Comparativo entre adubos simples e formulados NPKS: vantagens, custos e estratégias para alcançar metas de produtividade.
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No artigo de outubro de 2025 eu citei, descrevi e expliquei sobre as fontes de informações para a interpretação de análises de solos e para fazer as recomendações de correção e adubação para solos de pastagens.
Enquanto no artigo de novembro de 2025 apresentei estratégias para tomadas de decisões sobre compras de corretivos e adubos químicos simples: fosfatados (MAP, superfosfatos simples e triplo), potássicos (KCL e nitrato de potássio), sulfatados (gesso agrícola, sulfato de amônio e superfosfato simples) e nitrogenados (ureia convencional, ureia com inibidor de urease, nitrato de amônio e sulfato de amônio).
Na parte 8 desta sequência de textos vou demonstrar avaliações comparativas entre fontes de adubos químicos simples com formulados NPKS.
Na legislação sobre fertilizantes um adubo simples é aquele formado de um composto químico (fosfatado, nitrogenado, potássico, sulfatado etc.), contendo um ou mais nutrientes das plantas (fosfatado contendo cálcio e enxofre; sulfatado contendo enxofre e cálcio, nitrogenado contendo nitrogênio e enxofre), enquanto um adubo misto é aquele resultante da mistura de dois ou mais adubos simples (NPK, misturando ureia, MAP e KCl; PK, NP, NK...).
Os adubos formulados NPK podem ser classificados como granulado ou mistura granulada que é um produto constituído de grânulos, em que cada grânulo contenha os elementos garantidos no produto, ou classificados como mistura de grânulos que é um produto granulado misto, em que os grânulos contenham, separadamente, os elementos garantidos, e as mesmas dimensões especificadas para os granulados e as misturas granuladas.
Os adubos simples têm como vantagens maior concentração de nitrogênio (N) ou pentóxido de fósforo (P2O5) ou óxido de potássio (K2O) ou enxofre (S) e por isso chegam na propriedade com menor custo por % de nutrientes. Entretanto, para uma dada adubação para alcançar uma meta específica (kg de matéria seca/ha, ou UA/ha ou @/ha ou litros de leite/ha), em um solo de baixa fertilidade natural, haverá necessidade de aplicar fontes da maioria dos nutrientes essenciais (cálcio e magnésio, são na maioria das situações aplicados por meio de corretivos de solo, principalmente o calcário; P, K, S, N, boro, cobre, ferro, manganês, zinco etc.) e com adubos simples será preciso aplicar várias fontes (fosfatados, potássicos, sulfatados, nitrogenados, e fontes de micronutrientes).
Neste caso, de duas uma: ou se faz a mistura das fontes de adubos simples que deverão ser aplicadas, ou se faz a aplicação das fontes separadamente, em mais operações. No caso da mistura de fontes, a preocupação é com os erros cometidos nas proporções de que cada fonte deve ser incluída e na desuniformidade de aplicação por causa dos diferentes pesos específicos das diferentes fontes de adubos. No caso da aplicação das fontes separadamente em várias operações a preocupação é com o custo de aplicação, mas também com a dificuldade de regulagem das adubadoras para pequenas quantidades de um determinado adubo.
Por isso quando da recomendação de adubação é prudente comparar a alternativa de uso de adubos simples com os formulados NPK.
Em 34 anos que faço orientações para os pecuaristas a alternativa de uso de adubos simples foi, na maioria das avaliações, a mais competitiva, entretanto, em algumas ocasiões o pecuarista decidiu por pagar um pouco mais pelos formulados, mas poder obter as vantagens que estes trazem: as fontes já vem misturadas e se aplica todos os nutrientes demandados juntos. Melhor ainda quando todos os grânulos contêm todos os nutrientes, assim se consegue a máxima uniformidade de aplicação. Além de reduzir o número de parcelas de aplicação.
Para demonstrar o comparativo de fontes de adubos simples com adubos formulados NPK continuarei usando as cotações daquela fazenda no Estado do Goiás, a mesma que usei para escrever a sétima parte dessa sequência de artigos (leia o artigo de novembro de 2025) para trazer uma coerência dessas avaliações.
Lembrando, aquela fazenda encontra-se sob clima tropical, no bioma Cerrado, com temperatura e precipitação médias históricas de 26,9oC e 1.411 mm anuais, respectivamente, em um sistema de pastagem de sequeiro, com metas de capacidade de suporte de 3,2 UA/ha e produtividade de 21,5 @/ha para um período de seis meses de chuvas, (Tabela 1).
Tabela 1.
