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Scot Consultoria

Carta Gestor - Rentabilidade: como calcular e analisar?


Quinta-feira, 30 de abril de 2015 - 17h50

Muitas dúvidas ainda pairam sobre a forma de se calcular a rentabilidade. Nesta edição, trazemos informações objetivas e conceitos que ajudarão a esclarecer este indicador.

Tudo começa pelo lucro

O ponto de partida é o cálculo do lucro. Recomendamos que seja considerado o que chamamos, na Scot Consultoria, de lucro operacional.

O lucro operacional é obtido através da seguinte fórmula: 

Aqui, temos duas considerações.

A primeira diz respeito à receita operacional. Recomendamos que seja realmente considerada a receita que é oriunda da operação, do sistema produtivo.

Isto, pois sabemos que em alguns casos pode haver uma liquidação forçada do patrimônio, por diversas razões, como, por exemplo, a venda do parque de máquinas ou o descarte de fêmeas em taxas muito mais altas do que o "normal".

Na prática, estas receitas também comporão o faturamento e o fluxo de caixa no ano em que forem realizadas, mas faz-se a ressalva de que não se pode enganar em função delas.

Pensando que elas não acontecerão todo ano, é muito mais cauteloso realizar uma análise sem as mesmas, até para que a eficiência do negócio em uma condição "estabilizada" seja avaliada corretamente.

Sobre o custo operacional, ele é composto, basicamente, pela soma dos custos variáveis e do custo fixo.

Os custos variáveis são aqueles em que há um desembolso efetivo e são bem mais fáceis de serem identificados. Já os custos fixos são as depreciações.

Para a depreciação, o método mais prático é o linear. Considera-se o valor inicial (valor de mercado) e o valor final (revenda ou sucata) de todos os ativos (bens que duram mais de um ciclo produtivo na fazenda). Dividindo a diferença entre eles pela vida útil média de cada grupo de ativos, tem-se a depreciação anual. Quando se adquire reprodutores (vacas e touros) no mercado, normalmente também procedemos a depreciação.

A fórmula da depreciação é a seguinte: 

Para facilitar, indicamos que se proceda o cálculo da depreciação por grupo de ativos separadamente (infraestrutura, maquinários, veículos, equipamentos, etc.), pois os grupos têm vida útil semelhante, o que facilita a conta.

A rentabilidade

Depois de calculado o lucro, a rentabilidade pode ser obtida dividindo-se o mesmo pelo capital investido na atividade.

Mas o que seria o capital investido? Bem, aqui temos duas opções: considerar o capital utilizado especificamente em cada ciclo produtivo (capital de giro) ou computar o valor total da empresa (o que inclui a terra).

Temos a percepção de que a primeira forma é a mais comum dentre os produtores rurais. Mas qual seria a melhor opção? Recomendamos que se proceda as duas.

Em tempos em que expectativa de retorno das operações é crescente, rentabilidades de 20% a 30% em um ano podem ser consideradas o ponto de partida.

A boa notícia é que este patamar é compatível com os resultados de uma pecuária de média produtividade, quando se procede a rentabilidade sobre o capital de giro.

Porém, a outra análise, mais estratégica, envolvendo o valor total da empresa, também é muito importante. Recomendamos que se faça a divisão do lucro no ano pelo que chamamos de capital médio, que pode ser calculado de acordo com a fórmula a seguir:

O principal ativo de uma empresa agropecuária é a terra. Para este item, consideramos o valor inicial e o final como o mesmo, mesmo sabendo que a terra ganha valor ao longo do tempo, na prática.

Quando calculamos a rentabilidade desta forma, retornos de até 5,0% ao ano são bastante comuns, em função do alto valor da terra. Também em função disso, dificilmente consegue-se alterar muito este patamar de rentabilidade.

Considerações finais

Ao se proceder a análise da rentabilidade, segundo as duas óticas apresentadas procura-se responder duas perguntas:

1. Qual o resultado da aplicação do capital circulante (capital de giro)? Devemos continuar a aportar capital neste sistema?

2. Qual o resultado em comparação com o valor total da empresa? O mesmo é compatível com o capital investido em terra e ativos imobilizados/intermediários?

Com as respostas a essas duas perguntas, pode-se tomar uma série de decisões sobre como melhorar o sistema produtivo e mesmo decidir se vale a pena continuar na atual atividade.


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