Médica-veterinária pela Universidade de São Paulo - USP, Campus Pirassununga. É analista de mercado da Scot Consultoria. Pesquisadora de mercado nas áreas de boi, leite e grãos.
Foto: Scot Consultoria
Após uma temporada marcada pelo atraso da semeadura da segunda safra e adversidades climáticas em 2020/21, as projeções para o milho na temporada 2021/22 apontavam para recuperação na produção nacional.
As expectativas para a safra de milho do Brasil e dos Estados Unidos eram de expansão da área e aumento de produtividade frente à safra anterior.
Entretanto, após a semeadura da safra de verão (primeira safra) no Brasil, o clima pesou e a produção sofreu revisões para baixo.
A produção de milho, considerando a primeira, segunda e terceira safras em 2021/22, está estimada em 112,3 milhões de toneladas, volume 3,1% menor que a estimativa inicial (Conab).
A região Sul, principal produtora de milho de primeira safra, sofreu com os impactos do fenômeno La Niña, que levou à escassez de chuvas na região e prejudicou o desenvolvimento da cultura de milho e soja.
No Rio Grande do Sul, em decorrência da estiagem, a produção será 55,1% menor em relação à estimativa inicial. A produtividade caiu 53,2% e a área 4% (Emater/RS).
No Paraná, a situação é semelhante. Segundo o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), dos 75% de área colhida, apenas 50% encontram-se em boas condições. A quebra na produção de milho primeira safra no estado está estimada em 11,4%.
Atualmente, a safra de verão do milho está estimada em 24,3 milhões de toneladas, 1,6% menor que a safra 2020/21 e 14,1% menor em relação às expectativas iniciais em outubro (Conab).
Diante do avanço da colheita do milho norte-americano (safra 2021/22) e a consequente pressão de baixa sobre as cotações no mercado internacional, além da expectativa de maior disponibilidade interna e externa de milho, os preços estiveram mais frouxos na reta final de 2021.
Porém, com a quebra na primeira safra de milho no Brasil e as revisões para baixo na produção, os preços retomaram a firmeza no mercado interno.
Com a invasão da Ucrânia pela Rússia, país que responde por parcela significativa da oferta mundial do cereal, o mercado ficou volátil.
Desde o dia da invasão a cotação do milho subiu 6,5%, sendo a saca negociada, na região de Campinas-SP, em R$107,00 por saca de 60 quilos (17/3). Veja na figura 1 a evolução das cotações no mercado físico em Campinas-SP.
Figura 1. Preços do milho em grão no mercado físico na região de Campinas-SP, em R$ por saca de 60 quilos.
Fonte: Scot Consultoria
Outro ponto de atenção para a precificação do milho no mercado nacional fica para a safra norte-americana 2022/23.
A semeadura começará em abril/maio e as primeiras expectativas apontam para uma produção 0,8% maior que na safra passada. Apesar disso, a área deverá ser menor.
Segundo o USDA, no relatório de março, houve queda nas expectativas de estoque final de milho norte-americano devido à maior demanda pelo cereal.
Quanto aos estoques brasileiros, segundo a Conab, é esperado um aumento de 32,1% em relação à temporada anterior (figura 2).
Figura 2. Estoques finais de milho em grão no Brasil, em milhões de toneladas.
*estimativas
Fonte: Conab / Elaboração: Scot Consultoria
Diante das incertezas quanto ao preço do milho no mercado futuro e a disponibilidade de insumos, o maior volume de estoque esperado nesta temporada pode reduzir a pressão sobre os preços no Brasil no restante do ano.
O clima é outro fator que deve ser monitorado.
A semeadura nos EUA está sendo feita sob condições climáticas desfavoráveis.
No Brasil, o andamento da semeadura do milho de segunda safra vai bem, mas irregularidades nas chuvas ainda preocupam os produtores.
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