Crescimento da produção brasileira de sorgo, concentração regional, destinação para nutrição animal e análise comparativa de custo-benefício com o milho.
Foto: Freepik
O Brasil é o terceiro produtor mundial de sorgo. A produção em 2025 está estimada em 5,58 milhões de toneladas (CONAB), um aumento de 26,3% frente a 2024. Esse crescimento pode ser explicado pela expansão de 8,5% na área cultivada e um incremento de 16,4% na produtividade.
O sorgo mantém uma trajetória de crescimento exponencial na produção. Entre 2003 e 2021, a produção média anual fora de 1,9 milhão de toneladas. De 2022 a 2024, essa média saltou para 4,11 milhões de toneladas, um aumento de 2,14 vezes entre os dois períodos.
A produção de sorgo concentra-se basicamente na região Centro-Oeste, com estimativa de 2,4 milhões de toneladas em 2025, seguida pelo Sudeste com 1,8 milhão de toneladas e Nordeste com 1,0 milhão de toneladas (figura 1).
Figura 1.
Estimativa de produção para 2025 e principais estados produtos de sorgo em mil toneladas.
Fonte: CONAB / Elaboração: Scot Consultoria
O sorgo é destinado principalmente à produção animal. Sua utilização é estratégica devido à versatilidade, adaptação à seca e menor custo de produção. O grão é estratégico, por competir com o milho em quantidade de proteína e energia bruta.
A análise dos preços do milho e do sorgo em Goiás, por exemplo, nos últimos dois anos (figura 2) revela a competitividade entre as culturas. O sorgo é alternativa em cenários de risco climático e em janelas estreitas para semeadura, sendo o principal concorrente do milho por área na segunda safra.
Atualmente, o preço do milho em Goiás está mais atrativo que o do sorgo, aproximadamente R$29,40 por tonelada. Contudo, esse comportamento é momentâneo, tendo ocorrido apenas duas vezes nos últimos dois anos.
Figura 2.
Comparação entre o preço do milho e do sorgo (R$/kg), preços nominais, em Goiás.
Fonte: Scot Consultoria
Para uma avaliação precisa da escolha entre esses dois alimentos, é preciso comparar a disponibilidade de nutrientes entre os grãos (tabela 1).
Tabela 1.
Composição química, e valores energéticos dos alimentos (na matéria natural).
Sorgo alto tanino | Sorgo baixo tanino | Milho | Milho | Milho | |
---|---|---|---|---|---|
MS (%) | 85,90 | 87,10 | 87,00 | 88,90 | 92,60 |
PB (%) | 8,97 | 8,75 | 6,92 | 7,86 | 8,80 |
EB (kcal) | 3860 | 3988 | 3865 | 3901 | 3936 |
Fonte: Tabelas brasileiras para aves e suínos/ Elaboração: Scot Consultoria
Ao comparar os preços por quilograma de proteína bruta (figura 3), o sorgo ganha desde janeiro de 2024, tanto para teores de 8,97% quanto de 8,75% de proteína. O milho só ganha quando a disponibilidade de proteína ultrapassa 8,80%, como observado em julho.
Essa dinâmica de preços por unidade proteica, aliada ao perfil nutricional equivalente ao milho, reforça o papel estratégico do sorgo na cadeia produtiva. Mesmo em momentos de leve desvantagem pontual no preço bruto, a eficiência nutricional mantém a competitividade estrutural do grão.
Figura 3.
Custo para disponibilidade de 1,0kg de proteína bruta na matéria natural, entre sorgo e milho, no período de 2023 a 2025, em Goiás.
Fonte: Scot Consultoria
Considerando a energia disponível (figura 4), observa-se comportamento semelhante, mesmo com a atual vantagem do milho em preço bruto, ambas as culturas mantêm equivalência no custo-eficiência energética. Notavelmente, em julho, o milho equiparou-se ao sorgo baixo tanino em todos os níveis de fornecimento energético - confirmando que a competitividade do sorgo persiste mesmo sob flutuações do mercado.
Figura 4.
Custo para disponibilidade de 3800kcal de energia bruta na matéria natural entre sorgo e milho, no período de 2023 a 2025, em Goiás.
Fonte: Scot Consultoria
Portanto, a escolha entre sorgo e milho deve priorizar a relação custo-benefício por nutriente (proteína e energia), a resiliência climática nas janelas de semeadura e as especificidades da cadeia produtiva demandante.
Mesmo em cenários de leve vantagem temporária no preço bruto do milho - caso atual em Goiás - o sorgo mantém paridade energética e superioridade proteica sustentada. Desse modo, a decisão entre as culturas transcende a simples cotação de mercado do produto, devendo considerar principalmente a disponibilidade efetiva de nutrientes por unidade de custo.
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