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Scot Consultoria

Carta Grãos - Segunda safra de milho em 2023/24: pontos de atenção


Quinta-feira, 28 de março de 2024 - 06h00


Os preços do milho começaram 2024 em alta no Brasil, mas perderam sustentação nos últimos meses. Acompanhe na figura 1.


Figura 1.
Cotação do milho, em R$/saca, em Campinas-SP.

Fonte: Scot Consultoria


Após safra recorde em 2022/23 e forte depressão dos preços, o mercado ganhou firmeza no último trimestre de 2023 pois o clima seco e com precipitações irregulares atrapalhou a semeadura da safra de verão e elevou o risco de menor janela de semeadura para a segunda safra – a principal no Brasil.


Além disso, os estoques de passagem, que abastecem o mercado até o início da colheita da primeira safra, estavam em baixa, com uma safra recorde em 2022/23 praticamente toda consumida.


A partir de janeiro, com o início da colheita da safra de verão e a colheita da soja no Centro-Oeste adiantada em função do clima, que antecipou o desenvolvimento das lavouras, a semeadura da segunda safra ocorreu, em sua maioria, na janela ideal (até meados de março), em praticamente todo o Brasil, os preços caíram.


Com praticamente toda a segunda safra semeada (92,3% até 17/3), comentaremos alguns pontos de atenção para o direcionamento do mercado nos próximos meses.


Clima

Após um ano marcado pelo El Niño, com recorde de temperatura no Brasil, chuvas irregulares no Centro-Norte e excesso de chuvas no Centro-Sul, espera-se que o fenômeno perca intensidade e, a partir do segundo semestre, o La Niña volte a atuar.


O ciclo atual do El Niño começou no outono de 2023, teve seu ápice entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024 e passou a perder força em meados de fevereiro deste ano.


Em março, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, em inglês) sinalizou que a chance de o fenômeno El Niño ser substituído pelo La Niña a partir do segundo semestre de 2024 é de 75% (figura 2).


Figura 2.
Probabilidades oficiais para o índice de temperatura da superfície do mar, em março/2024.

Fonte: NOAA CPC


Com boa parte da safrinha brasileira 2023/24 semeada dentro da janela ideal e um período de neutralidade esperado durante os meses de desenvolvimento das lavouras, as chances de impactos do clima são menores, podendo, inclusive, ocorrer aumento da produtividade em função das precipitações registradas no Brasil Central entre fevereiro e março.


Produção e estoques menores

Esperava-se menor produção na safra 2023/24 desde as primeiras estimativas, em função da perspectiva de menor área e redução na produtividade, que foi recorde em 2022/23, e impulsionou a produção de 131,9 milhões de toneladas.


Apesar da produção recorde, o consumo também aumentou, com destaque à exportação, que em função do conflito Rússia x Ucrânia e da abertura da China ao milho brasileiro no fim de 2022, aumentou e foi recorde em 2023.


Com isso, a safra brasileira foi praticamente toda consumida e os estoques finais foram reduzidos à entrada da safra 2023/24 (figura 3).


Figura 3.
Demanda total (demanda interna + exportação) e suprimento (produção + estoque do ano anterior), em milhões de toneladas.

*fev/24; **mar/24. Fonte: Conab / Elaboração: Scot Consultoria


Para 2023/24, a safra de milho (1ª, 2ª e 3ª safra) está estimada em 112,8 milhões de toneladas (mar/24), retração frente às expectativas iniciais, que estimava produção de 119,4 milhões (out/23).


As expectativas iniciais para 2023/24 apontam que haverá redução nos estoques finais de milho para no último trimestre.


De olho nos Estados Unidos

A partir de abril o mercado norte-americano inicia a semeadura. A perspectiva é de menor área para o milho, mas aumento da produtividade e recuperação da produção.

Se o clima pesar na condição das lavouras locais, há a possibilidade de aumento nos preços no mercado internacional – refletindo nas cotações no mercado brasileiro.


Expectativa para os preços

Com aumento na demanda e uma produção menor, os preços no mercado futuro indicam estabilidade às cotações do cereal, mesmo com o avanço da colheita da segunda safra – as referências atuais já foram maiores, em função dos fatores comentados no começo deste artigo.


Figura 4.
Preço do milho, em R$/saca, no mercado físico, em Campinas-SP, e no mercado futuro (B3).

Referência em: 22/3/2024. Fonte: Scot Consultoria / B3 


Se o clima colaborar, a produtividade e produção poderão ser maiores que as estimativas vigentes, cenário que pode tirar a sustentação atual dentro dos próximos meses. 


Mas, se o clima impactar o desenvolvimento da safra norte-americana e das lavouras de segunda safra no Brasil, com o atual recorte de menor produção, estoques menores e demanda firme, há a possibilidade de alta às cotações durante a colheita da segunda safra. 


Com a entrada do La Niña no segundo semestre, para a safra 2024/25 no Brasil, crescem as chances de estiagem e redução na produtividade no Sul do Brasil, região de maior concentração de produção na primeira safra, elevando o risco de menor oferta durante o primeiro trimestre de 2025, aonde os estoques finais e a primeira safra têm peso maior à precificação do grão. 


Além disso, as chances de atrasos na semeadura/colheita da safra brasileira de verão, aumenta o risco de que o milho segunda safra seja semeado tardiamente, representando um risco à produção da safrinha do cereal em 2025, já que a chuva pode cessar antes e impactar no desenvolvimento e enchimento de grãos. 


Para o último trimestre de 2024, a perspectiva atual é de alta nos preços, com a entressafra e a expectativa de estoques menores pesando à oferta e dando sustentação às cotações, e os riscos climáticos podendo pesar na precificação no mercado interno.



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