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Scot Consultoria

As carnes brasileiras no exterior


Sábado, 1 de abril de 2023 - 06h00

Alcides Torres é engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo, é diretor-fundador da Scot Consultoria. É analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de pecuária de corte, leite, grãos e insumos agropecuários. É palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Membro de Conselho Consultivo de empresas do setor e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.

Jéssica Olivier é engenheira agrônoma, formada pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo. É analista de mercado da Scot Consultoria. Pesquisadora de mercado nas áreas de boi, leite e grãos.

Marina Mioto é zootecnista, formada pela Faculdade de Ciências Agrária e Veterinárias - Unesp, campus de Jaboticabal, mestre em Produção Animal Sustentável pelo Instituto de Zootecnia e analista de mercado da Scot Consultoria.


Foto: Bela Magrela


Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado, em 27/3/23.


A exportação de carne fechou 2022 com bom desempenho. O Brasil foi líder mundial no embarque de carne bovina e de frango e quarto no de carne suína. Em 2021, foi o quarto exportador de carne de tilápia.


Em 2022, frente a 2021, os embarques das carnes bovina, suína, frango e tilápia subiram 26,7% e o faturamento foi de US$45,4 bilhões.


Quadro geral

O volume exportado caiu nos últimos cinco anos, apesar do protagonismo brasileiro, mas assistimos a uma recuperação. A expectativa é que, em 2023, a exportação seja comparativamente maior.


Carne bovina in natura

Ao observar o desempenho dos últimos cinco anos, a exportação da carne bovina caiu apenas em 2021.


Após a confirmação de dois casos atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como doença da “vaca louca”, a exportação para a China foi embargada pelas autoridades brasileiras.  A China é a principal importadora da carne bovina nacional.


Em pouco mais de 100 dias de suspensão, o Brasil deixou de embarcar em torno de 200 mil toneladas de carne, correspondendo a US$1 bilhão (figura 1).


Figura 1.
Exportação de carne bovina in natura.

Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria


Em 2022, a exportação foi recorde em volume e faturamento. Somente em maio, julho e novembro o desempenho caiu em volume – em relação a seus pares em anos anteriores.


Carne suína

De 2018 a 2022, a exportação de carne suína in natura aumentou 84,2% em volume.


Tal crescimento é devido à China, a maior importadora da carne suína brasileira.


Em 2018, o plantel suíno chinês sofreu um surto de peste suína africana (PSA), reduzindo dramaticamente o rebanho. Por ser a principal carne consumida pelos chineses, a importação foi um paliativo.


Assim, até 2020, a importação chinesa aumentou. Com o restabelecimento gradual do plantel suíno, a demanda chinesa pela carne proveniente do Brasil vem diminuindo. Veja na figura 2.


Figura 2.
Exportação de carne suína in natura.

Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria


Carne de frango

A China também é a principal compradora de carne brasileira de frango. Entretanto, o volume importado está diminuindo. Em 2022, compraram 539,7 mil toneladas e, comparando com 2020 (672,7 mil toneladas), a retração foi de 19,8%.


A Arábia Saudita, também uma grande importadora, diminuiu as compras. A queda foi de 27,2% na mesma comparação, totalizando 340,1 mil toneladas em 2022.


Mesmo assim, o volume exportado continuou aumentando ano a ano. A conquista de mercados tem ocorrido, com outros países importando, por exemplo, Emirados Árabes Unidos, Filipinas, Coreia do Sul, Países Baixos, Singapura e México (tabela 1). 


Tabela 1.
Volume exportado, em mil toneladas, para os 10 maiores compradores da carne de frango do Brasil.

Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria


Em 2020, a pandemia de gripe (covid-19), disseminada a partir do primeiro trimestre do ano, afetou o embarque da carne de frango comparada ao ano anterior, cuja redução foi de 50 mil toneladas aproximadamente (1,19%).


Em 2021/22, a influenza aviária estimulou a exportação, visto que países produtores tiveram que abater grande número de frangos. O Brasil não teve ou tem casos da doença registrados.


A guerra entre Rússia e Ucrânia, que integram o grupo dos 10 maiores exportadores de carne de frango, também foi um dos motivos do recorde de exportação, uma vez que outros países recorreram ao Brasil como alternativa.


Assim, a exportação aumentou 4,2% em volume em 2022, frente 2021 (figura 3).


Figura 3.
Exportação de carne de frango, ano a ano.

Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria


Carne de tilápia

A exportação de carne tilápia, que engloba o peixe inteiro ou seu filé, refrigerado ou congelado, faturou US$21,6 milhões referente ao embarque de 6,67 mil toneladas em 2022. Em relação ao ano anterior, faturamento e embarque aumentaram 50,9% e 56,2%, na mesma ordem.


O principal comprador são os Estados Unidos da América, representando 85,4% do volume exportado. As compras norte-americanas aumentaram 335,5% em 2022, frente a 2021, e totalizaram 5,7 mil toneladas (figura 4).


Figura 4.
Exportação de carne de tilápia, ano a ano.

Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria


Expectativa para 2023

A expectativa é de que o Brasil aumente a exportação de carnes.


Para a carne bovina, a projeção é de que um volume de 2,2 milhões de toneladas sejam consumidas pelo mercado externo, para a carne de frango, 4,85 de milhões de toneladas, e tilápia, em 11 mil toneladas.


Já a exportação de carne suína deverá crescer, mas com aumento menor, totalizando cerca de 1,1 milhão de toneladas.


São números exuberantes e que revelam o esforço dessas cadeias de produção em manter e melhorar a produtividade e, desse modo, ter uma produção suficiente para atender o mercado interno e servir o mercado externo, amenizando os déficits de produção de alimento no planeta.


Referências


ASSOCIAÇÃO Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes. 2023. Disponível em: https://www.abiec.com.br/. Acesso em: 24 jan. 2023


ANUÁRIO 2022: Peixe BR da Piscicultura. Peixe BR da Piscicultura. 2022. Disponível em: https://www.peixebr.com.br/anuario2022/. Acesso em: 23 jan. 2023.

COMEXSTAT. 2023. Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral. Acesso em: 24 jan. 2023.


INFORMATIVO Comércio Exterior da Piscicultura. 2023. Disponível em https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1151200/exportacoes-da-piscicultura-brasileira-cresceram-15-em-2022. Acesso em: 23 jan. 2023.


UNITED States Departament of Agriculture. 2023. Disponível em: https://apps.fas.usda.gov/psdonline/app/index.html#/app/advQuery. Acesso em: 23 jan. 2023.

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