A produção de fertilizantes no Brasil, poderá mudar drasticamente (para melhor) os custos de produção em nosso agro.
Foto: Bela Magrela
A Petrobrás divulgou, em seu Plano de Negócios 2025-2029, a retomada das operações em quatro unidades produtoras de fertilizantes: a de Camaçari (BA), a de Araucárias (PR), a de Três Lagoas (MS) e a de Laranjeiras (SE).
A unidade de Araucária (Fafen-PR), desativada em 2020, será reintegrada à operação da Petrobrás. As fábricas da Bahia e de Sergipe voltam ao controle da estatal após o acordo que aceitou a recuperação judicial da empresa arrendatária Unigel.
A Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN-III), em Três Lagoas (MS), está em processo de licitação e tem previsão de início das operações em 2026. Quando estiver em funcionamento, terá capacidade para produzir anualmente 1,2 milhão de toneladas de ureia e 70 mil toneladas de amônia. Segundo a Petrobrás, ao somar estas unidades, as reativações poderão suprir cerca de 35,0% da demanda nacional de ureia até 2028. Este plano, busca reduzir a dependência da importação e reforçar a produção doméstica.
Com a maior oferta doméstica, parte da pressão de custo atribuída à logística, câmbio e importações poderá diminuir. Se a Petrobras conseguir operacionalizar essas fábricas da maneira planejada, haverá menor vulnerabilidade às mudanças externas ou às altas da importação.
Porém, o impacto nos preços não será imediato. Primeiro, as fábricas precisam entrar em funcionamento, ajustar logística, contratar e capacitar funcionários, adquirir matérias-primas e definir a produção de acordo com o escoamento. A planta de Três Lagoas, por exemplo, está em obras. No curto prazo, a retomada pode melhorar a previsão da oferta, o que pode reduzir riscos percebidos e conter as cotações. No médio prazo, isso poderá moderar os preços dos fertilizantes no mercado doméstico.
Teremos um claro potencial de redução das importações com a retomada das unidades. A Petrobrás estima suprir 35,0% da demanda nacional de ureia até 2028. Atualmente, o Brasil importa mais de 90,0% dos fertilizantes consumidos, principalmente da Rússia.
Reduzir importações tem impacto positivo em alguns pontos: menor exposição à variação do câmbio, aos custos internacionais e aos gargalos de logística global; e incremento da autonomia nacional na cadeia de fertilizantes.
Ainda que a totalidade da demanda não seja atendida pela produção doméstica imediatamente, cada tonelada produzida internamente representa uma tonelada a menos que importamos, o que contribui para a balança comercial e para os custos.
Se as cotações dos fertilizantes ficarem mais previsíveis, isso tende a facilitar a gestão do produtor. Com previsibilidade, o custo fica administrável, o que melhora a margem de lucro ou permite maior competitividade, sendo especialmente importante para o pequeno e médio produtor.
A redução da dependência das importações também significa menor risco da falta do insumo e de salto de preços por fatores externos, como restrições de exportadores, crise de frete ou câmbio, ou guerras, como vimos acontecer em relação à Rússia.
A escala de produção interna precisa ser efetivada e bem gerida, já que os ganhos demoram a se materializar em função da logística, preço das matérias-primas, e gás natural. Em suma, a retomada de produção doméstica pode contribuir para a redução do custo de produção agrícola no Brasil, especialmente para produtores que dependem intensamente de fertilizantes nitrogenados, se o plano da Petrobras de fato acontecer, com precisão, qualidade e eficiência, o agro nacional ganhará competitividade.
A iniciativa da Petrobrás de retomar e expandir a produção de fertilizantes no Brasil representa um instrumento estratégico importante para o agronegócio. Se bem executada, ela tem o potencial de moderar e reduzir significativamente as importações de insumos agrícolas, fortalecendo a autonomia nacional e consequentemente, diminuindo os custos de produção dos produtores rurais, favorecendo a competitividade e a sustentabilidade econômica da atividade.
Entretanto, o sucesso não está garantido automaticamente. A efetividade dependerá de cronograma de retomada, investimento, abastecimento de matérias primas, logística, competitividade em relação a importados, custos de manutenção e operação, entre outros itens. O que já temos como certeza é o grande impacto socioeconômico que a retomada das operações trará ao Brasil: mais de cinco mil empregos gerados para a realização do plano.
Referências:
AEPET. “Petrobras assina acordo e reassumirá duas fábricas de fertilizantes”, 23/05/2025. Disponível em: Petrobrás assina acordo e reassumirá duas fábricas de fertilizantes - AEPET - Associação dos Engenheiros da Petrobrás. Acesso em: 03/11/2025.
COMPRERURAL. “Dependência de fertilizantes russos deixa Brasil vulnerável a novas taxações dos EUA”. Disponível em: Dependência de fertilizantes russos deixa Brasil vulnerável a novas taxações dos EUA - CompreRural. Acesso em: 03/11/2025.
GLOBALFERT. “Governo confirma retomada de fábrica de fertilizantes em MS com apoio do Novo PAC”, 2025. Disponível em: Governo confirma retomada de fábrica de fertilizantes em MS com apoio do Novo PAC - GlobalFert. Acesso em: 03/11/2025.
PETROBRAS. “Petrobras assina acordo com a Proquigel”. Disponível em: Petrobras assina acordo com a Proquigel. Acesso em: 03/11/2025.
PETROBRAS. “Petrobras vai reativar fábricas de fertilizantes e pretende suprir 35% da demanda nacional até 2028”. Disponível em: Petrobras vai reativar fábricas de fertilizantes e pretende suprir 35% da demanda nacional até 2028 – Giro Capixaba. Acesso em: 03/11/2025.
PETROBRAS. “Plano Estratégico 2050. Plano de Negócios Petrobras 2025-2029”. Disponível em: PLANO DE NEGÓCIOS PETROBRAS 2025-2029 Acesso em: 03/11/2025.
<< Notícia AnteriorReceba nossos relatórios diários e gratuitos