• Segunda-feira, 10 de novembro de 2025
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Scot Consultoria

Carta Grãos e Agricultura - Ímpeto do algodão brasileiro cessou?

Em números um tanto quanto desanimadores, a Conab estimou uma produção menor para 2026 e leve aumento de área, em contraste com o que aconteceu nos últimos anos.


Foto: Freepik

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A partir de 2017, a cotonicultura brasileira teve uma forte expansão. Entre o começo dessa expansão e 2025, a área semeada mais que dobrou, passando de 939,1 mil hectares para c. 2,1 milhões de hectares – alta de 123,6%.

No mesmo período, a produção de algodão em pluma saiu de 1,5 milhão para c. 4,1 milhões de toneladas, um avanço de 173,3%, conforme mostra a figura 1. O avanço da produção foi maior do que o da área, ou seja, a produtividade também aumentou.

E, agora com a safra 2024/25 já finalizada (colheita finalizada no começo de outubro), esses números estão praticamente consolidados.

Figura 1.
Evolução da área cultivada e da produção de algodão em pluma no Brasil (milhões de hectares e toneladas, respectivamente).
Fonte: Conab / Elaboração: Scot Consultoria

Entretanto, a Conab apresentou seu primeiro boletim de safras para o ciclo 2025/26 na metade de outubro, e trouxe números para o algodão que estão em contraste com o que aconteceu nos últimos anos.

A Companhia estimou uma área de 2,14 milhões de hectares para 2025/26, um aumento de 2,5% frente a 2024/25 (recém-colhida). Por outro lado, para a pluma, houve redução de 1,1%, passando de 4,08 para 4,03 milhões de toneladas.

Para o caroço, a Conab apresentou uma redução de 1,2%, passando dos 5,78 milhões de toneladas no ciclo recém-colhido para uma estimativa de 5,72 milhões a serem produzidos ano que vem.

Embora seja precoce afirmar isso – principalmente por conta do clima –, é a primeira vez desde 2021 que a produção de caroço e pluma deve diminuir de uma safra para outra, embora a área apresente aumento.

Por outro lado, mesmo ao fazermos uma análise básica de crescimento para a área de algodão no Brasil, utilizando o CAGR, a taxa composta de crescimento da área entre 2017 e 2026 é de 9,6% a.a.

Esse ritmo médio contrasta com o avanço pontual estimado para 2026 frente a 2025 (2,5%), indicando perda de força.

Para qualificar a trajetória, usamos um CAGR rolante (a taxa composta média calculada em janelas móveis de três anos), que evidencia desaceleração:

2017-2020: 20,8% a.a.

2021-2024: 12,4% a.a.

2023-2026: 8,7% a.a.

Se as estimativas da Conab se confirmarem, a oferta de coprodutos pode ficar ligeiramente menor em 2026. Isso pode reduzir a disponibilidade de farelo e de torta de algodão, o que tende a pressionar preços. Há de se observar, entretanto, o spread entre esses coprodutos e farelo de soja/DDG.

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