Junho sem Turquia!

Foto: Bela Magrela

Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro.

Nos últimos cinco anos, a Turquia foi um dos principais destinos da exportação brasileira de gado vivo, impulsionada pela competitividade dos preços do Brasil em relação a outros possíveis fornecedores, como a União Europeia (tabela 1).

Tabela 1.
Cinco maiores compradores de gado vivo do Brasil, nos últimos cinco anos, em cabeças.

Fonte: Comex / Elaboração: Scot Consultoria. *Até junho.

No entanto, em junho deste ano, a Turquia nada importou (figura 1).

Das 487,6 mil cabeças embarcadas no semestre, a participação da Turquia foi de 29,2%.

Sua ausência nas compras em junho afetou a participação do Rio Grande do Sul – maior exportador para a Turquia e, até maio, o segundo maior exportador do país - que não figurou entre os estados exportadores no mês.

Figura 1.
Quantidade total de bovinos vivos exportados pelo Brasil e destinados à Turquia.

Fonte: Comex / Elaboração: Scot Consultoria.

Os estados que exportaram em junho foram:

• Pará: 58,3 mil cabeças;

• Não declarado*: 8 mil cabeças;

• São Paulo: 6 mil cabeças;

• Paraná: 3,1 mil cabeças;

• Bahia: 405 cabeças;

• Mato Grosso do Sul: 9 cabeças.

*Não declarado: refere-se a situações em que o local de origem dos embarques não foi oficialmente informado ou registrado

Sem a Turquia, o volume exportado diminuiu frente a maio, derrubando o faturamento (figura 2). O faturamento em junho foi o segundo menor do ano, superando apenas o de abril.

Um ponto de destaque é que, embora os embarques em fevereiro tenham sido menores que os de junho, o faturamento foi maior. Isso se deve a fatores como a cotação do dólar mais baixa em junho, bovinos mais leves embarcados e o menor preço pago por quilo (tabela 2).

Figura 2.
Faturamento com a exportação de bovinos no primeiro semestre de 2025, em milhões de dólares.
Fonte: Comex / Elaboração: Scot Consultoria.

Tabela 2.
Preço por quilo, por cabeça e peso médio dos bovinos exportados, por estado de origem, condição FOB e considerando o câmbio em R$5,7650/USD em fevereiro/25 e de R$5,5465/USD em junho/25.

Fonte: BCB, Comex / Elaboração: Scot Consultoria. *Não declarado.

Apesar da queda nos embarques, o desempenho do primeiro semestre mostra a firmeza da exportação de gado vivo.

Para comparação, na primeira metade de 2024 foram embarcadas 331,4 mil cabeças – volume 47,1% menor que no mesmo período deste ano. O maior comprador foi o Iraque, conforme apresentado na tabela 1, e um dos possíveis motivos é a sua demanda para produção interna de carne e para o repasse para países vizinhos, como a própria Turquia, por exemplo.

Caso o desempenho atual seja mantido, existe possibilidade de alcançar ou mesmo superar o resultado de 2024, que foi de 1 milhão de cabeças embarcadas.

Isabela Stevanatto

Técnica em agropecuária pelo colégio agrícola "José Bonifácio"/Unesp, Jaboticabal/SP. Zootecnista graduada pela FCAV/Unesp, Jaboticabal/SP. Atua na área de ciências agrárias, análise e consultoria de mercados agropecuários. Analista de mercado de carne, leite, grãos, reposição do rebanho, suplementos minerais e fertilizantes.