Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação nas Faculdades REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; Investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.
Foto: Bela Magrela
Na edição anterior, citei as razões que justificam o estabelecimento de pastagens com plantas forrageiras que só se reproduzem por via vegetativa, ou seja, por meio de mudas, mesmo sendo um método de estabelecimento mais demorado, mais trabalhoso e mais caro.
A sequência de procedimentos que apresentei para o plantio de pastagens por meio de sementes deve ser seguida para o plantio de pastagens por meio de mudas. A saber: escolha da área, medida e mapeamento da área, coleta de solo para análise, interpretação das análises de solos e recomendações de correção e adubação, estudo das condições do ambiente para a escolha das espécies forrageiras, planejamento, execução com a limpeza do terreno, correção e preparo do solo.
As diferenças começam na etapa da compra das sementes, quando então o produtor deverá se preocupar com a aquisição de mudas. Estas podem ser compradas de produtores especializados na produção de mudas, ou são ganhadas de produtores vizinhos e de produtores amigos. Aqui é preciso ter muito cuidado porque existe muita confusão em relação à identificação das espécies e mais ainda de variedades e de cultivares dentro das espécies. Isso porque o produtor não sabe como identificar e diferenciar as plantas por meio de suas características botânicas. Por exemplo, os erros na identificação de espécies e cultivares de forrageiras do gênero Cynodon sp têm sido um problema, existindo muitas misturas em viveiros onde as mudas são colhidas. Este tipo de problema pode ser evitado com a compra de mudas de produtores especializados, ou quando o produtor ganhar as mudas um técnico deverá ir até a área para identificar e diferenciar as forrageiras.
Na área, onde as mudas serão colhidas (canteiro ou viveiro), é fundamental seguir a seguinte sequência de procedimentos: colocar animais para pastejarem na área; após a retirada dos animais da área, roçar o resíduo pós-pastejo; na rebrota, se houver a presença de plantas infestantes e de pragas (insetos), fazer seu controle; adubar de acordo com o resultado de análise de solo para aumentar o volume e a qualidade das mudas que serão colhidas.
As mudas podem ser cortadas com equipamentos manuais (enxada, enxadão, segadora), roçadora costal ou segadora mecanizada. A colheita de mudas de amendoim forrageiro deve, preferencialmente, ser com enxada manual para colher mudas de melhor qualidade e com maior viabilidade de brotação.
É preciso planejar a data limite para a execução destes procedimentos para que as mudas tenham uma idade entre três e seis meses de rebrota para estarem maduras e com gemas desenvolvidas. Mudas muito tenras podem morrer por apodrecimento ou por desidratação se logo após o seu plantio os dias forem muito chuvosos e com muita nebulosidade ou muitos dias seguidos de estiagem, respectivamente.
Os métodos de plantio por meio de mudas são variados, como pode ser observado na tabela 1.
Tabela 1.
Métodos de plantio adequados para cada espécie forrageira.
Fonte: Adilson Aguiar
A quantidade de mudas demandada varia de acordo com o método de plantio, como observa-se na tabela 2.
Tabela 2.
Rendimento de trabalho, espaçamento entre mudas e linhas, demanda de mudas e rendimento de viveiros, de acordo com o método de plantio.
Fonte: Adilson Aguiar
No caso da adubação de plantio, o adubo é depositado dentro da cova ou do sulco antes da deposição das mudas e, no plantio a lanço, o adubo de plantio é aplicado a lanço antes de espalhar as mudas sobre o terreno.
Como as sementes, as mudas devem ser cobertas por terra para evitar que fiquem expostas à radiação solar e se desidratem podendo até morrer, se houver estiagem prolongada. Quando o plantio é feito com mudas com reservas e gemas maduras, sendo enterradas, podem tolerar entre duas e três semanas de estiagem sem perder significativamente sua viabilidade. O enterro das mudas e a compactação do solo também possibilitam maior superfície de contato muda:solo acelerando e uniformizando a brotação das mudas.
No caso do plantio de capim-tifton 85, existem vários ingredientes de herbicidas que podem ser aplicados em pré-plantio e em pré-emergência. No caso do plantio de cultivares de capim-elefante, existem alternativas para pré-emergência.
O sucesso do estabelecimento de pastagens por meio de mudas é mais dependente da regularidade das chuvas e da umidade do solo do que o estabelecimento por meio de sementes. Assim, é prudente esperar um acúmulo de pelo menos 100 mm de chuvas e só plantar quando o solo estiver úmido e houver previsão segura de chuvas para os próximos dias.
Em condições de temperatura e umidade adequadas, a brotação das mudas tem início entre sete e dez dias após o plantio. É preciso anotar a data deste evento para, em três a quatro semanas, fazer uma adubação de cobertura, geralmente com nitrogênio e potássio, e, em até seis semanas, controlar plantas infestantes. Anote também a data da adubação de cobertura e, em mais duas a três semanas após esta adubação, recomenda-se um primeiro pastejo ou uma primeira colheita mecânica, seja ensilagem, fenação ou pré-secagem. Mas um parâmetro mais consistente que dias é a altura alvo para cada forrageira, que foi tema do meu artigo na edição anterior. A desfolha neste estádio é fundamental para estimular o perfilhamento e o enraizamento das plantas, aumentar a área foliar e a densidade da massa de forragem e a cobertura rápida do terreno etc.
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