Carta Conjuntura - Queda na produção e alta de preços da pluma de algodão

Artigo originalmente publicado na Revista Agroanalysis

O plantio do algodão (2014/2015) foi concluído em março em Mato Grosso, maior produtor nacional.

A área plantada diminuiu.

Além dos preços baixos na safra passada, houve atraso na colheita da soja este ano, fato que prejudicou o plantio do algodão de segunda safra.

Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), foram semeados 552,78 mil hectares no estado em 2014/2015.

Destes, 425,59 mil hectares ou 77,0% da área foram semeados agora (segunda safra), com colheita prevista a partir de junho/julho.

Em relação à safra passada, a área plantada no estado diminuiu 28,7% na safra de verão e 9,0% na segunda safra.

A produção total de pluma está estimada em 856,2 mil toneladas, 13,9% menor que o colhido anteriormente em Mato Grosso.

Na Bahia, segundo maior produtor nacional, a área plantada diminuiu 12,0% na safra atual, em relação à 2013/2014. A produção de pluma deverá ser 10,2% menor este ano, num total de 434,1 mil toneladas.

Preços e comercialização

A expectativa de menor produção fez os preços da pluma de algodão subirem 32,3% de janeiro a maio em Mato Grosso.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (ESALQ/USP), o preço médio no estado este ano está em R$62,08 por arroba (média de janeiro a maio), com negócios acima de R$69,00 por arroba em maio.

O preço médio em maio do ano passado foi de R$63,93 por arroba no estado. Veja a figura 1.

A alta de preços aumentou a movimentação e a comercialização da produção 2014/2015. Até meados de maio, 53,0% do volume previsto de pluma foi comercializado para entrega futura.

Neste mesmo período da safra passada (2013/2014), 38,0% da produção havia sido vendida antecipadamente.

A expectativa em curto prazo é de preços firmes, considerando o período de entressafra.

Em médio e longo prazos, a colheita, que começa no final de junho, pode tirar a sustentação dos preços. Mesmo assim, não são esperadas quedas expressivas, em função do quadro de retração da oferta e demanda firme no mercado internacional.

Resultados econômicos e expectativas para 2015/2016

Para determinar o resultado econômico, fizemos uma simulação da rentabilidade média da produção de algodão em Rondonópolis-MT na safra 2014/2015.

Foram considerados, dois cenários: o primeiro sendo o preço médio de venda a própria média de 2015 e o segundo cenário levando em conta o preço médio de maio de 2015.

O custo de produção (custo operacional) foi de R$6.745,86 por hectare e a produtividade média está estimada em 103,26 arrobas por hectare em 2014/2015, segundo o IMEA.

Para o cálculo da rentabilidade, foi utilizado o preço médio da terra na região em questão, segundo o Relatório de Terras da Scot Consultoria.

Veja a tabela 1. No primeiro cenário, o resultado é negativo, com prejuízo de R$335,48 por hectare. A rentabilidade média foi de -2,5%.

No segundo cenário, onde o preço de venda é o preço médio de maio deste ano, o produtor tem lucro de R$524,68 por hectare. A rentabilidade média é de 3,9%.

Para 2015/2016, os custos de produção de algodão devem aumentar.

O IMEA estima um custo operacional médio de R$7.898,10 por hectare, aumento de 17,1% em relação à safra atual.

O dólar valorizado em relação ao real tem impactado diretamente nos preços dos insumos agrícolas como defensivos e fertilizantes. No mais, os custos com energia, combustíveis e mão de obra subiram.

Se considerarmos a produtividade média da temporada atual e preços de venda próximos dos R$70,00 por arroba, verificados em maio deste ano, o produtor terá, na próxima safra, um prejuízo de R$627,56 por hectare ou uma rentabilidade negativa de 4,6%.

Para manter o resultado econômico da safra atual (cenário 2) o preço médio de venda deve estar próximo de R$81,50 por arroba de pluma. Ou seja, 15,7% maior na comparação com o preço médio de maio de 2015.