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Scot Consultoria

O que nos aguarda no segundo semestre?


Sexta-feira, 30 de junho de 2023 - 06h00

Alcides Torres é engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo, é diretor-fundador da Scot Consultoria. É analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de pecuária de corte, leite, grãos e insumos agropecuários. É palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Membro de Conselho Consultivo de empresas do setor e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.

Jéssica Olivier é engenheira agrônoma, formada pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo. É analista de mercado da Scot Consultoria. Pesquisadora de mercado nas áreas de boi, leite e grãos.



Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado, em 19/6/23.


O preço do boi está em queda. A cotação média, em junho, até o dia 13, estava em R$236,50/@ (referência Barretos-SP). Em um ano, a cotação caiu 21%. Em um mês, a queda foi de 7%. Veja, na figura 1, o comportamento do preço da arroba na praça paulista.


Figura 1.
Comportamento do preço do boi gordo em Barretos-SP, em R$/@, descontados os impostos e a prazo, nos últimos 13 meses.

* até dia 13
Fonte: Scot Consultoria


Esse comportamento dos preços vem confirmando a expectativa do mercado, uma vez que estamos na fase de baixa do ciclo pecuário de preços, cuja característica é o aumento da participação das fêmeas no abate de bovinos.


São vários os fatores que mexem com os preços, enumeramos aqui três deles.


O abate de fêmeas

Normalmente, no primeiro semestre, a participação de fêmeas no abate de bovinos é maior, em função do descarte de final de estação de monta. Em média, nos últimos 14 anos, de 2010 a 2023, no primeiro semestre, a quantidade de fêmeas abatidas foi cerca de 800 mil cabeças maior que no segundo semestre. 


Figura 2.
Média da quantidade de fêmeas (vacas e novilhas) abatidas, em mil cabeças, mês a mês, considerando o período de 2010 a 2023*.

* 2023: até o primeiro trimestre.
Fonte: IBGE / Elaborado por Scot Consultoria


Demanda chinesa

Em média, de 2018 a 2023, de julho a setembro, a China compra um volume maior de carne bovina in natura do Brasil. Comparando os semestres, foram 80 mil toneladas a mais compradas no segundo semestre frente ao primeiro.


Figura 3.
Volume médio das compras de carne bovina in natura pela China, em mil toneladas, mês a mês, considerando o período de 2018 a 2023*.

* 2023: até maio
Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria
 


Consumo no mercado interno

Normalmente, o consumo é maior no segundo semestre, com destaque para dezembro, conforme está na figura 4, em que a variação de consumo/vendas está plotada em relação ao mês anterior.


Os picos de consumo aconteceram em dezembro e os vales de consumo em janeiro, facilmente relacionados às festividades de final de ano e às contrações em função do aumento de contas a pagar em janeiro e das férias escolares.


Figura 4.
Variação mensal do Índice Nacional de Vendas sobre o consumo nos lares brasileiros.

Fonte: ABRAS / Elaborado por Scot Consultoria


O que nos aguarda?

Historicamente, os preços são maiores no último trimestre. Veja o comportamento do preço médio da arroba do boi gordo, em São Paulo, mês a mês, de 2001 a 2023, na figura 5. 


Figura 5.
Comportamento do preço médio da arroba do boi gordo, mês a mês, de 2001 a 2023*, em Barretos-SP. Preços deflacionados pelo IGP-DI.

* até 13/6/23.
Fonte: Scot Consultoria


Considerando esses três fatores, a possibilidade de preços melhores é palpável com a queda sazonal da oferta de bovinos e da expectativa do aumento do consumo interno e para a exportação.


Mas, não se deve esperar preços exuberantemente bons, o mercado não está para isso.



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