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Scot Consultoria

Carta Boi - O emprego, a confiança do consumidor e o churrasco de final de ano


Quarta-feira, 9 de novembro de 2016 - 14h30


As últimas semanas do ano são marcadas pela melhoria do consumo de carnes, incluindo a bovina, em função do volume maior de dinheiro com a população.


Parcela desse dinheiro vai para churrascos e advém das contratações temporárias e pagamentos de décimos terceiros salários, principalmente.


Na média dos últimos anos os picos de preços do boi gordo ocorreram em novembro. Neste período a oferta de boiadas de pasto ainda não se recuperou e a demanda aumenta, por causa do giro de dinheiro com o consumidor.


Analisando uma variação média de preços do boi gordo em São Paulo, nos últimos anos, temos os resultados apresentados na figura 1.



Considerando as barras (variações nos últimos cinco anos) tivemos em novembro uma cotação média 8,7% maior que em janeiro. A linha representa um período maior, com dez anos.


Observe que as valorizações têm sido menores, quando consideramos a média recente (cinco anos).


Embora haja a questão do número de anos de baixa e alta do ciclo pecuário considerados em cada média, o aumento do confinamento de bovinos e estratégias de suplementação na seca elevaram o nível de oferta de boiadas na entressafra.


Não podemos ignorar também o aumento do uso de estratégias de garantia de matéria-prima pelos grandes frigoríficos. Estes, ao garantirem uma parcela da oferta, com boiadas compradas a termo, de confinamentos próprios ou de parcerias, reduziram a demanda no mercado à vista.


Mas apesar disso, temos historicamente um mercado em alta no final do ano para o boi gordo.


Variações entre outubro e novembro/dezembro


Nos últimos cinco anos tivemos variação média positiva de 3,1% entre outubro e novembro. Houve queda em apenas uma ocasião (0,6% em 2013).


Quando comparamos os preços de outubro com dezembro, na média houve alta de 2,5%. Ou seja, as cotações subiram entre outubro e novembro e devolveram parte da alta em dezembro, com boa parcela dos estoques já feitos para o final de ano e uma redução no apetite dos frigoríficos.


Estes dados representam as variações históricas, mas não são garantia de oscilações futuras. E, o que esperar especificamente para este ano.


Curto prazo


Segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), o terceiro trimestre de 2016 terminou com 12 milhões de desempregados, o maior valor da série, iniciada em 2012.


Ainda segundo pesquisa, a massa de rendimento em agosto (último dado disponível, coletado em setembro) teve queda real de 2,2%, na comparação com o mesmo intervalo de 2015. São R$177,83 bilhões de reais a menos.


Estes são os números observados. Quando avaliamos a confiança do consumidor e do empresário do comércio, por exemplo, a situação está “menos ruim”.


Segundo pesquisa feita pela CNC (Confederação Nacional do Comércio), o Índice de Confiança do Empresário do Comércio subiu1,0% em outubro, a sexta alta consecutiva. Na comparação anual a melhoria foi de 18,7%. Historicamente o patamar ainda não está bom, mas a recuperação traz a possibilidade de, em um momento adiante, observarmos melhoria para o emprego.


Também da CNC, a Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias segue a mesma linha, com aumento de 2,4% na comparação mensal, embora este patamar seja historicamente baixo. Este indicador está abaixo do observado em 2015 e vai ao encontro do desemprego crescente observado nos últimos meses. Não está bom, mas está melhorando.


Expectativas


Temos expectativas positivas no cenário econômico de médio prazo, mas ainda com números consolidados ruins e uma grande massa de desempregados.


A chegada da primeira parcela dos décimos terceiros em novembro, com um nível maior de otimismo, deve ter efeito positivo sobre o consumo.


A magnitude deste incremento, no entanto, deve ser limitada frente à observada nos últimos anos, pela quantidade de desempregados e contratações temporárias modestas. 


O mercado do boi gordo deverá ganhar fôlego nas próximas semanas, mas valorizações expressivas não são esperadas.



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