Doses de nitrogênio (N), P2O5, K2O e enxofre (S) recomendadas para alcançar a meta de capacidade de suporte de 3,2 UA/ha e produtividade de 21,5 @/ha.
| Elemento | Unidade | Dose |
|---|---|---|
| Nitrogênio (N) | kg/ha | 195 |
| P₂O₅ | kg/ha | 26 |
| K₂O | kg/ha | 60 |
| Enxofre (S) | kg/ha | 12 |
Fonte e elaboração: Adilson Aguiar.
Após avaliar comparativamente as fontes de adubos simples, a opção de menor custo por hectare foi R$1.826,00 com as fontes MAP, KCL, sulfato de amônio e ureia convencional a preços cotados em abril de 2025 por R$4.520,00, R$2.650,00, R$1.890,00 e R$3.170,00 por tonelada posta fazenda, respectivamente.
Quando se vai avaliar a substituição de adubos simples por adubos formulados, para um dado programa de adubação, para metas especificas, é preciso calcular a relação entre os nutrientes demandados e procurar no mercado adubos formulados que tenham relações próximas. Neste caso, as relações N:P2O5:K2O:S foram 7,5:1,0:2,3:0,5.
Dos fertilizantes formulados que o pecuarista cotou e me enviou a opção que ficou mais barata foi um formulado 20-00-10-15, contendo 20,0% de N, 0,0% de P2O5, 10,0% de K2O e 15,0% de enxofre. A dose desse formulado ficou em 975,0 kg/ha fornecendo os 195 kg de N/ha, 0,0 de P2O5, 97,5 de K2O e 146,0 kg/ha de S. Nesse caso, o K2O excederia em 37,5 kg (97,5 - 60) e o S em 134,0 kg/ha (146 - 12). Além desses excedentes, o P2O5 seria aplicado com dose de 50,0 kg/ha de MAP. Mesmo sendo o mais em conta, o custo por hectare ficaria em R$2.420,00, portanto, R$594,00 a mais por hectare comparada com a opção de uso de fertilizantes simples.
Mas e aplicando o formulado NPKS não se economizaria com as operações de aplicação? Vamos ver. Admitindo que as fontes de adubos simples seriam aplicadas separadamente então seriam seis a sete aplicações: uma para o MAP, uma para o KCL, uma para o sulfato de amônio e três a quatro para a ureia. O custo com aplicação ficaria entre R$240,00/ha a R$280,00/ha. Por outro lado, com o formulado NPKS seriam entre quatro à cinco aplicações: uma para o MAP, e três a quatro para o NPKS, com custo entre R$160,00/ha a R$200,00/ha.
A tabela 2 traz os custos totais (adubação + aplicação) dessas alternativas.
Tabela 2.
Custos totais de adubação e aplicação, entre adubos simples e formulados NPKS.
| Alternativa de adubação | |||
|---|---|---|---|
| Custo | Unidade | Adubos simples | Formulado NPKS |
| Da adubação | R$/ha | 1.826 | 2.420 |
| Da aplicação | R$/ha | 240 a 280 | 160 a 200 |
| Total | R$/ha | 2.066 a 2.106 | 2.580 a 2.620 |
| Diferença | R$/ha | + R$ 514 | |
Fonte e elaboração: Adilson Aguiar.
A decisão eu sempre deixei para o pecuarista. Nesse caso, o meu cliente não se dispôs a pagar essa diferença a mais de R$ 514,0/ha.
E por que nesse caso o formulado ficou tão mais caro? Para atender a relação 7,5:1,0:2,3:0,5 o formulado deveria ser um 30-04-09-02 e a dose recomendada seria 650 kg/ha para atender os 195 kg/ha de N, os 26 de P2O5, os 60 de K2O e os 12 kg/ha de S. Infelizmente, nenhum dos formulados cotados e a mim enviados tinha essa relação. Os que recebi foram 20-05-20-05; 20-05-15-09; 20-05-10-12; 20-00-20-08; 20-00-15-12; 20-00-10-15.
Para o adubo formulado ser competitivo as relações NPKS demandadas deveriam ser mais estreitas, condição que ocorre mais no início do manejo da fertilidade de solo em fazendas com solo de fertilidades muito baixa a baixa, como eram os dessa fazenda. Entretanto, essa fazenda já vem corrigindo e adubando os solos há nove anos. Os teores de P, K e S vão sendo aumentados ao longo do tempo numa proporção muito maior que a de N, por isso as relações N/P, N/K e N/S vão se alargando o que vai dificultando a substituição de adubos simples por formulados NPKS.
No próximo artigo irei concluir esta série de textos sobre estratégias de correção e adubação trazendo a alternativa dos fertilizantes orgânicos e organominerais, suas vantagens e desvantagens comparativas com fertilizantes químicos, quando e como utilizá-los – aguarde.
Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação nas Faculdades REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; Investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.
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