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  • Quarta-feira, 10 de setembro de 2025
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Scot Consultoria

Mercado do boi gordo

A demanda global por carne aumenta ano a ano e, mesmo com as restrições dos EUA, o Brasil mantém o protagonismo na exportação e é referência de competitividade no mercado mundial.


Foto: Bela Magrela

Foto: Bela Magrela

Com o desencadeamento da “guerra” comercial pelo Estados Unidos, o mundo começou a olhar além das barreiras levantadas. 

E, quando o assunto é carne bovina, todos os olhos, ou melhor, bocas, se voltam para o Brasil. 

Em um primeiro momento, o acordo comercial entre o Mercosul e União Europeia começa a se desenrolar, mas precisa da aprovação de alguns países europeus. Mas, caminha para uma cota de 99 mil toneladas para a carne bovina. 

Essa é uma excelente oportunidade para os países do Mercosul (Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai), que terão menos restrições para a exportação de mel, soja, açúcar e outros produtos do agronegócio. 

Sobre os Estados Unidos, as rotas comerciais de abastecimento de carne bovina foram “desbalanceadas” e alteradas, mesmo assim os norte-americanos continuam comprando a carne bovina brasileira. 

No último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), referente aos dias de 24/8 a 30/8, o Brasil continua vendendo carne aos estadunidenses, representando 11,7% das compras de carne in natura. Quando falamos da carne bovina processada, representamos 62,4% das compras, mas deve-se ressaltar que nesse período, a processada respondeu apenas por 5,9% das compras totais de carne bovina dos EUA. 

De acordo com dados da Secex, em agosto os norte-americanos participaram de 2,4% das compras de carne in natura brasileira, com 6,4 mil toneladas. No mês, foram 268,6 mil toneladas exportadas, um recorde para os meses de agosto. 

Um aspecto importante é que os Estados Unidos já vinham reduzindo as compras de carne brasileira há, pelo menos, dois meses anteriores à medida. Ou seja, a participação norte-americana nas exportações já estava diminuindo, mas, mesmo assim, o Brasil manteve o ritmo dos embarques, e o preço da carne.  

Mesmo com a redução do volume destinado aos EUA, julho foi recorde frente a qualquer outro mês. 

Um dos fatores que explicam a redução das compras norte-americanas nos últimos meses são as cotas de importação concedidas ao Brasil. O Brasil tem direito a cerca de 65 mil toneladas anuais dentro da cota, enquanto a Austrália dispõe de aproximadamente 380 mil toneladas. 

Ou seja, podemos tirar duas conclusões: a primeira é que mesmo com a tarifa de 50%, a carne bovina brasileira continua competitiva por lá, o que é, no mínimo, notável e mostra o quanto somos capazes. 

A segunda é que mesmo com pouca quantidade vendida aos EUA, ainda conseguimos vender muita carne a outros destinos, o que é outra coisa notável – figura 1. 

Figura 1.
Volume de carne bovina in natura exportada pelo Brasil por semana em 2025, em mil toneladas.

Fonte: Secex / Elaboração: Scot Consultoria

Ainda de acordo com os dados do USDA, a Austrália é a maior vendedora de carne bovina aos Estados Unidos, com 33,8% das compras no período de 24/8 a 30/8. Os australianos estão em um ano relativamente bom para a produção de carne bovina e deverá ser o recorde de produção. 

Ainda na Austrália, o abate deverá crescer 8,6% em comparação com o ano passado, totalizando cerca de 9 milhões de cabeças, o que é somente um pouco mais do total de gado confinado pelo Brasil (estimamos em 8,3 milhões de cabeças confinadas no Brasil, em 2025). 

Segundo dados do MLA (Meat & Livestock Australia), a exportação deverá atingir 1,5 milhão de toneladas, cerca de 53,5% da produção anual, um número que só é possível por conta de demanda internacional cada vez maior. 

E não para por aí. O momento é de alta da cotação da arroba australiana, que, após o tarifaço sobre o Brasil, subiu de US$65,00/@, para perto de US$83,00/@, uma alta de US$18,00/@ ou 27,7% em pouco mais de 30 dias. 

A arroba brasileira está sendo comercializada em US$57,50, abaixo do preço da Argentina (US$65,00/@), Paraguai (US$69,00/@) e Uruguai (US$80,00/@), países vizinhos e que concorrem com o Brasil no comércio internacional da carne bovina, mas que com uma oferta que está cada vez mais restrita e com preços da arroba cada vez mais altos, não conseguem ser os únicos fornecedores em uma demanda mundial crescente, e fazem com que o mundo mire o Brasil. 

Lorenzo Cracco

Engenheiro agrônomo, formado pela Esalq/USP, Piracicaba/SP, com período de graduação no programa de intercâmbio na Katholieke Universiteit Leuven (KU Leuven), Bélgica. Atua como analista de mercado, na elaboração de análises setoriais nas áreas de pecuária, grãos, suplementos minerais e fertilizantes.

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