Clima adverso, queda na produtividade e o vendedor retraído sustentaram os preços do café no mercado brasileiro.
Foto: Bela Magrela
A colheita de café no ciclo 2025/26 terminou em agosto.
Apesar da maior disponibilidade, os preços do café dispararam.
A cotação do café arábica, segundo indicador Cepea/Esalq, iniciou agosto (1/8) em R$1.772,27/saca, e em meados de setembro, (19/9) está cotado em R$2.147,29/saca.
Para o café conilon, não foi diferente. O indicador Cepea/Esalq esteve cotado em 19/9 em R$1.288,48/saca, e, no início de agosto, estava em R$1.029,60/saca.
De agosto, até agora, a cotação do arábica subiu 21,2%, e a do conilon, 25,3% - em doze meses os aumentos foram de 52,5% e 35,3%, respectivamente (figura 1).
Figura 1.
Cotação média mensal* do indicador Cepea/Esalq, para o café arábica e para o café conilon, R$/saca.
*para setembro de 2025, até 19/9.
Fonte: Cepea/Esalq. Elaboração: Scot Consultoria
O primeiro ponto é a oferta. Esperava-se um ciclo de produção ajustado nesta temporada, em relação ao ciclo anterior.
A Conab, em 4 de setembro, divulgou seu terceiro boletim sobre a safra cafeeira para 2025. A produção esteve estimada em 55,2 milhões de sacas beneficiadas – aumento de 1,8% em relação ao ciclo anterior.
O crescimento da produção foi puxado pelo Conilon, cuja oferta aumentou para 20,0 milhões de sacas beneficiadas, crescimento de 37,2% em relação ao ciclo anterior. Para o Arábica, a produção, acompanhando sua sazonalidade, caiu 11,2%, estimada em 35,1 milhão de sacas.
Figura 2.
Estimativa de produção de café, em milhões de sacas beneficiadas.
Fonte: Conab / Elaboração: Scot Consultoria
A perspectiva de uma oferta ajustada somou-se a condições climáticas adversas e que levou a quebra de produção – principalmente para o arábica – maiores que as previstas e um volume de produção menor que o potencial produtivo.
Além disso, a tarifa extra imposta pelo mercado estadunidense colaborou com a alta. Por quê?
Mesmo com redução da exportação para os Estados Unidos, a imposição das taxas tem elevado os preços do café em outros mercados fornecedores e, consequentemente, ao mercado norte-americano, levando a aumento nos preços do café na Bolsa de Nova York (ICE Futures).
Outro ponto relevante tem tratado das expectativas quanto à oferta para o ciclo 2026/27. Com algumas geadas em regiões produtoras importantes no inverno e um atraso das chuvas nestas regiões, no período das primeiras floradas, a especulação em torno do potencial brasileiro aumentou, sustentando preços no mercado externo.
As altas, apesar do real apreciado ante ao dólar em agosto, foram suficientes para colaborar com o repasse aos preços do café no Brasil.
Por fim, no mercado doméstico, após forte aumento nos preços desde meados 2024 e capitalização dos produtores, tem ocorrido maior possibilidade de negociação por parte do vendedor – mesmo com a colheita encerrada – o que, também, colabora com a alta.
Em curto prazo, o mercado deverá seguir firme, não descartando, é claro, correções após o forte movimento de alta em agosto/setembro.
Para o médio prazo, com a aproximação do outono/inverno no hemisfério Norte, a demanda para exportação deverá aumentar até o fim do ano, fator que também colabora com a perspectiva de preços firmes.
A depender do clima e das perspectivas de oferta no Brasil e outros importantes produtores, o mercado poderá ganhar maior tração.
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