A exportação de carne bovina para a China cresceu e aparentemente não atingiu o ponto de saturação.
Temos a possibilidade de que mais frigoríficos sejam habilitados para exportar carne bovina para a China. A procura por boiadas jovens e novilhas tende a aumentar, pois a China compra somente bovinos com até trinta meses de idade.
Para ilustrar o impacto da importação no mercado chinês, veja o exemplo recente:
Nas figuras 1 e 2, apresentamos as evoluções dos preços dos bovinos terminados em dois momentos. O primeiro entre a divulgação do caso atípico de vaca louca, entre o final de maio e junho e a suspensão da exportação para a China e do dia 13 até o final de junho, quando a exportação foi retomada.
Figura 1.
Variações dos preços por categoria animal, entre 31/5 e 13/6.
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Naturalmente não se pode atribuir toda a variação de preços do período à exportação para a China, mas a variação abrupta foi decorrente das incertezas relacionadas ao caso.
Embora as cotações de todas as categorias animais tenham sentido a suspensão e depois se recuperado, a novilha gorda, particularmente, teve movimentos expressivos. A relevância da novilha nos embarques para a China explica o observado.
Figura 2.
Variações dos preços das categorias animais, entre 13/6 e 28/6.
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
As novilhas, é claro, atendem a diversos outros destinos, além do gigante asiático. Tanto é, que nos últimos anos aumentou o abate da categoria. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, as novilhas compuseram 11% dos abates no primeiro semestre e 9,3% dos abates na segunda metade do ano.
Em 2008, elas participaram com 6,3% no primeiro semestre e 5,2% no segundo.
Além do aumento na participação no abate de bovinos, perceba a diferença entre os semestres. Normalmente as fêmeas vão para o gancho em maior volume na primeira metade do ano. A figura 3 mostra a variação do abate de novilhas no segundo semestre, frente ao observado no primeiro.
Figura 3.
Variação do abate de novilhas no segundo semestre, frente ao observado no primeiro.
Fonte: IBGE / Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Ou seja, além do aumento da demanda pela categoria, a oferta deverá diminuir. Na média apresentada no gráfico 3 o recuo foi de 11,8% no abates de novilhas no segundo semestre.
Considerações finais
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta aumento de 39,7% para os embarques para a China de carne bovina em 2019, seguido de outro salto de 36,5% em 2020.
Para mensurar o tamanho desta demanda, usando carcaças de 250 quilos, a importação chinesa em 2018 foi equivalente a 5,9 milhões de bovinos e a projetada para 2020 é de 11,2 milhões, ou seja, um aumento de 5,3 milhões de cabeças em carne importada, por ano.
Com a confirmação da habilitação de mais plantas para a China e uma menor oferta da categoria, a cotação da novilha deverá ganhar um fôlego maior que o mercado em geral.
Aqui vale a ressalva de uma oferta crescente de gado de confinamento, cenário normal do segundo semestre. Boa parte do gado confinado atende à exigência de idade da China, mas em estados com menor relevância deste tipo de engorda, a tendência é que as novilhas ganhem importância.
Se o custo de manutenção e/ou engorda da categoria permitir, pode ser interessante manter esta categoria um pouco mais na fazenda, para uma possível demanda adicional pela categoria.
Mercado sem Rodeios - Episódio 476 - Boi gordo deixa de cair e ensaia retomada
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