações vindouras a condição de poder produzir em terras, rios e matas preservadas.


O frigorífico JBS foi a empresa pioneira a incentivar e manter uma parceria com a ASPRANOR e com outra importante associação do setor, há quase 10 anos. Neste caso, o ágio pago sobre a arroba varia, em média, entre 10% e 18%, dependendo da categoria do animal.


 


Scot Consultoria: O mercado consumidor brasileiro da carne bovina orgânica está crescendo? Quais os nossos principais clientes? Qual o perfil do consumidor brasileiro de carne bovina orgânica?


Henrique Balbino: No Brasil, o mercado para cortes bovinos orgânicos se encontra em estabilidade. Em relação ao varejo, os principais compradores são as grandes redes varejistas, como o Grupo Pão de Açúcar e Wal Mart. Destaque também para butiques de carnes, voltada a um público de maior poder aquisitivo.


Em relação ao perfil do consumidor, é semelhante entre os principais países consumidores. Geralmente é oriundo das classes A e B, com alto nível de escolaridade e crescente preocupação ambiental.


 


Scot Consultoria: Quais os impactos sociais e ambientais mais perceptíveis da pecuária de corte orgânica em relação à pecuária de corte convencional?


Henrique Balbino: Se pensarmos que nenhum produtor alcança a certificação se não tiver um trabalho exemplar nas áreas ambiental, social e de manejo/administração, entenderemos que o sistema de produção orgânica certificada seleciona produtores de alto nível, que certamente estão entre os melhores na cadeia de produção da carne.


No processo de certificação, a fazenda só consegue o status de orgânica se cumprir, à risca, todas as exigências com relação às legislações ambiental e trabalhista. São exigidos pontos adicionais, como, por exemplo, boas condições de moradia e garantia do acesso à escola. Algumas fazendas associadas apresentam trabalhos que vão além do exigido pela legislação ou pela certificadora, como o oferecimento seguro individual contra acidentes, cursos de informática para os funcionários, coleta seletiva de lixo, horta comunitária e viveiros de produção de plantas nativas.


Na parte ambiental são vistoriadas a preservação das matas ciliares, a reserva legal, o combate à erosão, a destinação e tratamento dos resíduos sólidos e líquidos, a adequação à legislação pertinente, e quando houver alguma desconformidade, exige-se do produtor o compromisso de sanar o problema em tempo previamente acordado.


O volume de gado abatido (aproximadamente 1.000 animais/mês) não tem significância para modificar a economia regional, mas pode-se afirmar que este é um sistema sustentável, que atinge em cheio o tripé da sustentabilidade na pecuária de corte.



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