Resultado foi melhor em 2025, do que em 2024, apesar da safra recorde. Para 2026, cenário é desafiador e requer atenção do agricultor.
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A safra 2024/25 foi marcada pela recuperação de margens e retorno financeiro à “dobradinha” soja e milho, após o ano safra que pode ser considerado por muitos como o pior da história do setor agrícola brasileiro (2023/24) - o período foi marcado por custos de produção em alta e preços em baixa.
Os preços da soja e do milho estiveram relativamente sustentados, apesar dos recordes de produções – para ler mais, acesse.
A produção crescente foi resultado de uma maior área e, também, por uma produtividade recorde no campo – aumento de produtividade, a depender das condições de mercado, pode ser sinônimo de um maior retorno ao produtor.
Em 2024/25, os custos com o cultivo de soja e de milho caíram. Alguns grupos de custos produtivos foram menos onerosos – a exemplo, o custo com fertilizantes e defensivos agrícolas.
Considerando o custo operacional efetivo – não levando em consideração o custo oportunidade e, consequentemente, o custo total efetivo, houve retração em todas as praças analisadas (Mato Grosso, Paraná, Goiás e Maranhão). Em média, o custo para a rotação soja/milho recuou 18,3% (Conab).
Com produtividade e produção recorde e preços praticamente “lateralizados”, a receita, considerando a média de preços durante todo o ano safra, cresceu, em média, 31,7%.
O resultado de uma receita maior e custo menor, foi uma margem melhor em 2024/25. Veja na figura 1.
Figura 1.
Estimativa de resultado para a produção de soja, na safra de verão, e milho, na safra de inverno, em diferentes regiões do Brasil, em R$/hectare, considerando o custo operacional efetivo (COE), como referência e o preço médio na safra 2024/25.
Fonte: Conab, Scot Consultoria / Elaboração: Scot Consultoria
A semeadura da safra de soja está praticamente encerrada.
Até 22/12, 97,6% da área estimada com a cultura no país foi semeada (Conab) – acima da média das últimas cinco safras (94,9%) e, em linha com o desenvolvimento da safra anterior (97,8%).
Houve atrasos em algumas regiões e estresse hídrico em outras, mas, por ora (dezembro/25), a produtividade está estimada para continuar como em 2024/25 – 3,6 mil toneladas/hectare.
Para a segunda safra de milho, o atraso na semeadura da soja em algumas regiões e maior risco climático levou a uma revisão da produtividade esperada para o ciclo atual – estima-se, atualmente, recuo de 6,0%.
Do lado dos custos de produção, há a expectativa de que estes serão maiores, puxados, principalmente, pelo custo com os fertilizantes, que, ao longo de 2025 subiram em relação ao ano passado – houve, porém, janelas de oportunidade para diminuir os custos de produção. Veja na tabela 1.
Tabela 1.
Preço de diferentes grupos de fertilizantes no Centro-Sul e a sua variação anual.
| Fertilizantes | dez/25 | Variação (%) anual |
|---|---|---|
| Sulfato de Amônio | 2.540,63 | 32,08% |
| Ureia | 3.900,04 | 27,87% |
| Nitrato de Amônio | 2.363,18 | 13,89% |
| Cloreto de Potássio pó | 3.051,39 | 25,58% |
| Cloreto de Potássio granulado | 2.850,75 | 18,29% |
| Super Simples Gr. | 2.176,78 | 1,22% |
| Super Simples Pó | 2.328,92 | 24,92% |
| Super Triplo | 2.883,33 | 10,92% |
| Map granulado | 4.768,00 | 32,83% |
| Dap | 3.150,00 | -2,94% |
| 20-00-10 - pastagem | 2.129,28 | -2,22% |
| 20-00-20 - cobertura - grãos | 2.989,70 | 2,76% |
Fonte: Scot Consultoria
A estimativa para a safra 2025/26 é de que os custos aumentem, em média, 6,1% (Conab). Com um rendimento menor para o milho e preços médios para 2025/26 com a perspectiva de trabalharem próximos às referências em 2024/25, esperamos margens operacionais menores. Veja na figura 2.
Figura 2.
Estimativa de resultado para a produção de soja, na safra de verão, e milho, na safra de inverno, em diferentes regiões do Brasil, em R$/hectare, considerando o custo operacional efetivo (COE), como referência e o preço médio na safra 2025/26*.
*preço médio entre julho e dezembro de 2025.
Fonte: Conab, Scot Consultoria / Elaboração: Scot Consultoria
O ciclo 2025/26 seguirá desafiador aos produtores. Com a perspectiva de uma safra recorde a caminho, a possibilidade de preços médios mais frouxos existe – imprimindo um cenário de margens que pode ser ainda menor que o estimado.
Além disso, nesta análise, não consideramos o custo financeiro (depreciação e custo oportunidade), nem o arrendamento da terra. Levando em considerações estes fatores, os desafios tornam-se ainda mais significativos.
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