Todos esperavam uma queda na cotação da arroba do boi gordo, mas não que essa queda fosse tão profunda.
Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado.
Estamos em agosto, quando normalmente a cotação da arroba do boi gordo já deveria ter se aprumado, mas isso não aconteceu. O mercado está fraco e os compradores têm tido sucesso em comprar boiadas por preços cada vez menores.
As ofertas de compra têm sido abertas semana a semana com preços deprimidos. O comprador testa o mercado e, surpreendentemente, consegue adquirir boiadas com a oferta lançada, diante disso, o preço não reage e o sentimento vigente é o de que é melhor vender hoje, pois o preço amanhã estará pior.
Esse comportamento faz com que o volume de gado ofertado seja suficiente para atender o consumo interno e externo de carne bovina com relativa folga.
Diante dessa oferta abundante, a sensação é de que exista espaço para pressionar ainda mais os preços. Ruim para os vendedores e bom para os compradores.
Tendo por referência as praças pecuárias em São Paulo, a cotação da arroba do boi gordo há um ano, em 9 de agosto de 2022, estava apregoada em R$299,50, livre dos impostos, e, em 9 de agosto deste ano, estava em R$221,50, uma queda aproximada de 26%, ou R$78,00/@. Considerando um boi com peso de 19@, a perda por cabeça está em R$1.480,00. Barra pesada.
Neste ano, de 2 de janeiro a 9 de agosto, a perda foi de R$ 54,50/@. Considerando um boi pronto para o abate pesando 19@, a perda está em R$1.035,00/cabeça em 2023. A cotação, em 2 de janeiro, primeiro dia útil do ano, estava em R$276,00/@ e, em 9 de agosto, estava em R$221,50, uma queda de 19,75%.
Vive-se uma safra de boiadas cuja duração já se estende por 8 meses, maior do que o normal. A entressafra, em função disso, será menor e as oportunidades para captar os melhores preços, que deverão acontecer quando esse volume de gado diminuir, também estarão acanhadas.
Esse quadro certamente terá consequências, desestimulando, por exemplo, a atividade, já fortemente pressionada pela produção de grãos, de cana-de-açúcar e de eucalipto, entre outras atividades agrícolas.
Estamos, na fase de baixa do ciclo pecuário de preços e esse quadro deverá continuar pelos próximos meses, com alívio costumeiro na entressafra do capim, que neste ano está demorando para acontecer.
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