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Scot Consultoria

Carta Leite - A balança comercial de lácteos em 2021 foi a melhor dos últimos seis anos


Quarta-feira, 19 de janeiro de 2022 - 08h30

 


A balança comercial brasileira de lácteos registrou déficit de US$378,84 milhões em 2021 (Secex). Apesar do saldo negativo, foi o melhor resultado registrado desde 2015.


Esse número está 22,9% melhor que em 2020 e 8,9% melhor frente a 2019 (figura 1). A melhoria se deu em decorrência da diminuição da importação e do aumento da exportação.


Figura 1. Saldo da balança comercial brasileira de lácteos desde 2000, em milhões de dólares.



Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br


Importação de lácteos

No acumulado do ano, a importação caiu 21,7% em volume e 16% em gastos em relação a 2020. Foi o menor volume registrado nos últimos sete anos (137,7 mil toneladas).


No primeiro semestre, o volume importado aumentou 36,4% comparado ao mesmo período do ano anterior. Já no segundo semestre o volume foi 48,6% menor.


Cabe ressaltar que a captação brasileira de leite no acumulado do ano, de acordo com o Índice de Captação da Scot Consultoria, foi 1,1% menor que a registrada em 2020.


A título de comparação, de acordo com a Pesquisa Trimestral do Leite (IBGE), o volume adquirido de leite cru de janeiro a setembro (últimos dados disponíveis) diminuiu 1,4% na comparação com 2020.


Tal fator indica que houve menor disponibilidade de matéria-prima no mercado, no entanto, a economia brasileira fragilizada e a consequente demanda fraca, somadas ao dólar em altos patamares, impediram que as importações aumentassem.


Os maiores fornecedores em volume foram a Argentina e o Uruguai, respondendo por 55,4% e 33,9% do volume importado. Ou seja, 89,3% do total veio dos nossos vizinhos.


O principal produto importado foi o leite em pó (75,7 mil toneladas), seguido dos queijos (31,9 mil toneladas) e do soro de leite (20,2 mil toneladas).


Considerando o leite em pó, o preço médio do produto importado em 2021 foi de US$3.252,00 por tonelada, alta de 9,7% na comparação com a média de 2020, cuja cotação fora de US$2.963,00/tonelada.


Para uma comparação, o quilo no mercado doméstico em 2021 ficou cotado, em média, em R$23,57, ou US$4.372,69 por tonelada, considerando o câmbio médio no ano passado em R$5,39 por dólar.


O produto importado custou 25,6% menos que o nacional.


Exportação

A exportação de produtos lácteos em 2021 subiu em volume e faturamento, 18,5% e 1,3%, respectivamente, na comparação com 2020.


O país embarcou 38,8 mil toneladas, o melhor volume embarcado desde 2016, em grande parte devido à demanda interna frouxa e ao câmbio elevado.


O principal produto exportado foi o leite em pó, perfazendo 40,5% do total de lácteos embarcados.


Em 2021, a Venezuela foi a principal compradora dos produtos lácteos brasileiros.


Expectativas para 2022

Para o primeiro semestre, os preços futuros do leite em pó no mercado internacional estão entre US$3.846,00 e US$3.941,00/tonelada, segundo a plataforma Global Dairy Trade.


Tabela 1. Preços futuros do leite em pó integral nos leilões da Global Dairy Trade.



*cotações de 4/1/22.  
Fonte: Global Dairy Trade / Compilado pela Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br    


Se os preços futuros se consolidarem, estes ficarão, em média, 0,4% menores que em igual período de 2021. Veja a figura 2.


Figura 2. Preços médios do leite em pó integral, em US$ por tonelada.



*projeção
Fonte: Global Dairy Trade / Elaborado por Scot Consultoria


Com relação ao câmbio, o dólar é um fator de desincentivo às importações. No último Boletim Focus do Banco Central, de 7 de janeiro, a estimativa é de que a cotação média do dólar seja de R$5,60 para 2022.


A produção nacional deverá crescer moderadamente em 2022. As expectativas de custos menores com a alimentação concentrada podem dar fôlego ao mercado, mas as expectativas com relação ao escoamento dos lácteos não são positivas, já que a economia brasileira ainda deve sofrer com os impactos da pandemia de covid-19 e inflação ao longo do ano.


Com isso, a projeção é de que a balança comercial de lácteos brasileira seja negativa em 2022.



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