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Scot Consultoria

Carta Gestor- O pecuarista, o boi gordo e a inflação


Quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012 - 11h08

Inflação, por definição, é a desvalorização de uma moeda. É caracterizada pelo aumento generalizado de preços.

Existem diversos índices que medem estes aumentos de preços e, consequentemente, a inflação.

Entre os mais usados está o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

É composto pelo Índice de Preços no Atacado (IPA), Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e Índice Nacional do Custo da Construção (INCC), que representam 60%, 30% e 10%, respectivamente, do indicador.

Outro índice importante é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o índice oficial de inflação do Brasil.

O IPCA é composto pelos seguintes grupos de produtos: alimentação e bebidas, habitação, artigos de residência, vestuário, transporte, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação e comunicação.

Estes e os demais índices de inflação são importantes para estratégias econômicas de empresas e dos governos, mas justamente por este propósito amplo, não retratam exatamente o que ocorre com os produtos comprados pelo pecuarista.

Em outras palavras, a inflação que o pecuarista sente é a gerada pelo aumento dos custos de produção, pelo aumento dos preços do que adquire regularmente para produzir.

O pecuarista também incorpora os custos relacionados ao consumidor final, foco do IPCA, pois também tem seus gastos pessoais e com a família.

Sem dúvida, mas comparando os gastos com o sustento da família aos do desmame de mil bezerros, manutenção de matrizes e reprodutores, por exemplo, pode-se perceber que o que mais pesa são os custos da propriedade.

A inflação medida pelo IPCA, na prática, serve para deflacionar o pró-labore do produtor.

Para os custos da propriedade, o IGP-DI é um bom indicador, pois contempla custos no atacado, incluindo fertilizantes, farelo de soja, dentre outros, que serviriam ao propósito atual.

Ainda assim, por ser de uso genérico, o indicador contempla muitos itens que não são usados pela produção pecuária.

A diminuição do poder de compra do pecuarista, em relação aos insumos que usa, pode ser considerada a inflação da pecuária.  

Desde 1994 a Scot Consultoria acompanha a evolução dos itens de custo da pecuária de corte.

São os Índice Scot de Custo da Pecuária de Corte de Alta Tecnologia (ICPAT-Scot) e o Índice Scot de Custo da Pecuária de Corte de Baixa Tecnologia (ICPBT-Scot).

Esses índices podem ser medidores da inflação, que diminui o poder de compra do pecuarista.

Deflacionando os preços do boi gordo em São Paulo pelo IGP-DI e pelos Índices Scot, temos a figura 1.



Segundo o IGP-DI, do início da série, em agosto de 1994, até dezembro de 2011, o boi gordo sofreu uma desvalorização real de 7,7%.

Considerando os índices de inflação compostos pelos insumos pecuários, temos recuos de 39,7% para o ICPAT-Scot e de 41,8% para o ICPBT-Scot. A tabela 1 mostra os valores do boi gordo deflacionados por esses índices.



Quando a carne na prateleira do supermercado alimenta a inflação, que é combatida paliativamente com aumento de juros, é porque o pecuarista já sentiu os efeitos dos aumentos de custos e houve redução na produção, anos antes.

Isto ocorre devido ao desinvestimento e à própria saída de pecuaristas da atividade.

Há diversas causas de inflação, em diversos setores, mas todas indicam desajuste de algum ponto na relação oferta e procura.

Inflação não é a doença, é o sintoma.



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